Despachantes aduaneiros param com queda em sistema da Receita Federal
Sem acesso, movimentação de
importações e exportações fica parada; situação fica ainda mais complicada
diante da greve dos auditores fiscais
Despachantes e empresas de
comércio exterior que usam a conexão VPN, uma rede privada virtual oferecida
pela Receita Federal, estão sem conseguir liberar e registrar mercadorias para
importação e exportação desde o último domingo (22).
Essas empresas precisam fazer o
registro de todos os produtos que entram e saem do país por meio de um sistema
da Receita Federal, o chamado Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex).
Despachantes afirmam que há três dias o VPN, forma mais comum de acessar o
sistema, está fora do ar.
Sem acesso ao Siscomex, a
movimentação destes produtos fica parada. Renê Moraes, da ARM Comércio Exterior,
afirma que está sem acesso ao sistema e que o problema no serviço
disponibilizado pela receita acarreta em prejuízos. “Acabamos gastando mais com
armazenagem das cargas e com eventuais multas em contratos de entrega”,
explica.
A situação fica ainda mais
complicada diante da greve dos auditores fiscais da Receita Federal, que
trabalham em operação padrão, o que torna a liberação das cargas que chegam ao
país mais lenta do que o normal.
Por outro lado, alguns
despachantes afirmam que não perceberam qualquer queda no sistema. Fábio Perine,
da Sanchi Despachante, afirma que o sistema apresenta oscilações eventualmente,
mas que nesta semana ele operou normalmente.
Existem duas formas dos
despachantes se conectarem com a Receita Federal. Uma delas é pelo VPN, uma
conexão compartilhada por várias empresas oferecida pelo Serviço Federal de
Processamento de Dados (Serpro), da Receita. A outra forma se chama link
dedicado, que é uma conexão direta da empresa com o Siscomex. A primeira custa
cerca de R$ 90 anuais aos assinantes e a segunda tem o custo de cerca de R$ 4
mil para sua instalação e mais R$ 1 mil mensais para
manutenção.
Em função da diferença de
preços, estima-se que mais da metade dos despachantes aduaneiros use o sistema
compartilhado. Klaus Harmatiuk, responsável pelo TI da Mundial Comércio
Exterior, explica que a conexão VPN é menos confiável e que, quando o sistema
fica inacessível, as empresas não podem dar seguimento nas importações e
exportações.
“Além dos gastos que o
despachante tem com o atraso, o cliente também fica prejudicado se seu estoque
estiver baixo e precisar da liberação dos produtos importados com agilidade”,
afirma. Para não depender da conexão, Klaus afirma que a Mundial trabalha há
anos com a ligação direta com a Receita Federal, que é mais cara, mas mais
segura.
Algumas empresas que entraram em
contato com a Serpro disseram que o órgão alegou que os problemas seriam
solucionados até as 16 horas desta terça-feira (24). No entanto, mesmo após este
horário o sistema ainda estava fora do ar. A Serpro alegou que não identificou
qualquer problema em seu sistema e que quem poderia se pronunciar sobre as
eventuais oscilações seria a própria Receita Federal, que não respondeu ao
contato da reportagem.
Pedro
Brodbeck - Gazeta do Povo
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