Balança comercial melhora e meta de exportações é revista
SÃO PAULO - A balança comercial brasileira registrou, em maio, o maior superávit desde junho do ano passado, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). De acordo com a divulgação, o quinto mês do ano fechou com um saldo comercial de US$ 3,443 bilhões, resultado das exportações (US$ 17,702 bilhões, com média diária de US$ 843 milhões) deduzido o valor das as importações (US$ 14,259 bilhões, média diária de US$ 679 milhões).
Frente ao resultado de maio e o aumento de preço de alguns itens importantes, como o minério de ferro e a soja, o governo ampliou para US$ 180 bilhões a meta de exportações para 2010, o valor projetado anteriormente era de US$ 168 bilhões.
"A meta poderia ser mais ambiciosa, mas preferimos aguardar os impactos da crise europeia no cenário internacional", disse o secretário do Comércio Exterior do Mdic, Welber Barral.
O resultado favorável do comércio exterior brasileiro no mês passado é visto na diferença entre os resultados no acumulado deste ano, frente ao mesmo período do ano passado que apresentou uma diminuição. Entre janeiro e abril deste ano o superávit era 67,5% menor do que o valor obtido no primeiro quadrimestre de 2009. Já na análise comparativa de janeiro a maio dos dois anos, a queda é de apenas 40,2%.
Esses desempenhos resultaram numa corrente de comércio (soma das exportações com as importações) de US$ 31,961 bilhões, valor que também é o maior do ano.
Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), vários fatores contribuíram positivamente para o resultado de maio. "O saldo médio diário avançou 25% frente ao mesmo mês anterior [após recuos superiores a 60% entre janeiro e abril de 2010] em função da aceleração das exportações (40,7% frente a maio de 2009, contra 23% em abril), simultaneamente à perda das importações (45,1%, frente ao percentual de 60,8% em abril). Na série dessazonalizada pelo Iedi, a divergência de desempenho é ainda mais evidente: as exportações cresceram 9% frente ao mês anterior e as importações recuaram 8,1%, após 10 meses consecutivos de crescimento", aponta o relatório do Iedi.
Em maio, a média diária das exportações cresceu 40,7% em relação ao mesmo mês do ano passado (US$ 599,2 milhões). Já em relação a abril deste ano - quando a média diária das exportações brasileiras foi de US$ 758,1 milhões - o aumento foi de 11,2%. Por sua vez, as importações, também pelo critério da média diária, registraram incremento de 45,1% sobre maio do ano passado (US$ 468,1 milhões). Entretanto, na comparação com abril deste ano - média diária de US$ 693,9 milhões - houve queda de 2,1%. A média diária do superávit no mês foi de US$ 164 milhões, valor 25% maior que a registrado em maio do ano passado (US$ 131,2 milhões) e 155,6% superior ao valor verificado em abril deste ano (US$ 64,2 milhões).
No acumulado de janeiro a maio de 2010, as exportações brasileiras totalizaram US$ 72,093 bilhões, com média diária de US$ 706,8 milhões, cifra 28,7% maior que a verificada no mesmo período de 2009 (US$ 549,3 milhões).
As importações, no mesmo período, chegaram a US$ 66,476 bilhões, com uma média diária de US$ 651,7 milhões, valor 42,5% acima da registrada de janeiro a maio do ano passado (US$ 457,2 milhões).
No período, o saldo comercial chegou a US$ 5,617 bilhões, com média diária de US$ 55,1 milhões. Por esse critério, o desempenho foi 40,2% menor que o observado entre janeiro e maio de 2009 (US$ 92,1 milhões).
Barral, afirmou que apenas três produtos foram responsáveis pela maior parte do aumento das exportações no mês de maio: minério de ferro, petróleo em bruto e soja em grão. Segundo ele, esses três itens responderam por 53,4% do aumento das vendas externas no mês passado em relação a maio de 2009 e por 70,2% do crescimento frente ao mês de abril.
De acordo com Barral, este fato é "perigoso" para o País, já que os produtos são commodities, o que deixa a balança vulnerável à variação dos preços internacionais.
"O problema não é só exportar commodity. O problema é termos uma dependência muito grande dos preços internacionais", disse Barral. Para ele, é preciso aumentar a competitividade dos produtos brasileiros, principalmente dos industrializados, para enfrentar a concorrência internacional. "O Brasil ainda tem custos embutidos nas exportações, como os de logística e tributos, além do câmbio desfavorável. O ministério tem trabalhado para implementar medidas, mas não consegue fazer isso no mesmo ritmo dos desafios que surgem."
DCI - Comércio, Indústria e Serviços
MDIC: três produtos puxaram alta das exportações
Para secretário do MDIC, recuperação das exportações é positiva, mas resultado preocupa porque se sustenta no aumento das vendas de minério de ferro, petróleo bruto e soja em grão
O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MIDC), Welber Barral, afirmou nesta terça-feira (01/06) que apenas três produtos foram responsáveis pela maior parte do aumento das exportações no mês de maio: minério de ferro, petróleo em bruto e soja em grão. Segundo ele, esses três itens responderam por 53,4% do aumento das vendas externas no mês passado em relação a maio de 2009 e por 70,2% do crescimento em maio ante abril de 2010.
Barral afirma que a recuperação das exportações ocorrida em maio é positiva, porque significou o aumento do superávit da balança. No entanto, o resultado preocupa, porque está concentrado em apenas três produtos. De acordo com Barral, este fato é "perigoso" para o País, já que os produtos são commodities (matérias-primas), o que deixa a balança vulnerável à variação dos preços internacionais.
"O problema não é só exportar commodity. Os Estados Unidos são os maiores exportadores de commodities. O problema é termos uma dependência muito grande dos preços internacionais", disse o secretário. Para ele, é preciso aumentar a competitividade dos produtos brasileiros, principalmente dos industrializados, para enfrentar a concorrência internacional. "Para exportar neste mercado (dos industrializados), temos que ter competitividade. Não tem milagre".
Barral lembrou que o Brasil ainda tem custos embutidos nas exportações, como os de logística e tributos, além do câmbio desfavorável. Ele disse que o ministério tem trabalhado para implementar medidas como a certificação de produtos, mas não consegue fazer isso no mesmo ritmo dos desafios que surgem. O secretário citou a restrição de demanda em mercados no exterior, causada pela crise financeira internacional em 2008 e 2009.
Petróleo
A balança comercial do petróleo respondeu por quase a metade do superávit comercial da balança brasileira no acumulado de janeiro a maio. Segundo os dados do ministério, o Brasil exportou US$ 6,778 bilhões e importou US$ 4,263 bilhões, o que resulta em um superávit de US$ 2,515 bilhões. O saldo comercial de toda a balança no período foi de US$ 5,617 bilhões.
O secretário revelou também que as exportações de minério de ferro no período de janeiro a maio somaram US$ 7,186 bilhões, 28,3% a mais que no mesmo período de 2009. As vendas externas de soja em grão somaram US$ 5,363 bilhões, 11,6% a mais que o verificado em janeiro a maio do ano passado.
Barral destacou que, nos três produtos, há um crescimento tanto em quantidade embarcada quanto em preço. No entanto, o aumento do preço foi o que mais contribuiu para o crescimento das exportações em maio. As vendas externas de petróleo em maio cresceram 41,5% em quantidade, ante maio de 2009, e 104,7% em preço. No mesmo período, as exportações de minério de ferro subiram 52,9% em volume e 78,3% em preço.
Agência Estado
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