Importações movimentam US$ 21,8 milhões na Eadi
Quantidade de importações em fevereiro deste ano no Porto Seco de Uberaba caiu em relação à registrada em janeiro, mas o volume financeiro das operações foi superior. Os dados são da Estação Aduaneira do Interior (Eadi). Segundo Márcia Moreno, supervisora da Eadi, foram realizadas 171 transações de importação em fevereiro. Em janeiro foram feitos 188 desembaraços dessa natureza, ou seja, 17 a mais. Portanto, a queda foi de aproximadamente 9%. As 171 importações de fevereiro movimentaram US$ 21,8 milhões, enquanto no primeiro mês do ano foram quase US$ 21,4 milhões, ou seja, diferença de US$ 400 mil. Já o número de exportações verificadas na cidade em fevereiro, promovidas através do Porto Seco, foi bem maior que o de janeiro de 2010, com aumento superior a 100%. Foram nove desembaraços relativos à exportação no segundo mês do ano, enquanto no primeiro foram apenas quatro, de acordo com Márcia Moreno. O montante financeiro envolvido nas transações de fevereiro da Eadi também foi muito superior: foram US$ 651 mil, enquanto em janeiro foram somente US$ 118 mil. O setor responsável pelo maior volume de importações em fevereiro continua sendo o de eletroeletrônicos.
Jornal da Manhã
Brasil importa produtos, mas não tecnologia
Alberto Tamer
A coluna de quinta-feira, sobre a distorção da indústria nacional que está importando mais e exportando menos, deu origem a comentários de leitores ligados ao setor. Eles não só confirmam que esse processo se acentua, mas apontam ainda distorções que se prolongam há 30 anos.
São setores industriais que foram se transformando em apenas montadoras de peças de produtos importados.
Uma das mensagens muito informativas e esclarecedoras é a do engenheiro e advogado, Mario Roberto Branco. Assinalando que falava em seu nome, ele aponta principalmente os erros no setor eletroeletrônico, que se repetem em outros, como o de informática. Em vez de tentar absorver tecnologia externa ou desenvolver a nossa, como os outros países, de criar um parque tecnológico, nos transformamos em simples montadores de componentes importados.
É um pequeno diagnóstico de como não se deve fazer política industrial.
SEMPRE FOI ASSIM
O leitor é economista especializado em economia internacional e vem acompanhando o comércio exterior do setor eletroeletrônico há mais de 15 anos consecutivos. Com base na sua vivência profissional, afirma: “E, nesse setor, sempre foi assim. Altas importações de bens intermediários para montagem”. Só que agora, a coluna constata, que esse leque se amplia.
O fato é que, desde o finalzinho do século 20 e o início do século 21, as empresas brasileiras – em função do custo Brasil – passaram a substituir fornecedores nacionais, cujos produtos estão fortemente carregados de tributos e de ineficiências estruturais do País, por fornecedores estrangeiros.
Antes importávamos apenas componentes eletrônicos (que continuam a representar o grande volume das importações) que deixaram de ser fabricados no Brasil em meados da década de 80 e passaram a ser fabricados no Sudeste Asiático. Empresas multinacionais instaladas no Brasil naquela época transferiram suas fábricas para essa região. Eu mesmo trabalhava numa das grandes fabricantes que mudou a linha de produção para a Coreia do Sul.
A ZONA FRANCA
O governo brasileiro tem sua parcela de culpa nessa transferência, diz o leitor. Não conseguiu entender que precisávamos incentivar o desenvolvimento de tecnologia de criação e de produção de diodos, transistores, circuitos integrados, chips, etc. Continuou a incentivar a produção na Zona Franca de Manaus, que desde sempre, foi uma região montadora de produtos importados, modificou até a Constituição Federal para poder dar sobrevida subsequente para a ZFM.
Enquanto isso, nós fomos perdendo os poucos fabricantes de componentes que poderiam suprir (ainda que em parte) o consumo da Zona Franca.
AGORA JÁ VEM PRONTO
O governo também manteve incentivos à indústria de informática (ou de tecnologia da informação, que é uma expressão mais abrangente), concedendo benefícios fiscais para uma produção que a cada ano foi se transformando mais e mais na montagem de componentes. “A cada modificação pleiteada pelas empresas fabricantes de produtos finais, se reduz o coeficiente de participação de insumos nacionais.
Aliás, ultimamente, tem se reduzido também as etapas de processo produtivo, permitindo que partes antes montadas no País passem a ser importadas, já montadas em subconjuntos ou kits.”
Vem tudo prontinho. É só aparafusar.
UM COMEÇO TARDIO
Nesse quadro sem cor, uma notícia positiva embora atrasada. Recentemente, após muitos anos de esforço, a iniciativa privada conseguiu obter êxito num dos seus pleitos mais antigos: a criação, em Porto Alegre, de um centro de desenvolvimento de circuitos integrados (chips), chamado Ceitec.
É o embrião de um indústria de altíssima tecnologia que deveríamos ter criado logo no início do movimento de transferência de fábricas, na década de 80. Perdemos 30 anos!
Portanto, pelo menos para mim, não há nada de estranho no reino… Há, sim, incentivos concedidos sem obrigatoriedade de compromisso de desenvolvimento da cadeia produtiva, ao contrário do que foi feito nos países asiáticos, que por esse motivo, se transformaram nos grandes fornecedores mundiais de componentes, conclui o leitor.
ENQUANTO ISSO
Na China, como já informou a coluna, as indústrias estrangeiras são atraídas de todas as formas para instalarem suas fábricas desde que tragam e transfiram tecnologia. Até aí, tudo bem. É natural. Mas uma vez conhecedora dela, os chineses abrem as suas próprias fábricas utilizando o mesmo processo e passam a competir com a empresa estrangeira que atraiu.
A Embraer foi uma das vítimas. Agora ou está mudando a linha de produção que levou à China, ou vai competir com os seus aviões. Mas fabricados pelos chineses.
O Estado de São Paulo
Importações mantêm trajetória de alta no início do ano
Sergio Lamucci, de São Paulo
O volume de importações segue em alta forte no começo de 2010, dando continuidade à trajetória de expansão que ganhou fôlego na segunda metade do ano passado. Impulsionado pela recuperação da economia e pelo dólar ainda barato, o crescimento das compras externas é mais expressivo nos setores de bens intermediários (insumos como produtos químicos, aço, borracha e plástico), bens duráveis (como automóveis e eletroeletrônicos) e bens de capital.
Em janeiro, o volume de importações de intermediários cresceu 3,5% em relação a dezembro, enquanto o de duráveis subiu 5,1% e o de bens de capital, 4,6%, na série ajustada pela LCA Consultores, com base em dados da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex). A expectativa de empresários e economistas é que a alta continue nos próximos meses, embora possa haver algum arrefecimento no ritmo de expansão, especialmente se confirmada a moderação na velocidade de crescimento da economia sugerida pelos indicadores dos últimos meses, como aponta o economista Douglas Uemura, da LCA.
Responsável por quase 60% da pauta de importações do país, as compras de bens intermediários começaram a se recuperar no segundo trimestre de 2009, ganhando força a partir de julho. Entre abril de 2009 e janeiro deste ano, o volume importado de insumos cresceu 45,4%, na média móvel de três meses, conceito usado para suavizar oscilações mensais. O indicador até janeiro é a média nos meses de novembro, dezembro e janeiro. Um dos destaques são as importações de produtos químicos, que no período subiram 45%, segundo a média trimestral.
O gerente de comércio exterior da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Renato Endres, diz que a força das importações no começo do ano surpreendeu o setor. Segundo dados da Abiquim, em janeiro, o volume importado subiu 66,4% sobre o mesmo mês de 2009. A base de comparação é fraca, por causa do impacto da crise no início do ano passado, mas ainda assim a alta é significativa. Endres acredita que, neste ano, importações e exportações voltarão ao patamar de 2008, tanto em valor como em volume. No caso do volume importado, isso significa alta de 27,4% em relação a 2009.
O economista-chefe da Funcex, Fernando Ribeiro, diz que as compras externas de bens intermediários respondem principalmente ao aquecimento da atividade na indústria. As importações de insumos costumam crescer em média três vezes mais do que o ritmo de expansão da produção industrial. Se a indústria crescer de 8% a 10% neste ano, as compras de intermediários tendem a aumentar de 24% a 30%. “O câmbio tem algum efeito para elevar as importações de intermediários, mas o que predomina é a atividade.”
As importações de bens de capital, que respondem por algo como 15% da pauta de compras externas do país, demoraram um pouco mais para ganhar força. A reação mais firme se deu apenas no terceiro trimestre do ano passado. Entre agosto de 2009 e janeiro deste ano, o volume importado subiu 16,7%, na média móvel de três meses.
O presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais (Abimei), Thomas Lee, não esconde a satisfação com o desempenho recente do setor. As empresas do segmento, segundo ele, fizeram compras expressivas neste começo do ano, com o objetivo de ter estoque suficiente para atender a forte demanda que se desenha para os próximos meses. Lee diz que as importações em janeiro e fevereiro cresceram de “cinco a seis vezes” em relação ao mesmo período de 2009. “Mas a alta fica distorcida, porque a base de comparação era muito baixa, por causa da crise.” Ele espera expansão de 50% neste ano, depois da queda de 50% registrada em 2009. Ele destaca a demanda expressiva da indústria automobilística e do setor agrícola.
Na Trumpf, que traz para o Brasil máquinas fabricadas pelo grupo na Alemanha, Áustria e EUA, o ano começou de modo promissor. Em janeiro e fevereiro, o volume de vendas foi expressivo, chegando a cerca de dois terços do nível observado nos meses de 2007 e 2008, anos de forte atividade e com alta expressiva do investimento. Em janeiro de 2009, no auge do impacto da crise, a empresa, que tem como um de seus grandes diferenciais máquinas de corte a laser, de alta tecnologia, não vendeu nenhuma máquina. “A máxima de que os negócios no Brasil só começam depois do Carnaval não valeu neste ano”, diz o gerente de vendas e marketing da Trumpf, Walter Mello. Para março, ele acredita em vendas 50% superiores às registradas nos dois primeiros meses do ano, o que significa voltar aos melhores momentos de 2007 e 2008.
A alta mais expressiva de compras externas é a de bens duráveis, que viu a média móvel de três meses subir 77,2% entre abril de 2009 e janeiro deste ano. O peso desses produtos na pauta de importações, porém, é pequeno, de cerca de 5%. Ribeiro diz que, no caso dos duráveis, o câmbio têm influência bem mais significativa do que nos intermediários ou de capital. Na casa de R$ 1,80, o dólar continua favorável às compras externas. Os automóveis são item importante na importação de duráveis. As compras de veículos, reboques e carrocerias cresceram 52,8% entre abril de 2009 e janeiro deste ano, na média móvel trimestral.
Os números recentes não levaram Ribeiro a mudar as projeções para as importações neste ano. Ele estima alta de 25% do valor das compras externas sobre 2009, dos quais 23% devido ao aumento do volume importado. No caso das exportações, a elevação deve ser de 10%, prevê Ribeiro, dos quais algo como 5% explicados pelo volume. Para ele, o saldo comercial deve cair de US$ 25,3 bilhões em 2009 para US$ 8 bilhões neste ano.
Valor Econômico
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