Brasil e Letônia firmam acordo no setor logístico
O Ministro da Secretaria de Portos da Presidência da República, Pedro Brito, assinou acordo de cooperação bilateral entre Brasil e Letônia para desenvolvimento econômico do setor logístico.
Brito foi o chefe da missão oficial brasileira que esteve na Letônia nos últimos dias e assinou o documento junto com o primeiro ministro do país, Valdis Dombrovskis. "O governo brasileiro tem grande interesse na cooperação com os portos da Letônia", afirmou Brito.
O primeiro ministro da Letônia apontou que seu governo buscará desenvolver parcerias com o Brasil nas áreas de logística, tecnologia da informação, engenharia mecânica e até mesmo no setor farmacêutico. Ainda de acordo com Dombrovskis, uma delegação de seu país visitará o Brasil até o final do mês de maio.
O ministro dos Transportes Anrijs Matss ressaltou que a Letônia pode ser um importante centro de distribuição e logística, visto sua localização no corredor comercial euro-asiático.
A Tribuna
Empresas de logística voltam a ter lucro e planejam aportes
Daniel Popov
SÃO PAULO - Empresas de logística começam o ano revertendo prejuízos que haviam registrado no primeiro trimestre de 2009. Assim, estão não apenas mais otimistas, como dispostas a fazer altos investimentos ainda este ano. A empresa América Latina Logística (ALL), que no primeiro trimestre do ano passado obteve um prejuízo de R$ 22,6 milhões em seu resultado líquido, viu nos primeiros três meses deste ano um lucro de R$ 17,5 milhões. Já a empresa LLX, braço de logística do grupo EBX, teve um lucro líquido de R$ 2,294 milhões no primeiro trimestre, revertendo o prejuízo de R$ 11,286 milhões um ano antes.
Diante destes resultados positivos, a LLX, por meio de seu Conselho de Administração, aprovou na última segunda-feira o processo de contratação de financiamento com o Banco Nacional de Desenvolvimento e Social (BNDES) para construção e implantação do Porto Sudeste, conforme ata da reunião.
O financiamento será contratado na modalidade project finance, no valor de R$ 805 milhões. Em março último, a LLX recebeu a autorização da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) para o Porto Sudeste, empreendimento que será construído em Itaguaí, na Baía de Sepetiba, no Rio de Janeiro.
Em contato com a assessoria de imprensa da LLX, a empresa afirma apenas que o financiamento está em fase de contratação junto ao banco. Já no documento de autorização recebido da Antaq, em referência à construção do Porto Sudeste, a agência autorizou a empresa a construir e explorar um terminal portuário privativo de uso misto para a movimentação de 50 milhões de toneladas na sua primeira fase. Com todos esses trâmites, a previsão é de que as obras sejam iniciadas ainda em maio, em três diferentes frentes: on shore (pátios de estocagem), túnel e estrutura offshore.
A empresa LLX, que pertence ao grupo EBX do empresário Eike Batista, e que conseguiu reverter um prejuízo considerável no primeiro trimestre de 2009 para um lucro líquido de R$ 2,3 milhões, atribuiu este resultado positivo principalmente à receita de aluguel no valor de R$ 4,8 milhões, ao resultado financeiro positivo de R$ 9,7 milhões, às receitas operacionais de R$ 3,5 milhões e às despesas administrativas e gerais no valor R$ 15,8 milhões.
A empresa de logística encerrou este mesmo período com R$ 412,8 milhões em caixa. Em ativos permanentes, a empresa fechou o primeiro trimestre com R$ 874,9 milhões, ante os R$ 810,7 milhões registrados no quarto trimestre de 2009.
Esta variação refere-se, principalmente, ao crescimento do ativo imobilizado, que passou de R$ 606,7 milhões no quarto trimestre do último ano, para R$ 671 milhões no primeiro trimestre deste ano, resultado da imobilização de ativo fixo dos projetos de terminais portuários da LLX.
ALL
A operadora logística com base ferroviária ALL anunciou os resultados do primeiro trimestre deste ano com aumento de 6,3% em volume movimentado no Brasil, atingindo 8,3 bilhões de TKU (unidade que representa o volume em toneladas transportado por quilômetro útil). Segundo o relatório da empresa, em janeiro deste ano o mercado ainda refletia o quarto trimestre de 2009 com um baixo nível de exportação agrícola. Entretanto, em fevereiro e março foi notado um forte inicio do período de colheita no Brasil, explicando este aumento. "O cenário é justamente o oposto do cenário do ano passado. Temos uma safra muito forte e uma recuperação no setor industrial também forte", explicou o diretor de Relações com Investidores Rodrigo Campos.
Quanto a lucro consolidado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), a companhia registrou um aumento de 19% ante o de mesmo período de 2009, fechando com R$ 296,5 milhões. "O resultado reflete o bom desempenho operacional que a empresa está tendo no Brasil e a redução de despesas financeiras durante o trimestre", comentou Campos.
A receita líquida consolidada da empresa neste período foi de R$ 626,1 milhões, que representa um aumento de 12,9% em comparação com o primeiro trimestre de 2009, que fechou com R$ 554,4%. E o yield médio (indicador de preço de frete) da operadora logística no Brasil aumentou 8,8%. Segundo Campos, isso se dá principalmente por causa de o mercado spot atingir seu pico no primeiro trimestre, impulsionado pelo forte início do período de colheita de 2010. "O período também foi marcado por recuperação de preço no Brasil depois de um ano com tarifas muito pressionadas, refletindo ganhos em nossos contratos de transporte, bem como no mercado spot, e o maior volume nos serviços de ponta rodoviária. Embora os preços spot devam voltar ao normal ao longo do ano, o frete de nossos contratos já assinados devem dar uma estabilidade positiva nas tarifas", segundo nota da empresa.
Empresas de logística como ALL e LLX começam o ano revertendo prejuízos que haviam registrado no primeiro trimestre de 2009. Por causa disso, já prometem investimentos.
DCI
Integração entre modais deve ser uma prioridade
Entre os problemas físicos e burocráticos que tornam a infraestrutura de transporte do Brasil ineficiente e onerosa, o mais grave é a dispersão na condução de um planejamento estruturado para o setor.
"Já superamos a falta de recursos financeiros e de conhecimento", analisa Rodrigo Vilaça, presidente da seção de transporte ferroviário da Confederação Nacional dos Transportes (CNT). O que falta é encontrar um caminho institucional para a execução coordenada e auditada das obras necessárias. "O maior desafio, agora, é fazer", resume o diretor da CNT.
Há unanimidade entre especialistas de que a multimodalidade deve prevalecer na visão para os investimentos do setor. Sem a integração entre rodovias, ferrovias, acesso aos portos e, ainda, a exploração adequada das hidrovias, não há como superar os obstáculos físicos.
O ministro dos transportes, Paulo Sérgio Passos, admite que a logística ainda não consegue aproveitar toda a potencialidade de cada modo de transporte, apesar dos esforços e das realizações dos últimos anos. No entanto, ressalta que existe uma orientação estratégica. "Todos os investimentos efetuados no setor, e também os previstos, partem do suporte estratégico e das orientações do Plano Nacional de Logística e Transporte (PNLT), de 2007, que serviu de embasamento para as ações do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) 1 e 2, e também para formulação do Plano Plurianual (PPA), de 2008-2011", rebate. Segundo ele, os avanços são, efetivamente, decorrentes disso. "As deficiências devem ser superadas com investimentos crescentes ao longo dos próximos anos", diz.
De acordo com a visão do governo federal, o modal que exige atenção especial nos próximos anos é o hidroviário. "Temos desafios, como eliminação de restrições de calado (profundidade dos rios), deficiências de sinalização e de balizamento, e falta de eclusas (obras de nivelamento dos níveis topográficos)", explica.
Em relação aos portos, o ministro dos Transportes acredita que as principais limitações sejam administrativas e no acesso, tanto marítimo como nos berços de atracação. "O modelo de administração portuária nem sempre é o mais atualizado."
Os dois principais modais de sustentação da matriz brasileira de transporte, a rodovia, com 61% de participação na movimentação de carga, e a ferrovia, atualmente, com 25%, tiveram investimentos significativos e registram pontos positivos. Segundo pesquisa sobre as condições das rodovias da CNT, entre 1997 e 2009, a avaliação de rodovias em estado bom/ótimo passou de 7,9% para 31%. No entanto, o edital da terceira etapa do programa de concessões de rodovias federais, um importante recurso para melhorar e manter as condições das estradas, está parada no Tribunal de Contas da União (TCU) desde 2008.
As ferrovias brasileiras contaram com investimentos privados de R$ 22,1 bilhões entre 1997 e 2009, e com R$ 1,14 bilhão da União no mesmo período. Aumentaram em 56% o volume da carga transportada e registraram redução de 80,1% no índice de acidentes. No entanto, também não conseguem cumprir seu papel na intermodalidade por questões estruturais, o que inclui traçado e perfil inadequado às necessidades da produção.
Além das malhas rodo e ferroviárias, os acessos das cargas aos portos também é ponto de estrangulamento. Segundo a Secretaria Especial dos Portos (SEP), essa é uma das ações urgentes. Pedro Brito, ministro-chefe da SEP, diz que o Programa Nacional de Dragagens (PED) prevê investimentos de R$ 3,6 bilhões em 20 portos.
Portos e Navios
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