Setor plástico usa 80% de sua capacidade
Roberto Hunoff, de Caxias do Sul
A indústria transformadora de plástico da região Nordeste do Rio Grande do Sul, que tem mais de 50% de seus negócios ligados ao setor automotivo, já utiliza 80% de sua capacidade instalada, que é da ordem de 350 mil a 400 mil toneladas anuais de processamento de resinas. Para fazer frente à demanda, as cerca de 450 empresas retomaram os níveis de emprego do período pré-crise, em torno de 8,5 mil trabalhadores, e aumentaram os investimentos na compra de máquinas e equipamentos.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico (Simplás), Orlando Marin, sustenta que os aportes em modernização do parque fabril dobraram em relação ao primeiro trimestre do ano passado. A retomada faz com que a entrega de máquinas por parte dos fabricantes nacionais demore até quatro meses. No caso das importadas é imediata em alguns casos, mas em outros, de equipamentos mais complexos, pode levar até seis meses.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Márcio Ribaldo, que participou de encontro do Simplás em Caxias do Sul, as vendas de máquinas para a indústria de plástico cresceram 99,8% neste trimestre na comparação com igual período de 2009. O índice está bem acima da média do setor de máquinas, que é de 20%, e abaixo apenas do segmento têxtil, que elevou suas compras em 106%.
Em explanação para associados do Simplás, Ribaldo enfatizou projeto em andamento na Abimaq e no Bndes para acelerar o processo de renovação das máquinas do setor plástico, que têm idade média nacional de dezessete anos. Pela proposta em análise, o empresário adquire máquina nova, com prazo de dez anos para pagar e juros de 5,5% anuais. Também se credencia a receber 100% do valor financiado em capital de giro para amortização nos mesmos moldes da compra da máquina. Em contrapartida deverá entregar, sem ônus, a máquina velha, que será sucateada. Na avaliação de Marin, a proposta é interessante porque elimina muitos equipamentos antigos e desatualizados que acabam vendidos para uso na informalidade.
Jornal do Comércio
Fundos de recebíveis passam a atrair as grandes empresas
SÃO PAULO - Com a adesão de grandes empresas, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) devem ganhar força nos próximos anos, e especialistas projetam uma movimentação no mínimo 10 vezes maior que a atual nos próximos anos, podendo chegar a R$ 80 bilhões por ano. A expectativa aumentou mais ainda com a entrada da Petrobras neste mercado. Fontes dizem que empresas como Vale e outras gigantes nacionais também devam recorrer ao instrumento.
O volume de dinheiro em Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC) no Brasil, registrados em 2009 pela CVM, girou na casa de R$ 8, 21 bilhões, em 33 registros. Este ano, já existem 18 registros, cujo volume de captação deve ultrapassar R$ 2, 03 bilhões. FIDC é um fundo composto por recebíveis de uma ou mais empresas e que serve como alternativa de financiamento para as companhias emissoras. Na mira dos fundos de asset management estão empresas com faturamento entre R$ 20 milhões e R$ 200 milhões.
Uma das fontes revelou que o spread do FIDC está caindo em virtude do aumento do volume de operações. "Mas ainda dá para ganhar dinheiro. Na média, o investidor tem um retorno de 15%. Em breve, o volume de FIDCs será grande e haverá equilíbrio entre ganho dos investidores e antecipação de recebíveis."
A mesma fonte contou que operações parecidas com o FIDC, nos Estados Unidos, apresentam volume tão alto quanto o que os bancos tinham a oferecer antes da crise. O FIDC foi criado no final de 2001, e começou a ganhar fôlego no Brasil quase dois anos depois, em um ambiente de limitação do crédito bancário.
Uma emissão de FIDC que deve movimentar o mercado será feita entre a Petrobras e a Silverado Asset Management. A estatal criou o "Programa de Recebíveis da Petrobras" com o objetivo de garantir que micro e pequenas empresas prestadoras de serviços tenham fluxo de caixa e não atrasem o desenvolvimento das obras da camada pré-sal.
"Fornecedores que não tinham crédito agora fazem subscrição de cotas no programa. Temos 5 mil empresas cadastradas com boa classificicação que podem antecipar os recebíveis", afirmou o consultor de negócios da Petrobras Marcílio Ribeiro.
A Silverado Asset Management fechou um contrato de exclusividade para emitir a FIDC. A primeira série será de um montante de R$ 106 milhões, de um total de 10 séries. Uma fonte próxima à operação revelou que até julho o fundo será lançado.
Ela destacou que dentro do fundo existirão créditos ’performados’ (entrega ou prestação de serviços às quais o recebível se refere já estão consumadas) e ’aperformados’ (resultantes de um contrato futuro de entrega ou prestação de serviços). "A princípio o fundo contará com metade de cada tipo e com o passar do tempo a proporção será de dois terço de aperformado."
Outro detalhe da operação é que a cada semestre o fundo ganhará mais aportes. "Começa com R$ 106 milhões e deve dobrar em pouco tempo, o crescimento se dá em uma escala de progressão aritmética."
Pelas regras da CVM, após a emissão do FIDC, a captação tem de ser feita em até 90 dias, prorrogável por mais 90. "Depois disso, investidores podem liquidar o fundo. Para não correr riscos, é preferível começar a um patamar menor e aumentar aos poucos." O executivo da Consenso Investimentos Ronaldo Caselli entende que o FIDC é vantajoso por apresentar menor risco e garantir retorno maior a investidores. "Na nossa carteira das family offices, estrutura de gestão de fundos independentes, 2% dos recursos investidos estão alocados em FIDC. Até o fim do ano devemos chegar a 10%. Nos últimos 30 dias, com a entrada da Petrobras neste nicho, vemos que há mais pedidos dos investidores."
Caselli destaca que quando se comparam debêntures com o FIDC os prazos de vencimento são menores e as estruturas de subordinação são de até 25%. Além disso, FIDCs não podem ser executados antes do prazo. "Por ser um produto novo, garante pagamento de 1% a 1,5% a mais por ano, no longo prazo."
O presidente do Instituto para o Desenvolvimento da Cultura do Crédito (IDCC), Fernando Blanco, afirmou que o empresário brasileiro desconhece as ferramentas de financiamento e, por isso, paga preços "absurdos" pelo crédito. "No Brasil temos uma carteira muito próxima de R$ 500 bilhões para empréstimos, excluindo os FIDCs. Se tivéssemos juros mais baixos cresceríamos ao ritmo de cifras chinesas."
Portos e Navios
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