Adubo preso no porto faz falta no campo |
Com sobrecarga, limitações estruturais e falta de trabalhadores, o porto de Paranaguá terá de acelerar o descarregamento de fertilizantes para não atrasar o plantio de verão. O estado mais prejudicado pela demora na entrega de adubo é Mato Grosso. Faltando menos de um mês para o início do plantio, o maior produtor nacional de soja ainda não recebeu dois terços das mais de 3 milhões de toneladas encomendadas. Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul, mesmo tendo antecipado as compras, também enfrentam o problema.
O porto é a porta de entrada de 40% de todo o fertilizante utilizado no país. De acordo com dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), entre janeiro a julho, apenas 1,2 milhão de toneladas de adubo foi entregue no estado. No mesmo período do ano passado, o montante ultrapassava 2 milhões (t). “Tem muito volume [de fertilizante] retido no Porto. Ano passado foram utilizadas 3 milhões de toneladas na safra. Como a previsão é de aumento da área, vai precisar de mais insumo”, afirma Daniel Latorraca, gestor do Imea. O instituto estima ampliação das lavouras de 7,1 para 7,9 milhões de hectares (11,6%). A dificuldade no desembarque do insumo é reflexo dos problemas de logística do Porto. Desde o primeiro semestre, os navios aguardam semanas para descarregar o produto – a espera pode chegar a 60 dias – no terminal paranaense. De acordo com o site da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), quase metade dos 106 navios que aguardam para atracar em Paranaguá está carregada com fertilizante. Agravante A operação de desembarque também foi atingida pela instalação da trava eletrônica no terminal paranaense, pelo Órgão Gestor de Mão de Obra Portuária (Ogmo), com o propósito de impedir que os trabalhadores portuários avulsos dobrem a jornada de trabalho. Segundo informações do Sindicato dos Operadores Portuários do Paraná (Sindop), a medida resultou na falta de trabalhador e, consequentemente, aumento no tempo para operar os navios. Entre janeiro e julho, cerca de 4,7 milhões de toneladas de fertilizantes desembarcaram em Paranaguá. A quantidade é 11% menor que no mesmo período do ano passado. A estimativa é que a importação de adubo supere 2011, quando 9 milhões de toneladas foram negociadas. Com isso, a descarga necessária até plantio passa de 2 milhões de toneladas por mês. Cerca de 70% do adubo consumido no Brasil são importados. No Paraná, as cooperativas agrícolas – que abrangem perto de dois terços da área de milho e soja – informam que boa parte das encomendas foram entregues e que o início do plantio de verão está garantido. Assim, se o clima seco prevalecer e o descarregamento de adubo for contínuo, não deve haver atraso na semeadura relacionado ao porto, a não ser para quem deixou para comprar adubo na última hora. Fonte: Gazeta do Povo (PR) / Carlos Guimarães Filho
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