LEGISLAÇÃO

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Porto de Santos


Gargalo com grãos em Santos afeta fluxo de contêineres de carnes


SÃO PAULO - O embarque de contêineres refrigerados que transportam carnes no porto de Santos, o maior do país, vem registrando atrasos e custos maiores por conta dos problemas logísticos agravados pelo escoamento de uma safra recorde no Brasil, disseram especialistas.

Esse problema começou a ser sentido especialmente a partir do mês de março, quando as exportações de soja da nova safra deram um salto. Os contêineres de carne chegam em sua maioria em caminhões, assim como a oleaginosa, o que tem gerado enormes engarrafamentos na chegada ao porto.

"Tem caso de associado que nos falou de contêiner que já perdeu quatro navios, porque não conseguiu colocar no navio... Então é um caos para todo mundo", disse o diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Fernando Sampaio.

Estimativa da Abiec indica que 70 por cento da carne bovina exportada pelo Brasil, maior exportador global, sai pelo porto paulista, com o volume remanescente partindo dos portos do Rio Grande (RS), Vila do Conde (PA), por onde é escoada a oferta do Norte do país, e um volume menor pelo Rio de Janeiro.

A indústria de carne bovina movimenta anualmente cerca de 500 mil contêineres refrigerados no país, para exportar aproximadamente 1 milhão de toneladas anualmente.

Tradicionalmente, as vendas externas costumam ganhar mais força a partir do segundo trimestre. Mas neste ano, favorecido pelo câmbio e demanda, houve um salto 25 por cento no volume de carne bovina embarcado no primeiro trimestre, colaborando para agravar os problemas logísticos desde março.

DIFICULDADES

O sindicato das agências marítimas do Porto de Santos ressaltou que os prejuízos e atrasos na movimentação de contêineres ocorrem principalmente pelas dificuldades no acesso rodoviário aos terminais.

"O contêiner é vítima da supersafra. É uma incompetência dos governos... Tanto para granel quanto para contêiner este gargalo está limitado às vias de acesso", disse à Reuters o diretor-executivo do Sindicato das Agências de Navegação Marítima de São Paulo (Sindamar), José Roque.

Ele ressaltou que o problema de filas de navios não atinge a operação de contêineres, mas devido à dificuldade na chegada pelas rodovias houve embarcações nas últimas semanas que partiram sem carga completa.

Com o excesso de caminhões de grãos buscando chegar aos terminais, houve atraso também na chegada dos contêineres transportados por via rodoviária, que são a maioria.

"Os contêineres que estavam para ser entregues ficaram represados. Isso provocou atraso na mercadoria. Houve bastante cancelamento de cargas por decorrência destes congestionamentos, já que os contêineres não foram entregues nos prazos aos armadores", disse Roque, sem detalhar números de cargas prejudicadas.

Segundo ele, após uma ação conjunta de autoridades e empresas para coordenar o fluxo na chegada de caminhões, os congestionamentos foram reduzidos recentemente.

"Tem tido congestionamento bem reduzido", disse o executivo. Mas ele não está otimista: "De uma hora para outra pode complicar."

O Brasil está na fase final de colheita de uma safra recorde de soja, que deve passar de 80 milhões de toneladas, que se soma a um grande volume de embarque de milho nos últimos meses. Em abril, teve início também a nova safra da cana-de-açúcar, que também preocupa o diretor do Sindamar.

O presidente da Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres de Uso Público (Abratec), Sérgio Salomão, procurou minimizar a questão dos atrasos afirmando que agendamento entre exportadores e operadores portuários tem conseguido diminuir o problema.

Mas admitiu que há atrasos pontuais, causados por congestionamentos nas estradas, lotadas de caminhões graneleiros. Nestes casos, um contêiner que chega atrasado ao porto pode perder o embarque no navio a que se destinava.

Segundo dados do site da autoridade portuária de Santos (Codesp), na manhã desta segunda-feira havia 73 navios fundeados, à espera de atracação. A grande maioria era de navios graneleiros, a espera de soja para exportação, enquanto apenas uma embarcação era de contêineres.

Fonte: Reuters/Gustavo Bonato e Fabíola Gomes

http://www.portosenavios.com.br/site/noticias-do-dia/navegacao/21456-gargalo-com-graos-em-santos-afeta-fluxo-de-conteineres-de-carnes?acm=36669_1084

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