LEGISLAÇÃO

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Braskem abre processo antidumping para resina


Braskem abre processo antidumping para resina



A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) abriu processo antidumping para investigar importações de polipropileno (PP), resina para a produção de embalagens, da Índia, Coreia do Sul e África do Sul. A decisão é resultado de denúncia feita pela petroquímica Braskem, que se diz prejudicada pela entrada de grande volume dessa matéria-prima no país. No caso da África do Sul e da Índia, especificamente, a Secex também vai averiguar a existência de subsídios concedidos aos produtores locais.

"Esses países praticam uma concorrência predatória", afirmou ao Valor Luciano Guidolin, vice-presidente de poliolefinas da Braskem. Uma decisão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) já tinha sido favorável à petroquímica nacional em dezembro de 2010, que à época aplicou medida antidumping às importações do mesmo produto dos Estados Unidos pelo prazo de cinco anos, com alíquota específica de US$ 82,77 por tonelada.

A Braskem alega que as importações da resina dos países sob investigação cresceram 582% nos últimos cinco anos - de 19,6 mil toneladas entre abril de 2007 e março 2008 para 133,9 mil toneladas entre abril 2011 e março do ano passado.

A petroquímica é líder na produção de resinas termoplásticas na América Latina e nos Estados Unidos, após a compra dos ativos de polipropileno da Dow Chemical. No ano passado, a companhia voltou a recuperar participação de mercado em resinas - PP, PE e PVC -, saltando de 65% para 70% no Brasil. Segundo Guidolin, a companhia foi golpeada nos últimos anos pela entrada de volumes importados no país. "Sacrificamos nossas margens, mas a melhora do câmbio ao longo de 2012 ajudou na recuperação de mercado", disse.

De acordo com a Secex, as análises de prova de dumping vão considerar o período de abril de 2011 a março de 2012. Já os de prova de dano consideram abril de 2007 a março de 2012.

O consumo anual de polipropileno no mercado nacional está estimado em 1,4 milhão de toneladas, segundo especialistas do setor. A resina - utilizada desde produção de fraldas plásticas até embalagens para alimentos - está cotada no mercado entre US$ 2.200 a US$ 2.400 a tonelada.

Maior petroquímica das Américas, a Braskem tem sido alvo de pesadas críticas de empresas de transformados plásticos, que compram a matéria-prima da empresa, e também importam.

"Viramos refém da Braskem", afirmou Fernando Serrano, da companhia têxtil J. Serrano. A companhia compra cerca de 30 mil toneladas por ano de polipropileno, além de PVC. "Sempre damos preferência pela resina da Braskem, quando os preços não estão impeditivos", afirmou. Serrano disse que costuma importar dos três países sob investigação pela Secex. "É um erro impor tarifa de importação sobre a matéria-prima. Se quiserem manter a competitividade da indústria de transformado, tem de taxar os produtos acabados", disse.

A taxa de importação de PP está em 14%. No fim do ano passado, o governo federal decidiu elevar a alíquota de importação para o polietileno (PE), de 14% para 20%.

"O Brasil tem uma das maiores tarifas de importação para resinas. A média global gira em torno de 7%", afirmou José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast). "As indústrias de transformados plásticos [a chamada terceira geração do setor petroquímico] estão perdendo competitividade", disse o executivo. "Os produtos importados estão 40% mais baixos que os do mercado interno."

Ontem, a Camex publicou no Diário Oficial da União decisão de zerar a alíquota do imposto de importação do metanol (utilizado para a produção de solvente e de biodiesel), por 180 dias, com cota de 580 mil toneladas. A alíquota para importação do produto é de 12%. A medida foi concedida, por razões de abastecimento.

Fonte:Valor Econômico/Mônica Scaramuzzo | De São Paulo

http://www.portosenavios.com.br/site/noticias-do-dia/geral/21453-braskem-abre-processo-antidumping-para-resina?acm=36669_1084


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