Crise portuária eleva em 20% custo de exportação brasileira
A crise portuária no Brasil, agravada pela supersafra de grãos - a de milho dobrou, e a de soja teve um aumento de 30% -, tem causado transtornos devido ao atraso no cumprimento de contratos e prazos de entrega, principalmente quando o destino é a Europa ou a China. A incapacidade de escoamento também eleva os custos de distribuição e aumenta as perdas por falta de capacidade de armazenagem. Além disso, elimina a competitividade de empresas e produtores brasileiros com a elevação dos custos em cerca de 20%.
Para o vice-presidente de Marketing da Associação Brasileira de Logística (Abralog), Edson Carillo, um dos principais estudiosos de logística do Brasil, já que estas commodities estão com seus preços de mercado elevados, os países importadores estão se beneficiando dos atrasos. “Uma forma dos importadores pressionarem por redução de valores é considerar a quebra de contrato pelo exportador, e uma nova assinatura com desconto”, explica. Entregando ou não os produtos, quem sai no prejuízo é o produtor brasileiro.
Entretanto, de acordo com Carillo, o congestionamento no momento do escoamento nos portos brasileiros já era algo esperado, não só pelo aumento da safra mas também porque nenhum investimento representativo foi realizado nesse canal de distribuição. “Não há exatamente uma crise, pois crises são por certo momento. Temos uma situação crônica por falta de investimentos há muito tempo. A solução é investir em infraestrutura, mas com um plano diretor como o que foi desenvolvido em 2005 (Plano Nacional de Logistica e Transportes) e que não tem sido seguido na implantação e execução das ações”, afirma.
Segundo o presidente da Associação Nacional do Transporte de Carga e Logística (NTC), Flávio Benatti, o problema não é só a falta de investimentos. Não há uma gestão integrada entre os elos dessa cadeia de suprimentos. “Acaba concentrando todo o escoamento da safra no mesmo período. É preciso que haja silagem adequada na área da produção e da exportação. O que a gente está observando é que os caminhões acabam sendo utilizados como silos. Carregam a produção de maneira desordenada e mandam para os portos tudo ao mesmo tempo. Aí, instaura-se o caos”, critica.
Supersafra agrava o problema
O aumento da safra logicamente acaba agravando o problema. “A administração dos portos tem de cobrar dos produtores um cuidado ao mandar esses caminhões para as áreas portuárias e que o façam de maneira equilibrada. É necessário que tenha regulagem do tráfego dos caminhões, tanto nos terminais portuários quanto nos ferroviários”, diz Benatti. Para isso, todos que estão envolvidos devem colaborar, segundo ele.
O presidente da NTC afirma que enquanto os produtores não investirem na silagem adequada para a produção, nem a administração dos portos qualificar a infraestrutura, a crise se repetirá. “O Brasil acaba perdendo muito. O País é muito capacitado para a produção, mas perde muito no escoamento. A culpa não é só do transporte. Quem produz não tem preocupação em se preparar para isso”, observa.
De acordo com ele, a função do governo é criar políticas de regulagem e disponibilizar financiamentos adequados para isto, mas a iniciativa deve partir dos produtores e de quem controla os portos. “O que não pode e não deve é continuar assim. Ou todos os anos o produtor vai bater recordes na safra e não vai ter infraestrutura para escoamento da produção”, completa.
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