LEGISLAÇÃO

terça-feira, 27 de abril de 2010

LOGÍSTICA E PORTOS - 27/04/2010

Dragagem da hidrovia do Mercosul começa no segundo semestre
Jefferson Klein

Um projeto logístico que há muitos anos é discutido no Estado deve começar a ser realizado ainda neste ano. Segundo o deputado federal Henrique Fontana (PT), a dragagem da chamada hidrovia do Mercosul (que permitirá a ligação das lagoas Mirim e dos Patos) deverá ser iniciada no segundo semestre. Para concretizar esse projeto, uma das principais obras será o aprofundamento do canal São Gonçalo, localizado na Metade Sul gaúcha, que permitirá a conexão das duas lagoas.

No entanto, Fontana informa que, além da dragagem, deverá ser implementado um sistema de sinalização para a navegação na hidrovia. Outra ação que será tomada é a revitalização do terminal de Santa Vitória do Palmar. O deputado relata que não há um prazo para a conclusão das melhorias a serem feitas, mas destaca que o investimento deverá ser constante.

Fontana lembra que a proposta conta com o apoio da bancada gaúcha em Brasília e é uma das obras listadas na segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Outro ponto a favor do empreendimento é que ele faz parte de um acordo binacional entre os governos do Brasil e Uruguai. No país vizinho, para aproveitar essa nova rota comercial, a empresa Timonsur investirá em torno de US$ 30 milhões em um terminal portuário.

Quando concluída, a hidrovia do Mercosul se tornará um sistema que, além de envolver as lagoas Mirim e dos Patos, atingirá os rios Jacuí e Taquari, o que somará uma extensão superior a 600 quilômetros. Fontana enfatiza que esse corredor deverá contribuir para que aumente a movimentação de cargas em portos como o de Pelotas, Porto Alegre, Cachoeira do Sul e Estrela. Também poderá implicar construções de novos terminais em cidades como Tapes e São Lourenço do Sul. "Será uma revolução na logística do Rio Grande do Sul."

O deputado participou nesta semana, com representantes do Ministério dos Transportes e outros políticos, de reuniões para debater o assunto. O presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli, vê com satisfação o interesse de políticos no tema. O dirigente comenta que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) tinha assegurado uma verba de cerca de R$ 20 milhões para realizar a iniciativa.

Manteli adianta que poderão vir do Uruguai cargas como madeira, arroz e minérios. No sentido inverso, o Rio Grande do Sul poderá transportar produtos do agronegócio. O presidente da ABTP aponta que os itens uruguaios poderão acessar, pela via fluvial, o porto do Rio Grande para serem exportados. Outra opção é irem até Estrela e de lá chegar ao centro do Brasil por ferrovias.
JORNAL DO COMERCIO



Representantes de portos do Canadá e da Bélgica interessados em Vitória
VITÓRIA - A inclusão do superporto de águas profundas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) conferiu ainda mais dinamismo ao projeto.

O aval por parte do governo federal também fez aumentar o interesse internacional pelo porto. Ao longo desta semana, o prefeito de Vitória, João Coser, recebe delegações do Canadá e da Bélgica, interessados em conhecer melhor a proposta.
O primeiro grupo a visitar o complexo portuário de Vitória foi o de representantes de portos do leste canadense. O objetivo da visita, segundo o vice-presidente do Porto de Saint John, Andrew J. Dixon, é firmar parcerias com o Brasil e com suas cidades portuárias. O foco principal são os investimentos em infraestrutura portuária.
Segundo o prefeito João Coser, os portos brasileiros estão passando por um processo de reformulação profunda. A criação da Secretaria Especial dos Portos deu um novo ritmo, contribuindo para a expansão dos portos públicos e privados. "Temos nossas limitações, mas este é um dos melhores momentos do Brasil e o Espírito Santo está avançando, com dinamismo econômico bastante expressivo", afirmou.
Bélgica - Nesta quinta-feira (15), o prefeito João Coser recebe a delegação, composta de empresários e autoridades do Porto de Antuérpia, na Bélgica. Eles estão interessados em conhecer as instalações portuárias capixabas e o local onde será implantado o superporto.

Estarão presentes a diretora do Katoen Natie Terminals - o maior terminal portuário do país - Annemie Baeyaert; e o gerente de desenvolvimento comercial do Porto da Antuérpia para a América do Sul, Walter Van Mulders.

A visita da delegação da Bélgica é uma resposta à apresentação do projeto do Porto Público de Águas Profundas, pelo prefeito João Coser e pelo vice-governador Ricardo Ferraço, feita durante o seminário "Ports and Waterways", em 2009. Desde os primeiros contatos realizados no ano passado durante a visita do prefeito à Bélgica, os empresários demonstraram interesse em investir no projeto.
Segundo o prefeito, as visitas acontecem num momento em que grandes portos internacionais buscam oportunidades de investimento no Brasil. Além disso, encaixam-se na proposta do Governo Federal de promover uma ação articulada entre os entes federados.
Portos e Navios


InnoTrans 2010
Brasil participará de maior feira ferroviária do mundo

O Brasil irá participar pela primeira vez da maior feira ferroviária do mundo. A InnoTrans, que acontece a cada dois anos, será realizada no período de 21 a 24 de setembro, em Berlim, na Alemanha. O interesse pelo evento pode ser ligado a previsão da Associação da Indústria Ferroviária na Alemanha (VDB), que acredita que o volume de negócios em venda de tecnologia ferroviária para o mercado brasileiro irá atingir 4,6 bilhões de Euros até 2012.

Em sua última edição, em 2008, a InnoTrans recebeu 85.592 visitantes profissionais e 1.914 expositores de 41 países.

No estande da missão brasileira na alemanha estarão reunidos representantes da indústria metroferroviária e das operadoras ferroviárias de carga. A participação do país será coordenada pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate, e pelo diretor-executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Rodrigo Vilaça - que obteve apoio junto aos ministérios das Relações Exteriores e dos Transportes. A organização do estande ficou a carga da Revista Ferroviária, que organiza no Brasil a Feira Negócios nos Trilhos.

No ano passado, a feira brasileira recebeu a visita do diretor da InnoTrans, Matthias Steckmann, que veio acompanhar a participação das empresas alemãs no evento. 'A Alemanha montou o maior estande conjunto da Feira Negócios nos Trilhos em 2009. Participaram 22 companhias fornecedoras de componentes de subsistemas para tecnologia ferroviária", declara Gerson Toller, diretor da Feira Negócios nos Trilhos 2010.
A Tribuna



Infraestrutura portuária de Itajaí atrai empresa norte-americana
O Porto de Itajaí (SC) pode receber em breve a primeira unidade da indústria Deep Flex a ser construída no Brasil. Especializada na fabricação

de dutos para exploração em águas (pré-sal), a empresa conheceu a infraestrutura do Complexo Portuário do Itajaí durante a feira Intermodal South America 2010. O projeto, demanda investimentos iniciais entre US$ 80 e US$ 100 milhões.

A Deep Flex conta atualmente com uma fábrica piloto nos Estados Unidos e quer instalar sua primeira unidade industrial nas terras brasileiras. "O Brasil responde hoje por cerca de 60% da exploração de petróleo no mundo e foi por isso que escolhemos o país para instalar nossa primeira unidade industrial. A fábrica piloto opera nos EUA desde 2007 e já exporta para diversos países, mas precisamos expandir nossos negócios", explicou um dos representantes da indústria, Kent Castleman.

O diretor comercial do Porto de Itajaí, Robert Grantham, garante que a Cidade atende às necessidades da indústria, que precisa se instalar em uma área próxima ao porto, com grandes dimensões e logística especial. "Nosso Complexo Portuário supre todas as necessidades da empresa com relação à área para construção, uma vez que existe bastante espaço contiguo a alguns de nossos terminais portuários", afirma.

Para ajudar na decisão da Deep Flex, o prefeito Jandir Bellini e a secretária de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda de Itajaí, Rogéria Gregório, se comprometeram a avaliar a possibilidade de beneficiar a empresa com incentivos fiscais e econômicos. "Como Poder Público vamos fazer tudo o que for possível e que a legislação permitir para que o projeto se viabilize em Itajaí", conclui Bellini.
A Tribuna



MOL defende decisão de deixar ELAA e TSA
A MOL (Mitsui OSK Lines) manteve a decisão de não participar das duas principais associações comerciais de contêineres, alegando que a adesão aos órgãos poderia resultar em dificuldades com autoridades reguladoras do trade marítimo.
Embora a maioria das transportadoras globais pertençam à ELAA (European Liners Affairs Association) a MOL também decidiu sair da TSA (Transpacific Stabilization Agreement) no ano passado.
A ELAA anunciou dissolução no segundo semestre do ano. As funções serão assumidas pelo World Shipping Council e a CTS (Container Trade Statistics), subsidiária do órgão, deverá tornar-se uma entidade independente, continuando a publicar volumes de carga e índices de preços com base nas informações fornecidas pelos membros da organização.
Porém, a MOL afirma não ter planos de fornecer dados para CTS, mesmo após o fechamento da ELAA. O armador reiterou que declinou da associação para evitar o risco de infringir as novas regras de concorrência da União Europeia.

A decisão de deixar o TSA também foi influenciada pelos regulamentos da UE. "O TSA não está diretamente relacionado às regras de concorrência da UE. Mas nossos funcionários são frequentemente envolvidos no comércio tanto na América do Norte e Europa", divulgou a companhia, em comunicado oficial.
Guia Marítimo



Representantes da SEP apresentam PAC - Copa e PAC - Inteligência Logística a diretor da ANTAQ
O subsecretário de Planejamento e Desenvolvimento Portuário Fabrizio Pierdomenico e o diretor do Departamento de Sistema de Informações Portuárias Luís Fernando Resano representaram o ministro-chefe da Secretaria Especial de Portos Pedro Brito em reunião com o diretor da ANTAQ Tiago Lima sobre o PAC - Copa e o PAC - Inteligência Logística.

Resano apresentou ao diretor da ANTAQ o sistema "Single Window", por meio do qual todas as informações relativas à movimentação de navios nos portos brasileiros passarão por um único canal, a que terão acesso os diversos órgãos governamentais que atuam nos portos. "O objetivo é dar mais celeridade à operação portuária e, ao mesmo tempo, mais confiabilidade às informações", disse Resano.

Os dados permitirão construir um índice de desempenho logístico para avaliar a eficiência da operação portuária em detalhes. Os primeiros portos onde o sistema será implantado em fase de teste serão Santos, Rio de Janeiro e Vitória.
Quanto ao PAC - Copa, Pierdomenico disse que cruzeiros poderão servir de instalações hoteleiras para receber parte da demanda de turismo associada ao evento. "Vamos investir R$ 740 milhões para adequar nossas instalações portuárias no Rio de Janeiro, Manaus, Santos e em outras cidades", disse Pierdomenico.

Tiago Lima ressaltou a importância da parceria entre a Secretaria Especial de Portos e a ANTAQ. "Nossa equipe está à disposição da SEP para colaborar, já que todos trabalhamos com o mesmo objetivo de tornar mais eficientes os portos brasileiros", disse.
Participaram também da reunião os superintendentes Giovanni Paiva (Portos) e André Coelho (Navegação Marítima) e os gerentes da ANTAQ Fernando Fonseca (Regulação Portuária), Marcos Maia Porto (Meio Ambiente), Newton Moura (Fiscalização Portuária), Bruno Pinheiro (Gestão e Desempenho Portuário), Walneon Oliveira (Outorga e Afretamento da Navegação Interior).
Assessoria de Comunicação Social/ANTAQ



Ambitec vai construir porto de R$ 850 milhões em Aracruz
O grupo paulista Ambitec tem um projeto milionário para Aracruz. Trata-se do Terminal Multimodal Capixaba, um porto de R$ 850 milhões em Barra do Riacho, Norte capixaba. As obras do terminal da Nutripetro, empresa do grupo Ambitec, já começaram.

Os executivos afirmam tratar-se de um complexo que irá reduzir o gargalo logístico do Estado. Nas proximidades do porto ainda serão construídos 16 prédios residenciais, hotel e shopping.

O terminal, que começa a operar em 2014, ficará numa área de 1 milhão de metros quadrados, atenderá exportadores, importadores e dará suprimento à plataformas de petróleo.
Haverá infraestrutura de recebimento, estocagem e distribuição de cargas. Depois de pronto, serão 2,5 mil empregos diretos e indiretos. A expectativa é de movimentar 103 mil contêineres e 75 mil veículos por ano. Serão nove berços de atracação, cinco destinados ao suprimento das plataformas, dois para cargas gerais, um para granéis líquidos e outro para granéis sólidos. O calado será de 14 metros. O complexo ainda terá um ramal ferroviário. A Nutripetro negocia com a Vale uma ligação com a Vitória-Minas. A rodovia ES-010 passa dentro da área.

"O diferencial será o preço. Estamos fora da área do porto organizado. Como terminal privado estabeleceremos nossas taxas e vamos ofertar muita infraestrutura. A ideia é reduzir custos e atender da melhor forma possível os nossos clientes", assinalou José Roberto Barbosa, diretor-geral da Nutripetro.

Prédios, hotel e shopping
O terminal multimodal funcionará como um condomínio de empresas. Modelo parecido com o adotado por Eike Batista no Porto do Açu, em São João da Barra, Norte do Rio de Janeiro. "A única diferença é que não teremos indústrias. As empresas de comércio internacional que quiserem trabalhar conosco poderão se estabelecer dentro do porto. Posso adiantar que algumas grandes empresas do Brasil e de fora já nos procuraram". As áreas dos lotes não serão limitadas e nem precisarão ser compradas. Quem se estabelecer no local pagará condomínio.

Além da logística, haverá investimento no mercado imobiliário. Ao lado das futuras instalações do estaleiro da Jurong e da Carta Fabril, de vários portos e muito próximo da Fibria, os executivos da Nutripetro enxergam na região de Barra do Riacho um belo potencial. Por isso, vão construir 16 edifícios, todos de frente para o mar, com 360 unidades de 100 metros quadrados. O valor médio dos apartamentos será de R$ 120 mil e o valor geral de vendas deve chegar aos R$ 43,2 milhões.
Um hotel com 120 quartos e um shopping com 60 lojas, praça de alimentação e cinema, também farão parte do complexo. O lançamento dos imóveis será em outubro de 2010.

De toda a área, 250 mil metros quadrados já estão licenciados e com obras andando. O restante da área, incluindo a dos empreendimentos imobiliários, ainda não foi liberado, já que os projetos ainda estão sob análise dos órgãos ambientais.

Ambitec
O grupo Ambitec é composto de capital 100% nacional. Foi fundado em 1929 a partir da empresa de transportes Expresso G Borlenghi, de Guido Borlenghi. O grupo, hoje formado por seis empresas - Ambitec, Brasil Ambiental, Getel Distribuição, Nutrigás, Planeta Ambiental e Nutripetro -, é especialista em soluções ambientais.
Terminal Multimodal Capixaba

Local: Barra do Riacho, Aracruz
Investimento: R$ 850 milhões
Inauguração: 2014
Emprego: serão 2,5 trabalhadores diretos e indiretos depois do início da operação do porto

Atracação: cinco berços para suprimento de plataformas de petróleo e gás, dois para cargas gerais, um para granéis líquidos e um para granéis sólidos.

Calado: os cinco berços para suprimento terão profundidade de 12,5 metros, os outros quatro terão 14 metros de calado.

Dragagem: a batimetria feita no local do futuro terminal mostrou que a profundidade atual é suficiente para a implantação do porto. Não será preciso dragagem ou derrocagem (retirada de pedras).

Capacidade: no primeiro ano de funcionamento, a expectativa é de movimentar 13,3 mil contêineres. No quinto ano deverão ser 74 mil contêineres e no décimo 103,9 mil. Em relação à movimentação de veículos, serão 8.404 no primeiro ano de funcionamento do terminal, 54.103 no quinto ano e 75.393 no décimo ano.

Estrutura: além de outros equipamentos, o terminal terá balanças rodoviárias, pátios de contêineres e de estocagem, tanques especiais para armazenamento de produtos químicos, petroquímicos e alimentícios, armazéns climatizados e um setor de reparo para contêineres. As instalações serão projetadas para o recebimento de cargas especiais e para cada tipo de material.

Mercado imobiliário: nas proximidades do porto serão construídos 16 edifícios residenciais, todos de frente para o mar, com 360 unidades de 100 metros quadrados. O valor de venda será de R$ 120 mil. Também serão construídos um hotel com 120 quartos e um centro comercial de 10 mil metros quadrados, 60 lojas, praça de alimentação e cinema. Os lançamentos estão previstos para outubro de 2010.
Nutripetro/Gazeta Online



Pará abre novo edital de contratação
O Porto de Marabá teve na última sexta-feira, dia 23, a publicação de novo edital para contratação do projeto básico e do estudo de impacto ambiental da Plataforma Logística Intermodal de Transporte de Marabá, na região de Carajás.

O novo edital, de nº 01/2010, substitui o de nº 01/2009 (publicado em 24 de dezembro), fixando o tipo da licitação em técnica e preço. O custo estimado é de R$ 5,1 milhões para o projeto básico e de R$ 1,1 milhão para o relatório de impactos ambientais.

O investimento do porto tem custo total estimado em R$ 100 milhões e será executado pelo governo do Estado em parceria com o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte). O projeto prevê dois terminais para movimentação de granéis sólidos (um para produtos agrícolas e outro para minérios), um terminal de cargas de granéis líquidos (combustíveis) e outro terminal de carga geral.

O complexo público interligará o polo de verticalização mineral do Pará ao Porto de Vila do Conde, em Barcarena, estabelecendo alternativa de escoamento da produção e de recebimento de insumos pela Hidrovia Araguaia-Tocantins.

As visitas técnicas ao local da obra serão realizadas nos dias 12 e 19 de maio, e a concorrência será finalizada no dia 7 de junho com a abertura das propostas. O edital está disponível nos sites www.seir.pa.gov.br, www.comprasnet.gov.br e www.compraspara.pa.gov.br.
Guia Marítimo



Disputa ameaça terminal de R$ 1,5 bi
O projeto da empresa Triunfo Participações e Investimentos de implantação de um terminal multiuso de R$ 1,5 bilhão, no Porto de Santos, está ameaçado por uma disputa judicial em relação à propriedade dos terrenos onde pretende-se erguer o empreendimento. O empresário José Paulo Saddi apresentou à Justiça o que afirma ser a escritura de posse das terras.

Com base no documento, o juiz Cláudio Teixeira Villar, da 2ª Vara Cível de Santos, bloqueou em julho do ano passado qualquer registro de transferência dessas áreas. Apesar do imbróglio, a Triunfo prossegue com o processo de licenciamento ambiental. O primeiro passo foi a realização de audiência pública na última quinta-feira, com a participação de cerca de 500 pessoas, em Santos. Representantes de Saddi protocolaram documento pedindo a verificação da questão na audiência pública. A chefe do escritório do Ibama na região, Ingrid Oberg, uma dos membros do órgão ambiental na sessão, disse que o assunto será analisado pela Advocacia Geral da União (AGU). A Triunfo, que tem capital aberto na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e administra uma instalação portuária em Navegantes (SC), adquiriu por R$ 70,2 milhões a gleba conhecida como Sítio Santa Rita, totalizando 1,89 milhão de metros quadrados o equivalente a 189 campos de futebol. O montante começou a ser pago em julho de 2008 ao empresário português Joaquim da Rocha Brites, que mora e mantém negócios em Santos.

Conhecido na Cidade, ele foi presidente da Portuguesa Santista. O empresário constituiu a empresa Terminal Portuário Brites, cujo único ativo era o mesmo terreno para o qual Saddi teria escritura de posse. Todas as cotas desta empresa foram vendidas à Triunfo, sendo R$ 40,2 milhões pagos em parcelas semestrais, com o último vencimento marcado para dezembro deste ano. Brites ainda recebeu 12% das ações do futuro terminal em troca dos R$ 30 milhões restantes. O negócio, na prática, repassou o terreno à Triunfo, para que ela pudesse construir a instalação portuária. A possibilidade de compor a sociedade do futuro terminal, aliás, foi determinante para que Brites entrasse em acordo com a Triunfo, ao invés de outras firmas portuárias que também fizeram ofertas pelas terras, das mais valiosas ainda disponíveis no Porto de Santos entre aquelas com potencial para recebimento de navios e movimentação de cargas. Grandes companhias sondaram o empresário e chegaram a oficializar propostas para adquirir a gleba, entre elas a Santos Brasil e a DTA Engenharia. O problema é que, segundo os documentos apresentados a Saddi, aos quais A Tribuna teve acesso, o negócio está ameaçado. Segundo o advogado Valdir Araújo, que defende Saddi, "por força de liminar hoje eles (Triunfo) não têm posse nenhuma do terreno". Assim, o plano de construção do terminal pode nunca sair do papel. "A não ser que me repassem os R$ 35 milhões a que tenho direito", condiciona o empresário José Paulo Saddi. O antigo proprietário se diz lesado por Brites. Ele afirma que ambos entraram em acordo, anos atrás, em relação ao terreno e que o segundo teria assinado documento em que concordava que as terras pertenciam ao primeiro. Saddi afirma também que o acordo selado previa que Brites poderia negociar as terras, desde que repassasse 50% do lucro obtido para o seu sócio. "Mas, ao invés disso, ele negociou sozinho com a Triunfo", conta Saddi, que é taxativo: "Ou eles pagam o que devem, ou vou querer o terreno todo de volta". Ele acredita que possui respaldo da Justiça para tanto. O terreno fica próximo de onde se pretende construir um conjunto de novos terminais do Porto de Santos, condensados no projeto Barnabé Bagres, e despertaram também a cobiça de uma empresa chinesa, que já teria feito oferta de R$ 80 milhões a Saddi. TRIUNFO O presidente da Triunfo, Carlo Alberto Bottarelli, que também esteve na audiência pública, acredita que a empresa não terá problemas em seguir com o empreendimento, pois a disputa se dá entre Brites e Saddi. "Não é um problema nosso, porque em nenhum momento ele (Saddi) está questionando a propriedade do terreno ou a transação em si. Ele está dizendo o seguinte: eu quero a metade do dinheiro. Então, o problema é entre ele e o proprietário Brites. A Triunfo, nesse assunto, é terceira de boa fé". O empresário Joaquim da Rocha Brites foi procurado por A Tribuna ontem, em seu escritório, por telefone, mas não retornou às ligações até o fechamento dessa edição. Plano é iniciar construção em um ano O plano da Triunfo Participações e Investimentos é iniciar a construção do terminal Brites em um ano. É o período necessário para que o empreendimento passe pelo processo de licenciamento ambiental, a ser conduzido pelo Ibama, juntamente com órgãos estaduais. Os ritos a serem vencidos pela empresa a partir da audiência pública são a obtenção da licença ambiental prévia (LP), a aprovação da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), reguladora do setor, e o financiamento da obra com parceiros. O presidente da Triunfo, Carlo Alberto Bottarelli, explicou que a prioridade será dada para o cais de granéis sólidos. "Ele é separado do resto. É possível modular bem a obra, operando grãos em três anos e meio, no final de 2013", declarou. Segundo ele, em relação aos granéis, a Triunfo planeja fechar parcerias com firmas donas de carga que precisam de cais. "A nossa ideia é trazer para esse cenário um grande trader desse setor. Existe demanda. A concorrência pelo Tegran (Terminal de Granéis Sólidos da Margem Esquerda) demonstra isso. Tem outros players (além da Cargill, vencedora do certame do Tegran) com interesse nesse segmento".
Bottarelli avaliou que a demanda por contêineres será menor do que a por granéis, justamente por conta da grande concorrência que se formará nos próximos anos, com a instalação dos terminais mistos da Brasil Terminal Portuário e da Embraport, que darão preferência aos cofres de carga, mas também movimentarão granéis. "A gente tem que se especializar em carga frigorificada, assim como em Santa Catarina, no nosso terminal em Navegantes. Temos que dar atenção a esse segmento", disse, explicando que este é um nicho com cargas de maior valor agregado e com "potencial de crescimento muito grande". No Porto de Santos, a Localfrio e a Standard já operam principalmente contêineres refrigerados. O diferencial da Triunfo em relação às duas será a saída para o mar. (SR) Carga a granel será preponderante O terminal Brites será construído para movimentar, preferencialmente, cargas a granel. Serão escoadas anualmente 4,5 milhões de toneladas de etanol e 2 milhões de toneladas de granéis vegetais sólidos. O montante a ser operado em contêineres por ano é da ordem de 870 mil teus (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés)em torno de 9,6 milhões de toneladas. Eles serão armazenados em um pátio de 500 mil metros quadrados. Está prevista a construção de três berços de atracação, em píeres avançados em direção ao Largo Santa Rita. Um dos berços terá 290 metros de comprimento por 29 metros de largura. Os outros dois, 375 metros de comprimentopor70metrosdelargura. O acesso aquaviário precisará ser dragado. Pelo menos 15 milhões de metros cúbicos de sedimentos terão que ser retirados do Largo Santa Rita para dar passagem aos navios. Um terço disso seria utilizado como aterro no próprio terminal, que subirá cinco metros em relação à altura atual. O restante, descartado no mar. O total de lama a ser retirado é maior do que a dragagem completa do canal do Porto, que é de 13,6 milhões de metros cúbicos. Pelo projeto, esteiras transportadoras e dutos acoplados a shiploaders (equipamento para embarque de grãos) se encarregarão das cargas a granel. Já os contêineres serão movidos por meio de portêineres e transtêineres (pórticos sobre rodas). (SR)
Porto de Santos

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