LEGISLAÇÃO

quinta-feira, 15 de abril de 2010

ECONOMIA - FINANÇAS

Peso econômico dá prestígio à cúpula do Bric

A CÚPULA dos Brics a ser realizada em Brasília, nos dias 15 e 16, é um fórum que, por menos que seja novo, desde seus primeiros passos ganhou alto prestígio internacional. Esse fato não é de surpreender, pois os países que integram o bloco representam 26% do território do globo, 42% de sua população e 14,6% do PIB mundial. Nos últimos anos, a contribuição dos Brics para o crescimento da economia mundial tem superado 50%.

E qual seria o lugar da Rússia nesse grupo de Estados?

Ultrapassando as consequências da crise global, o nosso país avança simultaneamente pelo caminho de renovação complexa. O objetivo principal é alcançar o crescimento econômico sustentável e o aumento de renda dos cidadãos com base na diversificação da economia, na modernização de tecnologias e no modelo inovador do desenvolvimento.

Destinamos cada vez mais recursos ao contínuo estudo do espaço exterior, ao aumento da eficácia energética, ao desenvolvimento da energia nuclear, de fontes alternativas da energia, das tecnologias de informação, de telecomunicações e de novas tecnologias em medicina, além da produção de medicamentos. Atribuímos grande importância ao processamento de fósseis que constituem a riqueza do nosso país, bem como ao incremento de produção agrícola. Estou convencido de que esses avanços da Rússia estarão em demanda pelos nossos parceiros de Bric.

Por nossa vez, assistimos com interesse e simpatia ao crescimento dinâmico dos demais membros da aliança. A combinação das vantagens competitivas dos nossos países cria a situação do benefício mútuo em várias áreas, oferece-nos os estímulos exclusivos para a cooperação. Muitos já estão sendo aplicados na prática.

Basta um exemplo. Durante o recente encontro, em Moscou, nossos ministros da Agricultura tomaram as decisões referentes à criação de um banco de dados comum para a análise da situação da segurança alimentar dos Brics e para a cooperação nas áreas de desenvolvimento e intercâmbio das tecnologias agrícolas. Tais tecnologias visam estimular a redução da influência negativa do clima sobre a segurança alimentar e a adaptação da agricultura a essas mudanças.

As oportunidades de cooperação multilateral nas áreas de energia nuclear, construção de aviões, estudo e uso do espaço exterior e nanotecnologia são de grande escala. Tal cooperação pode ser estimulada por meio de estabelecimento da cooperação financeira dos Brics, particularmente na forma de acordos sobre o comércio recíproco em moedas locais.

Segurança econômica

Consideramos importantes as medidas conjuntas da segurança econômica, tais como o intercâmbio mútuo da informação sobre possíveis ataques especulativos aos mercados de câmbio, Bolsas de Valores e mercadorias dos Brics.

O trabalho ágil e criativo durante a presidência do Brasil no bloco, que levou a cooperação no formato de Bric a um novo patamar qualitativo, merece alta apreciação. Ultimamente têm sido realizados os encontros extremamente úteis dos ministros das Finanças, altos representantes da área de segurança, dos bancos de desenvolvimento. É de especial valor o fato de que a nossa cooperação se alarga por conta da inclusão nela do mundo de negócios e da sociedade civil. Está sendo realizado no Brasil o encontro dos representantes dos bancos privados, bem como um fórum de negócios e a conferência dos centros científicos dos países.

Desde a primeira cúpula de pleno formato dos Brics, em Ecaterimburgo (16 de junho de 2009), conseguimos pôr o início frutífero em diversas áreas de trabalho planejadas. Dessa maneira, os nossos países participam ativamente das atividades do G20, que se tornou um mecanismo principal da coordenação de esforços internacionais para criar um novo sistema da gestão econômica global. É com base na abordagem comum que na cúpula do G20 em Pittsburgh foi conseguida a aprovação da decisão de distribuir 5% dos votos no FMI e 3% dos votos no Banco Mundial a favor de economias emergentes e em desenvolvimento. Pronunciamo-nos pela adoção de claras regras de jogo que assegurariam a participação equitativa de todos os membros do G20 nas suas atividades.

Bretton Woods

Além disso, os países do Bric vão se empenhar em concluir com êxito as reformas do sistema de Bretton Woods que estão sendo realizadas e que têm sido necessárias há muito tempo. Acho que poderíamos também manifestarmo-nos juntos a favor da elaboração do programa de ação do G20 durante o período pós-crise, contribuir juntamente para esse trabalho.

Fortalecendo o fundamento econômico do mundo multipolar, os Brics objetivamente contribuem para a criação das condições para o reforço de segurança internacional. Estamos unidos na opinião de que a comunidade internacional deve recorrer aos meios político-diplomáticos e jurídicos na solução de conflitos, em vez de bélicos e de força. Estamos convencidos da necessidade de fortalecer os princípios coletivos nas relações internacionais e de formar um mundo justo e democrático.

Rússia, China, Índia e Brasil cooperam ativamente com a ONU. Um exemplo mais brilhante é o copatrocínio desses países das resoluções da Assembleia-Geral da Nações Unidas sobre a prevenção da instalação de qualquer tipo de armas no espaço exterior e o não uso de métodos de força em relação aos objetos espaciais.

Estou convencido de que a cooperação entre os nossos países tem grande futuro. E, embora estejamos só no início do caminho, os alicerces sólidos do nosso diálogo no formato de Bric, as relações de parceria mutuamente vantajosas e já verificadas permitem contar com o êxito desse fórum em prol de nossos países e povos.
DMITRI MEDVEDEV , 44, é presidente da Federação Russa.
Folha de São Paulo


Câmbio: China diz que vai se manter firme em relação ao yuan
O presidente chinês, Hu Jintao, afirmou ao americano Barack Obama que seu governo vai se “manter firmemente” no seu próprio caminho de reforma da variação cambial do yuan. Segundo ele, a valorização da moeda não vai alterar a balança das relações comerciais entre os dois países nem resolver os problemas do desemprego norte-americano.
Folha de São Paulo

Nenhum comentário: