CE: exportações ganham fôlego
O panorama internacional favorável já evidencia uma retomada no comércio exterior cearense. O volume de US$ 113,4 milhões registrado em março deste ano é o melhor resultado desde setembro de 2008 (mês em que a crise internacional estourou), quando o Estado havia embarcado para outros países US$ 131,4 milhões.
Melhor março
Este foi ainda o melhor mês de março de toda a série histórica divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Em relação ao mês de fevereiro (US$ 99,1), as exportações cresceram 14,43% e, sobre igual mês de 2009 (US$ 73,3 milhões), houve alta de 54,7%.
No ranking nacional, o Ceará ocupa a 14ª posição. Já na Região Nordeste, figura como o segundo maior exportador, ficando atrás apenas da Bahia, que vendeu o equivalente a US$ 731,7 milhões em mercadorias para o exterior.
Produtos
Por produtos, o levantamento do Mdic aponta que a castanha de caju segue na liderança de vendas internacionais, seguido pelo setor calçadista. No acumulado de janeiro a março, o Ceará vendeu ao mercado externo US$ 47,5 milhões em castanhas (alta de 24,7% ante o mesmo intervalo do último ano). Já em calçados de borracha e plástico foram US$ 39,3 milhões (elevação de 29,3% ante os três primeiros meses de 2009).
Crise passou
"O período de crise passou. Esse resultado tão positivo para o Ceará já é reflexo da retomada da demanda pelo consumo, sobretudo por parte dos Estados Unidos", avalia a coordenadora do Programa de Internacionalização do Sebrae/CE, Marta Campelo.
Os Estados Unidos, continuam sendo o principal destino dos produtos embarcados pelo Ceará. Entre janeiro e março deste ano, 30,8% da venda internacional do Estado foi para os americanos, um volume que alcançou US$ 96,7 milhões.
Em relação a igual período de 2009, houve elevação de 27,6%, o que já é um indicativo dessa retomada.
O segundo no ranking, o Reino Unido, deteve apenas 8,8% do volume exportado pelo Ceará (US$ 27.559 milhões).
Importações
Em março, as importações cearenses somaram US$ 154 milhões, resultando assim em um saldo deficitário (diferença entre as exportações e as importações) de US$ 40,9 milhões na balança comercial. No acumulado entre os meses de janeiro e março, o saldo já alcança US$ 53,6 milhões, na qual as exportações somam US$ 313,2 milhões e as importações US$ 366,9 milhões). As compras adquiridas de outros países registraram elevação de 60,6% ante fevereiro (US$ 96,1 milhões) e de 19,4% na comparação com o mesmo mês do ano passado (US$ 129,2 milhões). Da China veio o maior volume de itens importados para o Ceará entre os meses de janeiro e março: US$ 87,4 milhões (23,8% do total).
As exportações brasileiras em março alcançaram US$ 15,7 bilhões e as importações US$ 15,05 bilhões, o que resultou em um saldo da balança comercial de US$ 668 milhões. As exportações de 23 estados tiveram alta no mês de março ante igual período do ano passado.
Diário do Nordeste – CE
BB cria portal para incentivar as exportações
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem exigido pressa do Ministério da Fazenda para a confecção de um pacote de estímulo à exportação. Mas o governo, ao que tudo indica, pode ficar sossegado em relação ao empenho do Banco do Brasil (BB) para impulsionar as atividades de comércio exterior dos clientes. A instituição reformulou sua plataforma eletrônica para o segmento e entregou, em novembro do ano passado, uma solução que permite ao empresário realizar todo o processo de exportação (e importação) por meio da internet. A ferramenta, que tem como público-alvo micro, pequenas e médias empresas, aceita operações de até US$ 50 mil, ou o equivalente em euros - valor máximo admitido pela modalidade de Declaração Simplificada de Exportação (DSE). Não há limite, porém, para o número de negócios a serem realizados.
Batizado de " Brasil Web Trade " , o site reúne todas as etapas envolvidas numa transação internacional. Desde a promoção dos produtos dos clientes, expostos numa espécie de loja virtual, à entrega das mercadorias, feita por transportadoras conveniadas, passando pela documentação, o negócio é fechado em alguns cliques. " Muitos clientes têm dificuldade de acessar o mercado externo por puro desconhecimento das regras e dos trâmites burocráticos " , explica Nilo Panazzolo, diretor de comércio exterior do BB. Daí a necessidade de simplificar o processo, integrando todas as fases num único ambiente. Desde que a nova versão do site do BB entrou no ar, o volume de negócios dobrou - passou de US$ 500 mil para US$ 1 milhão ao mês. " A empresa não precisa se preocupar com nada, a não ser produzir " , diz Panazzolo.
A Bratox, distribuidora de veneno de cobra localizada em Campinas, interior de São Paulo, utiliza o " Brasil Web Trade " para exportar para laboratórios farmacêuticos da China, Índia e França. A empresa, cujo faturamento anual gira em torno de R$ 650 mil, contou com o auxílio do serviço de custódia oferecido pelo BB para viabilizar as primeiras transações comerciais para o exterior. " Como não conhecíamos os clientes nem eles a nós, ninguém queria correr o risco de pagar ou enviar o produto antecipadamente " , diz Helena Perez, diretora da Bratox. Ao acessar a ferramenta de custódia, o exportador tem a segurança de só despachar o produto assim que a ordem de pagamento emitida pelo comprador estiver sob a guarda do banco. Da mesma forma, a liberação do dinheiro do importador para fazer a conversão cambial fica condicionada ao pedido de embarque da mercadoria.
Uma das novidades trazida pela nova versão do site do BB, aliás, é o envio automático de mensagens para o celular do exportador no momento em que a ordem de pagamento é efetuada. Outra vantagem do sistema desenvolvido pelo banco apontada por Helena é a facilidade logística. A empresa cliente só precisa marcar hora e data que uma transportadora conveniada (Fedex ou Correios) vai até o local pegar a mercadoria e entregá-la em qualquer parte do mundo. " O preço do frete ainda sai com desconto de 50% " , afirma Helena.
O BB centra seus esforços, agora, no desenvolvimento de uma rede internacional de potenciais importadores. Panazzolo está negociando parcerias com empresas de promoção, especializadas em aproximar as pontas compradora e vendedora - uma delas, asiática, tem 150 milhões de clientes na carteira. O banco firmou também convênio com a Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex), transformando o " Brasil Web Trade " em solução oficial da entidade, que costuma promover cerca de 700 eventos por ano em todo o mundo. O objetivo é incrementar os negócios de pequenas empresas brasileiras no exterior, que segundo os dados mais recentes do Sebrae, de 2008, respondiam por 1,2% do volume total exportado no país. Num segundo momento, a missão será ampliar o número de empresas brasileiras usuárias do sistema, hoje de 7,2 mil exportadores e 4,2 mil importadores cadastrados.
Se o comércio exterior ainda é incipiente para o segmento de pequenas e médias empresas, a atividade mostra, ao mesmo tempo, grande potencial de expansão. A concorrência está atenta. Em fevereiro, o Itaú lançou soluções de movimentação e gerenciamento de conta em moeda estrangeira pela internet e até a contratação de operações de câmbio pelo celular. Priorizamos a criação de um ambiente operacional ágil, em que o cliente pudesse fazer cotação, editar contratos e acessar financiamentos de maneira simples " , afirma Sandra Boteguim, diretora de produtos pessoa jurídica do Itaú. Da base de clientes ativos de câmbio do Itaú, cerca de 40% (10 mil) utilizam a internet para fazer transações internacionais. " O BB ampliou o foco de atuação para além do financeiro nos processos de comércio exterior " , compara Sandra. " Não recebemos demanda dos clientes para a oferta de soluções de logística ou outros tipos de contratação, mas se for a vontade deles, vamos também fazer. "
Valor Econômico/ Aline Lima, de São Paulo
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