PORTOS - AVANÇOS E RETROCESSOS
E eis que, uma vez
mais, voltamos à questão portuária. Todos sabem o que vem acontecendo nessa
área, que tem sido muito judiada. Não que ela não tenha avançado nas últimas
duas décadas. Isso ocorreu, com a abertura da economia de 1990. Na esteira
desta, recebemos a abertura portuária, antes tarde do que nunca. A segunda
grande após a de 1808, histórica. Naturalmente, esta é muito mais importante.
Tanto pelas circunstâncias em que se deu, quanto pelo que representa em termos
econômicos ao país. Foi econômica e não política, de interesses escusos.
Já dissemos em
artigo, no passado, que devemos a abertura não a Dom João VI e à corte
portuguesa, mas a Napoleão Bonaparte. Caso não houvesse ameaça de conquista, a
corte portuguesa não teria se transferido para o Brasil. E não teria aquiescido
aos "apelos" ingleses para abertura dos portos. Portanto, uma abertura da forma
como o Brasil sempre se comportou antes e depois, até os dias atuais. Nada
lisonjeira.
Desta feita, foi
compreendido que o país precisava se abrir ao mundo. Não poderia continuar
fechado como sempre esteve. Claro que não podemos considerar que o Brasil é uma
economia aberta, longe disso. É muito fechada. Apenas com mais oportunidades se
levada a sério. Quando se verifica que representamos 1,3% do comércio mundial,
tudo que podemos fazer é chorar. E ao perceber que nossa corrente de comércio
exterior, com exportação e importação em conjunto, não chega a 20% do nosso PIB
- Produto Interno Bruto, só resta sentar no chão e, uma vez mais, chorar.
O comércio mundial
representa cerca de 50% do PIB mundial de pouco mais de US$ 70 trilhões de
dólares. Seria justo que tivéssemos uma representatividade bem maior. Pelo menos
igual ao de nossa população, PIB e território, de mais ou menos 3% das mundiais.
Assim, vê-se que não há coerência alguma nos números do país.
E isso é muito
fácil de explicar. Temos a mais alta carga tributária do planeta.
Jurosidem. Investimento irrisório, bem aquém do mínimo necessário. Tudo
conforme números que já colocamos em diversos escritos. O custo Brasil é
insuportável por todas essas coisas e muito mais.
Temos, como se
sabe, a pior matriz de transportes do planeta. Em que o Fórum Econômico Mundial,
em 2011, nos colocou na humilhante 104ª posição geral. Sendo 91º colocado em
ferrovias, 110º em rodovia, 122º em aerovia e 130º em portos. Em 142 países
analisados. Antes que alguém se arvore em dizer que exageramos, já que se são
142 países então não somos o último, vamos explicar. Há 200 países no mundo -
ainda bem que nem todos foram analisados. Como consideramos que deve haver no
mundo, entre os ricos, bem como aqueles que estão chegando lá, e os que também
querem chegar, uns 50-60-70 países que contam de fato, que fazem a diferença,
então estamos muito além do último.
Esta é uma situação
inaceitável para um país como o nosso. Que é sucesso em muitas áreas. Com
trabalhadores versáteis se lhes forem dados educação e treinamento adequados, e
não apenas político e de submissão para todo o sempre. Que tem, fisicamente,
tudo que um país precisa para se desenvolver e atingir o ápice do sucesso.
No entanto, nada é
feito para isso. Na questão portuária, como dissemos, avançamos relativamente
bem no início da década de 1990. Mas, ao longo do período, foram ameaçados
vários retrocessos. Instalando o medo permanente na iniciativa privada. Aquela
que faz funcionar, que investe, e que deseja avançar.
Recentemente
recebemos pela proa nova investida do poder público quanto a portos. E, a menos
que estejamos enganados, sob a pele de cordeiro da atual Medida Provisória sobre
o assunto - se é que é mesmo - vem um enorme lobo. Para reconquistar a
incompetência e tentar destruir os avanços alcançados. E, se estivermos certos,
a revogação da Lei nº
8.630/93 - que não era nenhum primor, mas suficiente à época - pode custar
um preço muito caro ao país. Que não sabemos se poderá ser pago. O único
"consolo" (sic), é que o mal feito não estará sozinho, mas juntamente com muitos
outros que estão destruindo o país, pouco a pouco, em módicas prestações a
perder de vista.
A iniciativa
privada precisa reagir urgentemente para evitar danos futuros à vista. E a
prazo. É preciso evitar a intenção escamoteada sobre a liquidação do Ogmo -
Órgão Gestor de Mão de Obra. Este filme é fartamente conhecido. E muito
reprisado. Toda hora em todos os canais.
O retrocesso parece
inevitável a esta altura do campeonato, considerando o governo e o poder dos
sindicatos e trabalhadores junto a este. E nem é preciso explicar muito, que as
coisas no Brasil, atualmente, são autoexplicáveis.
Autor(a): SAMIR KEEDI Economista com especialização na área de transportes internacionais. |
http://www.aduaneiras.com.br/noticias/noticias/noticias_texto.asp?acesso=2&ID=24211748
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