Dívidas trabalhistas ameaçam embarque de soja em Paranaguá |
O escoamento da supersafra de soja – estimada em mais de 80 milhões de toneladas no país e em 15 milhões no Paraná – corre o risco de ser interrompido antes mesmo de engrenar. Com um número crescente de navios ao largo, que ontem chegou a 96 devido às chuvas, o Porto de Paranaguá pode ter suas operações paralisadas a partir de amanhã por causa das dívidas trabalhistas do Órgão Gestor de Mão de Obra do Trabalhador Portuário e Avulso (Ogmo). O Ogmo está prestes a ter seu saldo bancário total sequestrado por decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), fruto da não quitação da dívida de R$ 6 milhões proveniente de ações trabalhistas executadas em fevereiro. As tentativas de acordo não deram certo (veja texto ao lado). Trabalhador espalha soja sobre grades para que grãos escorram aos porões do Porto de Paranaguá. Categoria pode ficar sem salário a partir de amanhã Os salários dos 2,8 mil trabalhadores do porto são pagos às quartas-feiras pelo Ogmo, responsável pela escala dos operadores. Sem pagamento, os trabalhadores ameaçam cruzar os braços. O dinheiro entra nesta terça-feira na conta do órgão. “Não temos como pagar [as ações trabalhistas]. O arresto do Banco Central pode acontecer a qualquer momento. Caso ocorra, quando os trabalhadores descobrirem que o salário não foi depositado, haverá paralisação e a coisa pode ficar ainda pior”, afirma o diretor executivo do Ogmo, Hemerson Costa. “Caso não ocorra nesta quarta-feira [amanhã], não passa do dia 27”, diz Edson Cezar Aguiar, presidente do Sindicato dos Operadores Portuários do Paraná (Sindop). A entidade calcula que a dívida trabalhista chegue a R$ 186 milhões até o final deste ano e salte para R$ 300 milhões em 2014. O Ogmo chegou a oferecer a própria sede como garantia, o que não foi aceito pelos autores das ações trabalhistas. “[O pagamento] é economicamente inviável. O montante é quase três vezes o que passa pelos cofres do Ogmo no ano [cerca de R$ 70 milhões]”, argumenta Costa. Os seis sindicatos que representam os trabalhadores avulsos aguardam com apreensão o desfecho da situação. De acordo com o presidente do Sindicato dos Estivadores de Paranaguá e Pontal do Paraná, Antonio Carlos Bonzato, as entidades são contra a “enxurrada de ações”. Ele alega que o fato foi promovido por advogados que “vendem ilusão”. Por outro lado, Bonzato afirma que a falta de pagamento irá resultar no cruzamento dos braços das categorias. “Quem que vai trabalhar de graça? O pessoal vai ser escalado, mas ninguém vai trabalhar (…) Isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde.” Uma alternativa para minimizar o problema com as dívidas trabalhistas seria triplicar o custo do carregamento, segundo o Ogmo. Porém, a medida provocaria migração de clientes para outros portos, o que Paranaguá quer evitar. Dos 96 navios que esperavam para atracar ontem, 73 eram graneleiros. Outros 26 são aguardados até amanhã. A colheita de soja e milho chega à metade no país e a 60% no estado. Fonte: Gazeta do Povo (PR)/ Carlos Guimarães Filho http://www.portosenavios.com.br/site/noticias-do-dia/portos-e-logistica/21244--dividas-trabalhistas-ameacam-embarque-de-soja-em-paranagua
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