Sobre a privatização dos portos
por Hermann Gonçalves Marx *
Quando não se observa a história pode-se criar uma percepção errada dos fatos, o que leva a conclusões equivocadas. A presidente Dilma Rousseff assinou recentemente a medida provisória de privatização dos portos, seguindo a privatização dos aeroportos.
Quando não se observa a história pode-se criar uma percepção errada dos fatos, o que leva a conclusões equivocadas. A presidente Dilma Rousseff assinou recentemente a medida provisória de privatização dos portos, seguindo a privatização dos aeroportos.
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É sabido que as empresas estatais sempre são mal administradas, pois o fator político sempre pesa nas decisões � veja os casos atuais mais gritantes da Petrobras e da Vale. Conheci somente uma que, apesar de ter a maioria das ações nas mãos do Governo Federal, era produtiva e sem interferências: a Embraer.
Os portos não fogem à regra. São mal geridos, apresentam produtividade abaixo da crítica e tem suas operações caríssimas e muito lentas se comparadas a outros portos do mundo. Não é difícil, portanto, de se concluir que seria preciso um choque de processos e de suas gestões para que a sétima economia do mundo não patinasse pela ineficiência de alguns dentro da cadeia produtiva internacional.
A reclamação e radicalização dos portuários pode ser compreendida - afinal ninguém gosta de perder privilégios -, mas o que devemos contar não são os empregos de alguns mas a capacidade de não se perder empregos de muitos, daqueles que produzem os bens que são exportados e que podem deixar de ter preços competitivos por conta da ineficiência dos portos.
Agora o mesmo (mesmo?) partido entendeu que é necessária a privatização e os sindicatos portuários agitam suas bandeiras.
Novamente se observa que ações absolutamente necessárias para tornar os portos mais competitivos, para reduzir inclusive custos de importação, demoram eras para se transformarem em realidade. Lembro que a opção por importação com alíquotas reduzidas tem sido adotada pelos governos como instrumento de redução de inflação. Logo é imperiosa uma nova estrutura portuária, menos influenciada pelos governantes, portanto privatizada.
Com as seguidas acomodações ficaremos na mesma. Neste caso é puramente falta de coragem em assumir o ônus da algum fracasso na eleição próxima
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É sabido que as empresas estatais sempre são mal administradas, pois o fator político sempre pesa nas decisões � veja os casos atuais mais gritantes da Petrobras e da Vale. Conheci somente uma que, apesar de ter a maioria das ações nas mãos do Governo Federal, era produtiva e sem interferências: a Embraer.
Os portos não fogem à regra. São mal geridos, apresentam produtividade abaixo da crítica e tem suas operações caríssimas e muito lentas se comparadas a outros portos do mundo. Não é difícil, portanto, de se concluir que seria preciso um choque de processos e de suas gestões para que a sétima economia do mundo não patinasse pela ineficiência de alguns dentro da cadeia produtiva internacional.
A reclamação e radicalização dos portuários pode ser compreendida - afinal ninguém gosta de perder privilégios -, mas o que devemos contar não são os empregos de alguns mas a capacidade de não se perder empregos de muitos, daqueles que produzem os bens que são exportados e que podem deixar de ter preços competitivos por conta da ineficiência dos portos.
Foto: Divulgação Appa
Portos públicos como existem hoje devem ser extintos nos próximos anos
Entretanto, é necessário lembrar que a partida para a privatização começou em 1993 com a Lei 8.630. Após este fato, foi implantado o programa de modernização dos portos pelo então presidente FHC. Na época o PT foi contra. Todavia, durante o governo Lula houve coerência, pois nada se avançou na busca de melhorias contínuas, nem a superficial Secretaria Especial de Portos alavancou ganhos de competitividade.Portos públicos como existem hoje devem ser extintos nos próximos anos
Agora o mesmo (mesmo?) partido entendeu que é necessária a privatização e os sindicatos portuários agitam suas bandeiras.
Novamente se observa que ações absolutamente necessárias para tornar os portos mais competitivos, para reduzir inclusive custos de importação, demoram eras para se transformarem em realidade. Lembro que a opção por importação com alíquotas reduzidas tem sido adotada pelos governos como instrumento de redução de inflação. Logo é imperiosa uma nova estrutura portuária, menos influenciada pelos governantes, portanto privatizada.
Com as seguidas acomodações ficaremos na mesma. Neste caso é puramente falta de coragem em assumir o ônus da algum fracasso na eleição próxima
* Hermann Gonçalves Marx possui graduação em Engenharia Mecânica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (1972), especialização em economia industrial pela Universidade Técnica de Aachen (1976), mestrado em Sistemas e Pesquisa Operacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1974) e doutorado em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo (2005). Atualmente é professor convidado da FIA-USP e professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing. Tem grande experiência na área de Administração Empresarial. Atuando principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento endógeno, política industrial, sociedade empresarial, administração pública e economia pública.
http://www.portogente.com.br/texto.php?cod=77811
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