Portuários decidiram na quarta-feira (13), em Brasília, adiar a paralisação marcada para o dia 19. Eles lutam por mudanças na MP 595, que altera o marco regulatório dos portos. Os trabalhadores vão dar nova chance para o Governo e esperam nova rodada de negociações para a próxima semana. A proposta governista tem gerado muitos debates não só do lado dos avulsos. Os empresários também têm dado pitacos nos debates que têm ocorrido no Congresso.
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Filas de caminhões (nos portos): Destino? (I)
“Tolo é o que aponta as estrelas,
mas olha a ponta do dedo”[Sabedoria popular]
mas olha a ponta do dedo”[Sabedoria popular]
Parecem notícias requentadas: “Fila de caminhões no Porto de Santos chega a 18 km”; “As crônicas filas de caminhões em Santos e Paranaguá”; “Fila de navios em Paranaguá causa problemas no Porto de Santos”; “Congestionamentos causam R$ 59 milhões de prejuízos” (em 2 semanas); “Conta da fila em Paranaguá passará de US$ 140 milhões” (só “demurrage”). Nessa época as filas vão ao paroxismo mas, em maior ou menor grau, elas são realidade familiar aos portos brasileiros, quase o ano todo.
Uma constatação e uma informação: Um novo ciclo de reformas portuárias é, sim, imprescindível para se enfrentar nosso “gargalo logístico”; mas portos são, só, a ponta do iceberg! Em termos de “Custo Brasil”(expressão vaga!), os portuários representam, apenas, 20 a 25%. Ou seja, um eficaz esforço por reduzí-lo deve priorizar o resto da cadeia logística.
As reações às filas são também clássicas: De imediato, medidas emergenciais (lógico; necessárias!): “Governo anuncia mudanças para reduzir fila no Porto de Paranaguá”; “Planalto cria grupo de trabalho para tentar evitar apagão logístico”. Para o médio/longo prazo, são aventadas/prometidas mais e novas infraestruturas: Estradas, avenidas, estacionamentos, etc. etc. A recorrência do problema impõe reflexões:
Por que será que inexiste fila de caminhões de cítricos (suco de laranja) no Porto de Santos? Certamente porque o setor concebeu, implantou e gerencia cadeias logísticas multimodais, bem coordenadas, da origem (no interior do Estado) até o destino (em algum ponto no exterior). Alem das filas desprezíveis, quando existentes, tal coordenação resultou em redução de custos logísticos, um dos pilares da competitividade e liderança mundial do Brasil nesse mercado.
Algo semelhante (inexistência de filas) também ocorre com as montadoras automobilísticas: Já de algum tempo, desde que adotaram o “just-in-time”, seus estoques foram reduzidos, chegando a “estoque ZERO” em muitos dos componentes.
Em vários países desenvolvidos (Canadá e Suécia, p.ex.) há muitas cidades cujas casas simplesmente não têm caixa d’água instalada: torneiras e registros estão ligados diretamente ao encanamento da rua! Isso porque a confiabilidade (inverso da probabilidade de falta) do fornecimento é tão alta que as caixas d’água tornaram-se desnecessárias. No Brasil, ao contrário, em muitas cidades a confiabilidade é bastante baixa (ou seja, a probabilidade de falta é alta). Para enfrenta-la, uma caixa d’água é insuficiente; demandando uma segunda, uma piscina portátil ou grandes cisternas.
Esses exemplos contradizem algumas idéias equivocadas, largamente aceitas/arraigadas: i) Que a existência de algum tipo de armazenagem (estoque, caixa d’água, estacionamento, etc.) é imprescindível a qualquer processo produtivo ou de consumo. ii) Que o tamanho dessa armazenagem é direta e inexoravelmente proporcional ao tamanho do fluxo.
... também que mais infraestrutura é a única saída para as filas portuárias. Não! Inteligência, planejamento, organização e gestão certamente podem minimizá-las.
(continua)
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