Novo PIS/COFINS pode prejudicar setor de serviços | |
Setores estratégicos da economia brasileira podem sofrer
com o novo sistema que integrará as taxas do Programa de Integração Social (PIS)
e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). Com o fim
do sistema cumulativo, o qual não gera crédito tributário sobre os insumos,
setores de serviços sairão perdendo com a reforma. As áreas de saúde, educação,
transporte público, telecomunicações; jornais, rádio e televisão, entre as que
podem ser prejudicadas, são as que chamam mais atenção. Hoje, estes setores
pagam 3,65% na soma entre PIS e Cofins devido ao sistema cumulativo. Com a
mudança para o outro sistema, não cumulativo, e que gera créditos sobre os
insumos, pagarão alíquotas maiores sobre as receitas. Além disso, a cobrança
passa a ser feita sobre a receita bruta da empresa, e não mais sobre o
faturamento, aumentando a base de cálculo. A alteração abrange receitas como as
financeiras, que são calculadas a parte do faturamento. Na última semana, Carlos
Al-berto Barreto, secretário da Receita Federal, e Dyogo Henrique Oliveira,
secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, adiantaram que haverá
três faixas de cobrança para o nova contribuição. Porém, também indicaram que as
faixas não serão muito distantes da tarifa máxima, definida como 9,25%. O
motivo, segundo gente próxima à confecção da nova legislação, é a tentativa de
não reduzir drasticamente a arrecadação. O melhor cenário que estes setores
estratégicos trabalham hoje é que as taxas fiquem próximas a 6%, o que seria o
dobro do que pagam atualmente. As medidas que unificarão as contribuições devem
entrar em vigor apenas em 2014, já que os trabalhos devam ser concluídos no
próximo ano.
Mas antes, precisam
passar pela aprovação do Congresso Nacional. O longo trâmite da re-forma sugere
que os setores se mobilizarão para minimizar os efeitos das novas regras sobre
as finanças das empresas. Jorge Zaninetti, sócio do escritório Siqueira Castro,
alerta: apesar do esforço dos empresários que sairão prejudicados, algumas
áreas, inevitavelmente, terão de ser sacrificadas para compensar a queda de
arrecadação. Atualmente, a média de alíquotas cobradas entre PIS e Cofins é de
9,25%. Com a unificação, esta será a máxima. "Setores que pagam menos que isso
terão de arcar com a redução dos que pagam mais. Esta é a famosa calibragem",
afirma. Segundo Zaninetti, pesa o fato dos insumos destes setores serem
majoritariamente intangíveis, e não materiais. "Uma indústria, que para produzir
utiliza 60% de insumos em um produto, consegue bons créditos que serão
descontados no futuro. Mas para o setor de serviços isso é mais difícil de ser
calculado", explica o tributarista. Igor Mauler Santiago, sócio do escritório
Sacha Calmon -Mizabel Derzi Advogados Associados, seria impraticável tamanha
elevação de alíquota para estes setores. "As associações precisam mostrar que as
finanças seriam altamente prejudicadas com a alíquota que se pratica hoje no
sistema não-cumulativo", afirma Santiago. "Embora ninguém pague a taxa nominal
efetivamente, por causa dos créditos, a cobrança de 6% sobre a receita bruta
destes segmentos já seria um abuso", argumenta.
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Brasil Econômico |
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
PIS/COFINS
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