LEGISLAÇÃO

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Porto Maravilha


Porto Maravilha atrai projeto de R$ 3,5 bi


A operadora de shopping centers Westfield, a Related Brasil, a BNCorp e a holding de investimentos do grupo Bueno Netto estão na disputa para desenvolver área de 100 mil metros quadrados no Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, pertencente a fundo imobiliário da Caixa Econômica Federal. Juntas, as empresas pretendem erguer, no local, o projeto Porto Cidade, que abrange torres de escritórios comerciais, empreendimentos residenciais, hotéis e um shopping center, com Valor Geral de Vendas (VGV) total de R$ 8 bilhões. A resposta da Caixa se o projeto aprovado é o apresentado por esse grupo é esperada para daqui a duas ou três semanas.

Os investimentos conjuntos pelo grupo, durante oito anos, são estimados entre R$ 3,2 bilhões a R$ 3,5 bilhões. Parte dos recursos são dos próprios sócios das empresas. Outra parcela será obtida por meio de financiamento à produção, e há possibilidade que um fundo imobiliário seja criado para captar recursos para alguns empreendimentos do projeto Porto Cidade.

Além do terreno, o Caixa Fundo de Investimento Imobiliário Porto Maravilha possui os Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs), que possibilitam aumentar o potencial construtivo da área. Ainda não está definido qual será a fatia que a Caixa terá no projeto por ser a permutante.

Estão previstas duas torres residenciais, duas corporativas e uma mista, com grandes lajes e saletas

O projeto será desenvolvido em cinco fases que terão, no total, um milhão de metros quadrados, com previsão de início em meados do ano que vem e de conclusão em 2022. O primeiro lançamento será o Porto Cidade Shopping, âncora do complexo multiuso. Ao mesmo tempo, será lançada uma torre corporativa de padrão triple A. A área bruta locável (ABL) prevista, inicialmente, para o shopping é de 80 mil metros quadrados, com previsão de aumento para 125 mil metros quadrados futuramente. Os investimentos projetados para o shopping são de R$ 1,2 bilhão.

O shopping terá como foco inicial as classes B e C, mas, em dez anos, com a revitalização da área, poderá abranger também a classe A, conforme o diretor de operações da Westfield Brasil Investments Participações, Peter Huddle. "Há uma lacuna de competidores de qualidade na região do Porto Maravilha", afirma Huddle. Segundo ele, a australiana Westfield, que é uma das maiores operadoras globais de shoppings, pretende trazer varejistas que ainda não operam no país para o empreendimento. As demais empresas que formam o Projeto Cidade não vão participar do shopping.

Juntas, BNCorp - joint venture entre a Bueno Netto e a gestora de private equity Blackstone -, a holding de investimentos do grupo Bueno Netto e a Related Brasil vão desenvolver três torres comerciais, com área de 230 mil metros quadrados, 1.340 unidades residenciais com foco na classe média e mil unidades hoteleiras, entre suítes de hotel, flats e branded residences (apartamentos com serviços de hotel). As conversas com quatro grupos hoteleiros para definir as bandeiras a serem utilizadas no projeto já começaram.

No segmento residencial, serão erguidas duas torres, sendo a primeira delas com unidades compactas e, posteriormente, uma com apartamentos de maior porte. No comercial, serão duas torres corporativas e uma mista, com grandes lajes e saletas.

A ideia de desenvolver o projeto partiu do grupo Bueno Netto, que buscou parceria com as outras empresas. Conforme o presidente da BNCorp, Ricardo Antonelli, o desenvolvimento começou há quase um ano, e a oferta formal foi apresentada à Caixa 30 dias atrás. "Não há muitos operadores capazes de desenvolver um projeto deste tamanho", diz o presidente da Related Brasil, Daniel Citron.

A piora das condições macroeconômicas não intimidou os participantes do Porto Cidade a apostar na oferta desse projeto, que será um dos maiores das empresas do grupo Bueno Netto e da Related Brasil, e que marca a volta da Westfield no desenvolvimento de shopping no país.

Em abril, a Westfield vendeu a participação de 50% que detinha em cinco shoppings da empresa Almeida Júnior, em Santa Catarina. A compra, realizada em 2011, foi o primeiro investimento do grupo em mercados emergentes.

"A economia brasileira está ruim em relação ao que poderia estar, mas, razoavelmente bem, na comparação com a de outros emergentes. Se pensarmos num ciclo imobiliário de três a quatro anos, o mercado residencial está muito bom", diz Citron.

Já o presidente da BNCorp ressalta o "mercado bastante sólido" para edifícios corporativos no Rio de Janeiro e em São Paulo, enquanto Huddle destaca a importância do aumento da renda da população para o setor de shopping centers.

No momento, Related e Bueno Netto estão definindo o projeto conjunto a ser desenvolvido na Marginal Pinheiros, em São Paulo, em dimensões semelhantes ao do Rio, que poderá contar também com a participação da Westfield, mas os detalhes não foram divulgados.

Fonte: Valor Econômico/Chiara Quintão | De São Paulo

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