LEGISLAÇÃO

sexta-feira, 26 de julho de 2013

PAÍS ESTÁ NA MÉDIA MUNDIAL DE LIBERAÇÃO DE CARGAS ...



PAÍS ESTÁ NA MÉDIA MUNDIAL DE LIBERAÇÃO DE CARGAS E, COM ALGUNS AJUSTES, PODERÁ ATENDER AO PROGRAMA PORTO 24 HORAS

O Programa Porto 24h, anunciado em abril de 2013 pela Secretaria Especial de Portos (SEP) para ampliar o funcionamento nos portos e aeroportos, é uma medida positiva para o comércio exterior. Estudos apontam que a ação pode aumentar em até 30% a movimentação nos portos e reduzir em 25% o tempo de liberação das cargas, agilizando as operações e evitando prejuízos aos importadores e exportadores que arcam com altos custos de armazenagem da mercadoria. Segundo dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o tempo médio para desembaraço aduaneiro no Brasil, quando há necessidade da intervenção de um órgão anuente, é de 5,5 dias. Mas no caso de mercadorias liberadas no canal verde, a média cai para 2,5 dias, ou seja, abaixo da média mundial.
Da forma como é realizado hoje, o atendimento nas zonas primárias do País é incompatível com a realidade das grandes economias mundiais que possuem portos com atendimento ininterrupto, como Holanda, China e Estados Unidos.
A medida anunciada pela SEP e já em vigor nos portos de Santos, Rio de Janeiro e Vitória é positiva para o desenvolvimento da economia brasileira. Entidades representativas dos profissionais do setor já defendem o funcionamento 24 horas, como, por exemplo, o Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil (Sindireceita), que lançou uma campanha com essa finalidade.
Contudo, o novo sistema de operação foi anunciado às vésperas da implantação, sem o devido planejamento e estrutura, já que o atual quadro de funcionários nos órgãos anuentes é insuficiente para atender à demanda.
Por outro lado, a colaboração dos importadores e exportadores também é essencial para o sucesso da medida. Temos conhecimento de situações em que a carga permanece nos armazéns por até 20 dias após a chegada ao País, aguardando que o empresário reúna o montante necessário para o recolhimento dos tributos. Quando isso ocorre, há uma grande cobrança, sobre os órgãos anuentes e sobre os despachantes aduaneiros, para que a mercadoria seja desembaraçada a curto prazo. A revisão dessa prática possibilitará aos envolvidos as condições necessárias para desempenhar suas atividades.
É necessário ainda um eficaz planejamento dos órgãos responsáveis pela liberação das mercadorias, para que ofereçam a adequada estrutura de atendimento; mas também dos empresários, para que utilizem as opções de horários oferecidos, justificando o atendimento em tempo integral. Certamente, a utilização dos horários da madrugada levantará outras questões aos empresários, como a garantia da segurança da carga e o investimento em mão de obra para realização dos serviços.
Levando em consideração todos esses fatores, é possível concluir que, além de estender o horário, é preciso priorizar a qualidade. Se o País tivesse um número adequado de servidores, agilidade dos órgãos anuentes e planejamento por parte dos importadores e exportadores, a grande maioria das operações poderia ser efetuada em horário comercial. Nesse caso, os empresários que desejassem poderiam requerer o atendimento em horário diferenciado, recorrendo ao já existente plantão 24 horas, para produtos perecíveis, materiais radioativos, medicamentos e outras prioridades.
Mais do que ampliar o horário, arrumar a casa traria inúmeros benefícios aos despachantes aduaneiros, empresários, comunidade aduaneira e, principalmente, ao País.
Autor(a): VALDIR SANTOS
Presidente do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros de São Paulo (Sindasp)



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