LEGISLAÇÃO

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Importações



Controle de importações seria forte retrocesso


Dilma Rousseff deve chegar ao ano eleitoral de 2014 cheia de problemas. No front externo, o déficit de transações correntes deve superar US$ 75 bilhões este ano e só em parte será compensado por investimento estrangeiro. Na economia, a presidente que comandou a queda dos juros básicos é obrigada a elevá-los, não porque deseje, mas para evitar acirramento da inflação. De olho na inflação, o governo reluta em aprovar um mais do que necessário reajuste para combustíveis, mas ninguém pode medir com exatidão os efeitos sobre as contas da Petrobras – estatal que herdou da era Lula uma elogiável política de conteúdo local, mas que tem um custo alto a ser pago. Eletrobras e suas subsidiárias estão descapitalizadas, enquanto investidores privados em energia parecem estar com o pé atrás.

Nesse ambiente, surge uma informação que, se confirmada, será um tiro no pé. Segundo circula em ambientes empresariais, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, estaria pensando em adotar operação tartaruga na aprovação de importações. Seria feita uma análise caso a caso de cada importação. O governo poderia fazer isso de forma clara e educada, deixando o dólar subir – o que é natural desestímulo a compras externas e à viagens de turistas brasileiros para fora do país – mas veria a inflação subir.

A política de se colocar guias de importação nas gavetas e deixá-las envelhecer jamais deu certo. Foi usada pelo Brasil na época na antiga Cacex, com os resultados de sempre: injustiças eram cometidas, parceiros comerciais se irritavam e havia denúncias de corrupção – o que é sempre citado toda vez que empreendedores dependem do carimbo de um burocrata. A vizinha Argentina aplica essa política e só não recebeu uma raquetada do Brasil devido aos laços que ligam Dilma Rousseff a Cristina Kirchner.

Portanto, se as contas externas estão em desalinho, o governo tem meios de fechar a torneira de importações de forma aberta, principalmente se esclarecer ao mundo que se trata de política emergencial. Mas liberar licenças de importação a contagotas,de acordo com a cara e o prestígio do freguês, não é recomendável. Embora se trate apenas de um balão de ensaio, a simples alusão a essa política merece repúdio.
Fonte: Monitor Mercantil

http://www.portosenavios.com.br/site/noticias-do-dia/geral/23330-controle-de-importacoes-seria-forte-retrocesso

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