Volume de importações preocupa
Autor(es): Por Rosangela Capozoli | Para o Valor, de São Paulo
Valor Econômico
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Em meio a tanto calor, a indústria de equipamentos para climatização é um dos setores que mais comemoram bons negócios. Com salários melhores e parcelamento de pagamento, os consumidores substituem o ventilador por aparelhos de ar-condicionado. De outro lado, as empresas instalam sistemas mais sofisticados para garantir a segurança de seus equipamentos, a qualidade dos produtos e a saúde de seus funcionários.
Aliado a esses fatores, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) reduziu a alíquota de Imposto de Importação do Mercosul, em 1º de setembro, para aparelhos de ar-condicionados e unidades condensadoras, de 35% e 25%, para 18%, respectivamente, tornando-os ainda mais desejáveis. Em alguns casos, os importados chegam a custar entre 40% e 50% mais barato que um similar nacional. O resultado é o esperado: aumento das vendas e incremento das importações.
"O crescimento das vendas de ar-condicionado se deu primeiramente devido ao preço e oferta de equipamentos, além do crédito facilitado, permitindo às famílias de classes C, D e até E adquirir o aparelho. De modo geral, o mercado de equipamentos climatizados teve um aumento real de 4% neste ano em relação ao ano anterior", diz Denilson Forato, coordenador do departamento de economia e estatística da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).
Em 2011, a receita atingiu cerca de R$ 24 bilhões. A previsão para 2013 é positiva. "Os grandes projetos dependem de grandes obras e a área de construção civil projeta crescimento de 4% no próximo ano. Diante dessa estimativa, nossa avaliação para o próximo ano é de acréscimo de 6% para o setor de ar-condicionado", afirma.
Obras de infraestrutura direcionadas para a Copa 2014 e para a Olimpíada de 2016, mais a demanda esperada em torno de alguns projetos de energia e exploração da camada do pré-sal são outros fatores que estimularão as áreas de ar-condicionado e refrigeração em geral. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 11% das famílias brasileiras têm sistema de climatização em seus lares. Dados do Sindicato da Indústria de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento de Ar no Estado de São Paulo (Sindratar) apontam que em 2011 o Brasil comercializou 3,668 milhões de unidades de aparelhos de ar condicionado do modelo split, dos quais 54% foram importados basicamente da China.
"A diferença de preço varia entre 30% e 40% por conta dos programas de incentivo às importações sobre Estados como Santa Catarina e Espírito Santo", diz José Rogelio Medela, presidente do Sindratar. Segundo ele, de janeiro e setembro deste ano, o total comercializado atinge 1,8 milhão de unidades, das quais 35% importadas. Medela atribui a retração ao pedido de proteção que vem sendo feito pelos fabricantes nos dois últimos anos, acrescentando que o governo federal tentou proteger os produtores Nacionais ao aumentar o Imposto de Importação no ano passado, mas não foi o suficiente para "barrar" os chineses.
"É preciso proteger a indústria nacional contra ações predatórias", diz Benjamim Sicsú, vice-presidente de novos negócios da Samsung. A empresa, no entanto, importa equipamentos do mercado chinês. "A Samsung importa equipamentos do tipo MultiSplit, que representam um volume baixo de venda em relação ao mercado total. Os produtos vem das plantas na China e representam muito pouco do nosso volume de vendas, porém tem havido crescimento", afirma Alvaro Ruoso, gerente de produto de condicionadores de ar da Samsung. Ele, no entanto, prefere não quantificar o volume.
As empresas são clientes de peso na composição das carteiras dos fabricantes de equipamentos para climatização. A atuação dos órgãos fiscalizadores, tanto do Ministério do Trabalho quanto da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa), tem sido fator importante na alavancagem das vendas, afirma Marcus Vinicius Ciocci, engenheiro da ADD Electronics.
"Além do calor característico do Brasil, temos agora uma situação mais saudável das indústrias. A preocupação com condicionamento térmico - tanto para os produtos como para o conforto dos funcionários - sempre existiu, mas que sempre esteve atrelada ao caixa das empresas", afirma Ciocci. "Hoje, elas estão destinando uma parte dos seus resultados à área de climatização. Outro fator é a presença maior dos órgãos reguladores tanto na área de perecíveis como no tempo de estocagem dos produtos dentro das empresas."
Há 12 anos no mercado, a ADD, fabricante de micro pulverizadores - usados no resfriamento de telhados -, deverá encerrar o ano com um crescimento no volume de negócios de 10% em relação a 2011. "Para o próximo ano, mantemos a perspectiva de crescimento, apesar de dúvidas sobre a economia brasileira", diz. A empresa tem como clientes indústrias com grandes áreas de armazenamento e centros de distribuição com telhados que variam entre 500 e 100 mil metros quadrados. A tecnologia de resfriamento evaporativo é uma solução corretiva da carga térmica. "Não permitimos que o calor entre pelo telhado. O equipamento reduz de 60 graus para 30 graus a temperatura e internamente há uma queda de temperatura em torno de 6%."
http://greenconsultores.blogspot.com.br/2012/12/volume-de-importacoes-preocupa.html
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