LEGISLAÇÃO

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

DEFICIÊNCIAS NO TRANSPORTE CUSTAM 30 BILHÕES AO BRASIL, DIZ CNI


DEFICIÊNCIAS NO TRANSPORTE CUSTAM 30 BILHÕES AO BRASIL, DIZ CNI



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O mais completo e longo estudo sobre o transporte no país mostrou que anualmente o Brasil pode desperdiçar R$ 30 bilhões por usar caminhos antigos e tortuosos para transportar suas mercadorias.

O trabalho, realizado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) nos últimos quatro anos com a consultoria Macrologística, levantou os custos de transporte das empresas para usar as atuais rodovias, ferrovias, portos e hidrovias brasileiras e quais seriam os caminhos que no futuro reduziriam mais os custos com esse item, que representa algo próximo de 7% do PIB nacional.

Após levantamento em quatro regiões, o trabalho relativo ao Sudeste será divulgado nesta segunda (26) e apontará que o investimento em oito grandes eixos de transporte levaria em 2020 a uma redução de custos de transportes de cerca de R$ 10 bilhões/ano (5% dos gastos previstos).

SAÍDA PARA INFRAESTRUTURA - Oito projetos no Sudeste fariam país economizar R$ 10 bilhões por ano com transporte

Tipo Eixo Principais cargas Investimento total Investimento Economia potencial anual
(em R$ bilhões) a fazer (em R$ bilhões) (em R$ bilhões)


Duto +
Ferrovia Ferroduto e Ferrovia, Minério de ferro 3.665 3.655 1.151
via Morro do Pilar
– Nhaque (MG)
– Linhares (ES)


Ferrovia Ferrovia Grão Mogol (MG) Minério de ferro 6.127 6.127 2.83
– São Mateus (ES)



Ferrovia Expansão da Ferrovia ALL Grãos, combustíveis 4.551 3.456 0.372
+ Porto Mato Grosso-Santos e contêineres



Ferrovia EF-354, Grãos e minério de ferro 9.711 26.386 3.552
via Anápolis (GO)
– Ipatinga (MG)
– Açu (RJ) , é parte
da ferrovia bioceânica


Das obras consideradas, a grande maioria consta há ao menos uma década nos planos do governo, mas a execução patina na falta de recursos e de planejamento e na burocracia.

O caso da rodovia Presidente Dutra é emblemático. Na concessão, realizada em 1996, havia a previsão de construção de uma nova pista na serra das Araras (RJ) num trecho sinuoso em que caminhões de grande porte têm dificuldade para trafegar.

A obra não foi feita e há ao menos quatro anos o governo e a concessionária negociam uma forma de fazer a nova pista. Em agosto, foi anunciada como projeto do PIL 2 (Programa de Investimento em Logística), mas só deve começar em 2016.

A nova pista da Dutra, aliada a outras grandes obras já em andamento, como a duplicação da serra do Cafezal, na Régis Bittencourt (SP), e o Rodoanel Norte (SP), teriam o potencial de reduzir os custos de transportes para as empresas em R$ 716 milhões por ano no início da próxima década.

Economia grande também, de R$ 372 milhões/ano, seriam a duplicação da ferrovia que liga Mato Grosso ao porto de Santos (SP) e o aumento da capacidade de receber navios desse porto. Todas essas obras estão sendo realizadas, mas ainda longe de ficarem como prevê o estudo.

Wagner Cardoso, gerente-executivo de infraestrutura da CNI, disse que a intenção do órgão é colaborar com trabalhos que o próprio governo já faz para planejar o desenvolvimento do transporte no país. Segundo ele, o fato de muitas obras se arrastarem é decorrente dos problemas com desapropriações e licenças. "Essas são partes que deveriam ficar com o governo, e não com o empreendedor."

OUTRAS REGIÕES

A situação das obras no Sudeste é muito parecida com a de outros dez eixos considerados prioritários das outras quatro regiões, identificados nas pesquisas anteriores. Todos já estiveram em algum plano governamental, muitos têm obras iniciadas, mas não conseguem ficar prontos.

É o caso da ligação entre Mato Grosso e o Pará pela BR-163, chamada por Cardoso de "joia da coroa" da infraestrutura do país. É dos projetos com maior potencial de redução de custos (R$ 2,2 bilhões/ano), já que poderia levar cargas do agronegócio ao Norte e trazer cargas industriais em direção ao Sul, algo raro num eixo logístico.

"Quando ficar pronto, muda tudo no Brasil. Estamos apostando que sai, mesmo com esse céu que não é de brigadeiro", diz Cardoso, que acredita no fim das obras da rodovia até 2018.

Outro projeto considerado por ele de grande valor seria a reforma dos portos do Nordeste para que eles possam ampliar o transporte de cargas entre as capitais pelo mar, a cabotagem.

Mas, segundo ele, os projetos previstos pelo governo de ampliar os terminais, que são operados pela iniciativa privada, não vão dar grandes resultados se empresas que administram os portos, chamadas companhias Docas, não forem privatizadas.

"Porto é como shopping. O que adianta ter uma loja linda, que é o terminal, se o administrador do shopping, que é a Companhia Docas, não faz propaganda, estacionamento, deixa a loja sem luz?"

Fonte: Folha de São Paulo/DIMMI AMORA DE BRASÍLIA

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