Monitoramento de contêineres via satélite é tema de pesquisa
Ideia dos estudantes da Universidade Paulista (Unip) é instalar chips nos cofres para rastreá-los eletronicamente
JOSÉ CLAUDIO PIMENTEL
Ideia é abrir a possibilidade de escolha do serviço
Você quer monitorar a sua carga, minuto a minuto, para poder ter a certeza de que ela vai chegar ao destino no tempo planejado? O recurso pode ajudar na troca de informações entre cliente e transportador, além de garantir a segurança dos prazos originalmente estipulados pelas duas partes.
Incipiente no mercado de importação e exportação, as possibilidades dessa ferramenta são alvo de um projeto acadêmico de alunos do curso de Comércio Exterior da Universidade Paulista (Unip), de Santos. A ideia é atender, a baixo custo, uma demanda do mercado que, segundo a pesquisa, tem se tornado recorrente.
“Depois de despachar a carga, o cliente insistentemente quer saber onde ela está e como está. Por onde passou e por onde vai passar”, diz o estudante Nathan Nogueira, de 24 anos. Ele, que já trabalha na área, sente na pele as necessidades e o atraso tecnológico que o setor ainda enfrenta.
Nogueira explica que hoje o sistema de rastreamento é alimentado por “mão humana”. Isto é, está sujeita a erros. O sistema funciona como praças de pedágio para carros. A cada ponto que chega, a carga é registrada, mas não dá a precisão exata de onde realmente está, o caminho que percorreu ou o que ainda vai percorrer.
Por isso, o grupo de estudos criou um projeto do sistema de monitoramento via satélite. Ele foi chamado de Smart Tracking Container, ou Rastreamento Inteligente de Contêineres.
A ideia é que ele funcione como os equipamentos que normalmente são vistos sobre a cabine de um caminhão. Eles informam, em tempo real, onde o veículo está. A proposta dos alunos da Unip, porém, é direcionado para as caixas metálicas.
“Queremos colocar pequenos chips nos contêineres que seguem viagem nos navios. Eles serão responsáveis por transmitir as informações”, completa a aluna Camila Duarte, de 21 anos, que também trabalha no comércio de importação e exportação. Ela já enxerga o crescimento de demanda de informação no mercado.
Os estudos, ainda iniciais, mostram que os equipamentos utilizados podem ser sustentáveis. Isto é, são recarregados por energia solar e a bateria capaz de durar a viagem que as caixas metálicas percorrerão.
“Ele já sai do terminal totalmente carregado e operante, transmitindo as informações”, explica Camila.
Alunos do curso de Comércio Exterior, que já atuam na área, identificaram a demanda do mercado
Os estudantes estimam que os contêineres com os equipamentos de rastreamento teriam custo elevado em aproximadamente US$ 50,00. Da mesma forma, enquanto a ideia não é totalmente aplicada, haveria a possibilidade de o cliente escolher em ter ou não o recurso, cobrado separadamente.
Além disso, o grupo de estudo destaca a utilização do chip para garantir que o contêiner de volta ao armador. Eles exemplificam problemas de abandono das caixas metálicas são comuns em alguns continentes, como em países da África. Lá, os contentores podem ser utilizados como moradias.
“A ideia também é oferecer mais garantias ao próprio dono do contêiner”, lembra Nathan. Assim, espera-se a redução de gastos não só com a recuperação da caixa, que em alguns casos chega a ser localizada após a desova, como também a própria reposição dela.
Além de Nathan e Camila, o projeto de estudo dos estudantes do terceiro semestre do curso integra os colegas Ana Guimarães, de 22 anos, Danielle Silva, de 33 anos, e Luiz Henrique Gouveia, de 51 anos. Todos trabalham na área e ajudaram a identificar a demanda do monitoramento.
Projeto
A pesquisa dos estudantes de comércio exterior também destacou o que o mercado oferece em termos de monitoramento das cargas de importação e exportação. O trabalho, que ainda segue em aprimoramento, demonstrou problemas nesse processo.
A tecnologia atual informa as datas da retirada do contêiner vazio, de entrega no terminal de embarque, de embarque e ainda as previsões de conexão e saída do porto de transbordo e de chegada no destino, além do registro de chegada no destinatário final. Todos esses dados são computados por funcionários.
O projeto acadêmico, entretanto, prevê aprimorá-lo em quatro grandes eixos: o rastreamento em tempo real do contêiner, a facilidade e agilidade em obter informações por parte da companhia marítima, informação sobre temperatura do equipamento e dados sobre desvios de rotas negociadas previamente.
“Essa é uma demanda do mercado que está sendo discutida dentro da sala de aula. Entendemos que é viável, pois já se tornou uma necessidade”, destaca a professora Helena Lourenço, responsável pela disciplina de plano de negócios.
Helena acredita na execução do projeto e no seu aproveitamento não só para o mercado portuário. Ela considera a possibilidade de monitoramento em tempo real chegar às pessoas comuns.
“Nós todos temos a necessidade de saber onde está tudo o que despachamos. Se chegou ou não e se não vai chegar. Estar ‘em trânsito’ não é mais suficiente”. finaliza.
http://www.atribuna.com.br/noticias/noticias-detalhe/porto%26mar/monitoramento-de-conteineres-via-satelite-e-tema-de-pesquisa/?cHash=70102179148a16da1c44453cf24542ed
Nenhum comentário:
Postar um comentário