A situação dos Portos Brasileiros
MÁRCIO DIAS
Para que haja um crescimento dos negócios internacionais, é necessário que a infraestrutura logística de um país seja capaz de operacionalizar com eficiência as operações de importação e exportação. Uma realidade para os países desenvolvidos e em desenvolvimento, como é o caso do Brasil.
A definição do conceito de logística por si só já explica o que representa, ou seja, eficiência do armazenamento e deslocamento de materiais e mercadorias entre o ponto de origem e o ponto de destino. Para isso, é necessário que haja excelências de operações nos processos de armazenagens de operações dos modais de transportes, tais como Aéreo, Aquaviário, Dutoviário, Ferroviário e Rodoviário, nas operações da logística interna brasileira, o que realmente não acontece.
A infraestrutura brasileira apresenta sérios problemas no que diz respeito às operacionalizações dos diversos modais, para atender as necessidades atuais da comercialização internacional, tais como:
- Disponibilidades aquém do necessário;
- Falta e/ou Planejamento adequado, baseados em demandas;
- Baixos Investimentos Reais (Governo e Empresas Privadas);
- Pouca disponibilidade de profissionais especializados no setor logístico, desde as áreas governamentais até as empresas privadas, em todos os níveis, a partir de profissionais estratégicos até aos operadores de equipamentos de movimentações de cargas;
- Sérias deficiências de acessibilidade aos portos dos diversos modais, bem como vias de acessos inadequados, sem reestruturação / investimentos há vários anos;
- Problemas de inadequação da intermodalidade, ou seja, ausência de grandes preocupações com a integração dos modais com objetivos claros de eficiência nos processos de movimentações;
- Aspectos sindicais / trabalhistas nas operações portuárias brasileiras.
O Brasil precisa abrir uma ampla discussão entre os vários setores envolvidos, com o objetivo de desbloquear estas restrições / gargalos, para agilizar a Logística de Operações Internacionais, visando concorrer com vantagem competitiva com os outros países do mundo.
Atualmente se fala muito em Gargalos Logísticos e muito pouco se faz para superá-los, embora digam que fazem parte dos "investimentos futuros em infraestrutura" (são obras demoradas), mas que na prática, tais investimentos ficam muito aquém do "planejado", e aí as mudanças são muito poucas perto das demandas necessárias. Os portos federais brasileiros gastaram apenas 28,5% dos recursos previstos pela União entre os anos de 2000 e 2013 (Fonte: Sistema de Informações Estatais do Ministério do Planejamento). Por que só 28,5%?
O Brasil continua crescendo em quantidade de carga movimentada, mesmo em patamares modestos, mas somente com planejamento e execução de projetos sobre previsão de investimentos, investimentos reais, identificações dos motivos da não concretização dos objetivos esperados é que conseguiremos deixar uma infraestrutura bem mais favorável do que a atual para nossos descendentes.
Márcio Dias é professor do curso de Administração da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Artigo publicado pelo site administradores.com, em 22 de março de 2014.
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