Economia global favorece exportações brasileiras a árabes
Considerando o atual cenário econômico interno e externo, uma boa maneira de ter ganhos pelas empresas no Brasil é investir nas relações comerciais com os países árabes. A orientação é do economista José Roberto Mendonça de Barros, que falou a empresários brasileiros, durante evento sobre comércio exterior promovido pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.
Isso porque, segundo o especialista, os maiores parceiros comerciais do Brasil - entre eles, China, Estados Unidos, Argentina e países da zona do Euro - irão desacelerar, estabilizar ou recuperar de forma mais lenta as importações de produtos brasileiras. Dessa forma, "o relacionamento com os árabes pode crescer porque esses países têm uma base econômica grande, possuem uma população relevante e são muito dependentes de produtos importados que o Brasil oferece, especialmente alimentos, setor em que somos fortes", afirmou Mendonça de Barros.
Durante a palestra "Perspectivas da Economia Brasileira", o economista reiterou que uma das formas que o Brasil tem para enfrentar esse desafio é ampliar suas relações comerciais com os outros países e exportar mais. Ele ainda ressaltou que existe espaço para aumentar as vendas às nações do Oriente Médio. "O Brasil vai sofrer muito e as exportações para outros destinos, quem sabe aquelas para o Oriente Médio passam a valer mais", completou.
Crescimento
Mendonça de Barros destacou que o Brasil terá um ano difícil, considerando os mercados interno e mais tradicionais de exportação. No entanto, a busca por mais negócios com outras regiões do globo deve auxiliar à retomada do crescimento. Segundo ele, a economia global continua a se recuperar e o crescimento está sendo impulsionado pelos países ricos. O Brasil, porém, deverá enfrentar um ano menos favorável devido às crises econômicas e políticas em nações emergentes e à seca que atinge o País.
As previsões da MB Associados, consultoria da qual o economista é sócio-fundador, indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deverá crescer 1,6% neste ano e não mais do que 2% em 2015. A taxa de câmbio deverá encerrar 2014 com o dólar cotado a R$ 2,60 e a inflação oficial deverá ser de 6,5%, no limite da meta estabelecida pelo Banco Central.
Barros observou que o governo brasileiro terá que administrar desafios no setor energético, que vive "uma situação extremamente complicada" por causa da falta de chuvas e do consumo em alta, e administrar a alta da inflação, que deverá ser pressionada pelos preços das commodities. Valores de produtos agrícolas estão subindo em decorrência da quebra de safra de culturas como a do café, por exemplo. Todos esses desafios chegam em ano eleitoral, em que o governo evita adotar mudanças que prejudiquem a população.
Além dos problemas no cenário interno, os países emergentes em crise devem prejudicar o Brasil. É o caso de perdas com os vizinhos Venezuela e Argentina, mas também devido a problemas políticos na Tailândia, Ucrânia e Turquia, e econômicos na África do Sul.
Árabes
O presidente da Câmara Árabe, Marcelo Sallum, também afirmou que as exportações brasileiras para os países árabes podem crescer e o empresariado deve olhar o setor externo como uma oportunidade. Ele enfatizou, ainda, que o Brasil continua enfrentando o embargo à carne bovina imposto pela Arábia Saudita e que esse desafio pode ser superado com a organização de uma missão empresarial acompanhada por um "alto integrante" do governo brasileiro.
As estimativas de Barros para a economia mundial são de continuidade da recuperação nos Estados Unidos e no Japão, estabilidade no crescimento da China e uma retomada gradual na Zona do Euro. O Japão, afirmou Barros, está conseguindo enfrentar a deflação, que faz cair os preços dos produtos. A China enfrenta desafios políticos internos, mas mesmo assim deverá manter o crescimento em torno de 7,5%.
Já a Zona do Euro ainda tem economias em grandes dificuldades econômicas, como é o caso da Itália, com 12% de desemprego, e da Espanha, com 25%. Estes dois países, contudo, têm apresentado reações nos últimos meses. Mesmo assim, disse Barros, a moeda única tem se mostrado desvalorizada e favorável ao desempenho da estável economia alemã, mas não à Itália, por exemplo, que tem custo de produção maior, retração industrial e dificuldade de negociar suas dívidas, uma realidade que a Alemanha hoje desconhece.
A palestra de Barros atraiu aproximadamente 50 pessoas, entre empresários e executivos. Foi a primeira de 2014 do Ciclo de Palestras da Câmara Árabe, organizado pelo ex-diretor da instituição Mário Rizkallah. O economista convidado tem pós-doutorado em economia pela Universidade de Yale, nos Estados Unidos, foi professor da Universidade de São Paulo e secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda no primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-1998).
A Câmara de Comércio Árabe-Brasileira representa 22 países árabes, foi fundada em 1952 e tem como missão aproximar comercialmente o Brasil dos países árabes, incrementando intercâmbios culturais e turísticos entre árabes e brasileiros. A entidade oferece diversos serviços, como certificação de documentos, informações de mercado, traduções, realização eventos e workshops. Disponibiliza, também, o Espaço do Conhecimento Comercial, um centro de referência para pesquisas das relações entre o Brasil e os países árabes.
Fonte: economia SC
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