LEGISLAÇÃO

quarta-feira, 5 de março de 2014

Desempenho do comércio exterior tira fôlego da economia


Desempenho do comércio exterior tira fôlego da economia

Valor Econômico - Rodrigo Pedroso

O comércio exterior afetou negativamente o Produto Interno Bruto (PIB) do país no ano passado, em função do forte aumento das importações e do crescimento modesto das exportações. Esse descompasso tirou 0,9 ponto percentual do indicador de atividade em 2013, segundo cálculos da LCA Consultores. Se o setor externo tivesse repetido o desempenho do ano anterior, quando a troca de bens nem contribuiu, nem jogou contra o PIB, a economia teria crescido 3,2%.

A expectativa dos analistas para este ano é que o setor externo dê pequena contribuição para o crescimento da atividade ou, ao menos, caso a balança comercial venha abaixo das expectativas de superávit, tenha impacto negativo menor na economia brasileira

Os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que as importações cresceram 8,4% e as exportações 2,5% ano passado, com reversão dessa tendência no último trimestre. Como consequência, a participação das importações na composição do PIB aumentou de 14% em 2012 para 15,1% em 2013. As exportações permaneceram com 12,6% de participação. O superávit da balança comercial brasileira no período encolheu de US$ 19,4 bilhões para US$ 2,6 bilhões.

A conta de 2013 fica ainda pior quando retiradas as exportações de plataformas de petróleo. O efeito negativo do comércio exterior na atividade teria sido de 1,1 ponto percentual. Se fosse contabilizada como investimento, a produção das plataformas apareceria como aumento da Formação Bruta de Capital Fixo (FCBF). De acordo com Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores o crescimento do investimento no ano passado, com as plataformas, teria sido de 8,2% em vez dos 6,3% registrados pelo IBGE.

As plataformas também apareceram com forte influência no crescimento de 4,1% das exportações observado no quarto trimestre do ano passado ante o trimestre anterior, feito os ajustes sazonais, de acordo com José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Nos últimos três meses do ano passado, a Petrobras exportou US$ 4,5 bilhões em plataformas. "Tanto que o aumento da exportação no ano teve um ritmo bem menor, mais em linha com o comportamento geral das vendas ao exterior", diz.

O resultado gerou, ao contrário do verificado no desempenho do ano, uma contribuição positiva do comércio exterior no PIB no quarto trimestre. "A absorção interna contribuiu com 0,2 ponto percentual da alta de 0,7% da atividade no último trimestre", calcula Borges.

As importações, por outro lado, na comparação trimestral, apresentaram recuo pelo segundo período consecutivo, com a queda de 0,1% no quarto trimestre. A desvalorização cambial e o arrefecimento do consumo das famílias explicam o resultado positivo para o comércio exterior, segundo Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria.

"Houve uma mudança de dinâmica no cenário do comércio exterior, com as importações perdendo ritmo de forma acentuada. As compras externas caminham muito próximas à atividade. A indústria da transformação, grande compradora de insumos, caiu 0,9% no quarto trimestre", afirma Campos Neto.

O analista diz esperar dinâmica similar no primeiro trimestre deste ano. O cenário para o comércio exterior deste ano é de exportações crescendo um pouco mais e importações desacelerando. "O primeiro trimestre vai nos dizer melhor se essa é uma tendência sustentável. Mas com certeza o cenário de incremento forte das importações se encerrou ano passado, o que também ajuda na contribuição do setor dentro do PIB."

Castro, da AEB, e Borges, da LCA, também esperam um cenário exterior menos adverso à atividade neste ano. A contribuição maior deverá vir das importações mais modestas.

http://www.aeb.org.br/noticia.asp?id=2502

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