Porto de Itaqui aquece mercado de grãos no Maranhão
A conclusão da primeira etapa de ampliação do porto de Itaqui, no litoral maranhense, prevista para junho, já ampliou o comércio de grãos no Estado. Segundo o corretor Claudeir Pires, que atua em todo o Norte e Nordeste, as tradings aumentaram o volume de compra de soja neste ano em 30% nos polos do Maranhão.
"As aquisições estão sendo feitas para entrega imediata porque as tradings têm silos próprios e estão fazendo a programação para entregar no porto a partir de junho", disse Pires. Ele afirma, que até o ano passado, as compras eram concentradas entre maio e julho, meses em que a Vale deixava de escoar minério de ferro e cobre por Itaqui e permitia que as tradings utilizassem seu terminal para escoar soja.
Ainda de acordo com o corretor, entre as empresas que aumentaram o volume de compras no Estado estão Ceagro, Algar Agro, Multigrain, Bunge e Cargill.
Leonardo Freitas, diretor superintendente da Algar Agro, confirmou ao Valor que a empresa ampliou o volume de negócios no Maranhão e na região do Matopiba (confluência entre os Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) por conta da inauguração do primeiro berço e armazém do porto, porém não revelou volumes.
"Todas as empresas aumentaram os negócios para enviar a soja entre julho e novembro", disse. Mas ele lembrou que a região já é a principal aposta da Algar há alguns anos, devido a proximidade com o importante mercado consumidor do Nordeste. A empresa estima que vai comprar 1,5 milhão de toneladas de soja nesta safra, volume 11% superior ao do ciclo 2012/13. Desse total, 600 mil toneladas devem ser exportadas por diferentes portos.
Pelos cálculos de Freitas, o escoamento de soja da cidade de Porto Franco, no Cerrado maranhense, onde fica a fábrica de processamento de soja da trading, até Itaqui será 15% mais barato do que enviar os grãos para o porto de Santos, em São Paulo.
Victor Nogueira, diretor da Ceagro, não confirmou que a empresa esteja com planos adicionais de compra de soja na região devido ao crescimento do porto. Disse apenas que a empresa deseja expandir os negócios em todas as regiões do país. "Não nos sentimos confortáveis em antecipar negócios sem saber se as obras estarão realmente prontas no prazo", afirmou o executivo.
O Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram) terá capacidade estática de armazenamento de 500 mil toneladas, compreendendo quatro armazéns com capacidade para 125 mil toneladas cada e movimentação final de 10 milhões de toneladas ao ano em sua segunda fase, prevista para 2019. "Ainda não fizemos os cálculos para saber quanto será possível escoar nesta primeira fase do projeto", afirmou Randal Luciano, gerente executivo do consórcio que administra Itaqui (NovaAgri, Glencore, CGG e Consórcio Crescimento).
Atualmente, o porto maranhense movimenta 2,5 milhões de toneladas de grãos ao ano, volume baixo se comparado ao do porto de Santos, por exemplo, que movimenta 14 milhões de toneladas anualmente. A intenção do governo maranhense e do consórcio, que está investindo R$ 600 milhões, é transformar Itaqui no terceiro mais importante porto do país e o principal exportador das regiões Norte e Nordeste em dez anos.
Fonte: Valor Econômico/Fernanda Pressinott | De São Paulo
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