Transações comerciais entre Brasil e Argentina recuaram em janeiro
Compras de produtos brasileiros por argentinos caíram 13,7% no mês; já o Brasil comprou 23,1%
Cristina Kirchner e Dilma Rousseff: transações entre Brasil e Argentina recuam em janeiro (Eraldo Peres/AP)
Os dados da balança comercial de janeiro apresentados nesta segunda-feira pelo Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (Mdic) mostram que as transações comerciais entre Brasil e Argentina recuaram no primeiro mês do ano. As exportações para o país vizinho registraram uma queda de 13,7% em relação a janeiro de 2013 — levando em conta a média diária de exportações e importações. Já as compras brasileiras diminuíram 23,1% no período.
De acordo com o Mdic, a queda nas vendas para o país vizinho acompanha um recuo visto em todo o Mercosul (bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela), de 6,2% no primeiro mês do ano.
O Ministério explica que a diminuição das exportações ocorreu devido à redução nas vendas de produtos como inseticidas, semimanufaturados de ferro/aço, óleos combustíveis, laminados planos, motores para veículos, minério de ferro, autopeças, polímeros plásticos, bombas e compressores, automóveis de passageiros e veículos de carga.
O Brasil, por sua parte, também reduziu suas compras tanto do Mercosul como da própria Argentina em janeiro (queda de 18,1% e 23,1%, respectivamente). Segundo o Mdic, os produtos cujas compras brasileiras recuaram foram gás, trigo em grão, petróleo em bruto, farinha de trigo, fio-máquina de ferro/aço, automóveis de passageiros e partes, veículos de carga, alho, ônibus e produtos de perfumaria.
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Apesar da queda, o país vizinho continua sendo o 3º maior parceiro comercial do Brasil. Dos cerca de 16 bilhões de dólares em exportações saídas do país, 1,2 bilhão (ou 7,5%) tiveram como destino a Argentina.
Na coletiva de divulgação dos dados, o secretário de Comércio Exterior, Daniel Godinho, disse que as exportações de automóveis para o país vizinho tiveram queda de 15% em janeiro. Contudo, Godinho acredita que ainda é muito cedo para avaliar se a retração das exportações de automóveis já reflete os problemas econômicos que se agravaram no país na última semana, com efeitos diretos no câmbio.
A queda nas exportações brasilerias para a Argentina tem se mostrado uma tendência desde outubro de 2013. Daquele mês até janeiro houve um recuo de 33,75% nas vendas para o país vizinho. Em igual período, contudo, as importações oscilaram entre quedas e altas mensais, mas ainda assim acumulam recuo de 29,7%.
Cenário — O período de queda nas relações comerciais coincide com a piora da situação cambial. De outubro de 2013 até janeiro deste ano, a moeda argentina teve queda de 27,91%.
O movimento de desvalorização se intensificou, contudo, entre dezembro e janeiro. Apenas na última semana do mês passado, a queda do peso frente ao dólar foi de 17%. Esse cenário acontece apesar das iniciativas do governo, desde 2011, de restringir a compra de dólares para impedir a desvalorização do peso e, consequentemente, a explosão dos preços em seu país.
A Argentina enfrenta um cenário de alta volatilidade do câmbio e descontrole inflacionário, que vêm fragilizando ainda mais a economia do país. Acredita-se que a inflação real tenha fechado 2013 próximo a 30%, embora estatísticas oficiais apontem para um indicador bem menor, de apenas 10,9%.
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