Exportador 'ganha' R$ 8,5 bi com câmbio |
Os exportadores brasileiros ampliaram em quase R$ 20 bilhões (cerca de 25%) a receita com o embarque de produtos agropecuários entre janeiro e julho deste ano, na comparação com o mesmo período de 2012. O crescimento se deve ao aumento do volume embarcado e à desvalorização cambial, que mais do que compensaram a queda dos preços no mercado internacional. Somente a alta do dólar em relação ao real contribuiu com um montante de quase R$ 8,5 bilhões. O cálculo compara a receita em dólar das exportações nos sete primeiros meses do ano com a do mesmo intervalo do ano passado, convertida ao câmbio médio de cada período. De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento (Secex/Mdic), as exportações de soja e derivados, carnes in natura, açúcar, café, milho, fumo, couro, suco de laranja e algodão totalizaram US$ 47,3 bilhões no acumulado do ano, um aumento de quase 12%. Convertida ao câmbio médio do período (R$ 2,0678 por dólar), a receita ficou próxima de R$ 98 bilhões. Um ano antes, as exportações desses produtos somavam US$ 42,4 bilhões - ou R$ 78,3 bilhões ao câmbio médio do período (R$ 1,8906). Não fosse a valorização de 9,3% do dólar, as mesmas exportações teriam rendido pouco mais de R$ 89,5 bilhões entre janeiro e julho - quase R$ 8,5 bilhões a menos do que o verificado ao câmbio de R$ 2,0678. O cálculo merece pelo menos uma ressalva. Embora os preços das commodities sejam, em sua maioria, formados no exterior, algumas delas sofrem a influência direta da cotação do real - caso especial daquelas commodities em que o Brasil tem uma participação de mercado predominante, como açúcar e café. Quando o câmbio se desvaloriza, como aconteceu entre 2012 e 2013, exportadores passam a receber mais reais pelo mesmo volume vendido a um determinado preço em dólar, o que tende a pressionar as cotações para baixo no exterior. Contudo, a correlação entre os preços das commodities agrícolas e o real diminuiu substancialmente desde junho do ano passado, quando o governo passou a interferir no câmbio com o objetivo de desvalorizar o real e ampliar a competitividade da indústria nacional. Carro-chefe das exportações do agronegócio, a soja e seus derivados geraram uma receita em dólar de US$ 21,2 bilhões entre janeiro e julho, o que significa um aumento de US$ 2,2 bilhões ou 12% em relação ao mesmo período do ano passado. Em moeda nacional, porém, essa renda cresceu em R$ 8 bilhões ou 22,4%, para R$ 43,9 bilhões. Isoladamente, a taxa de câmbio foi a variável que mais contribuiu com o aumento da receita dos exportadores de soja - cerca de R$ 3,8 bilhões. O volume total embarcado ano cresceu 7,2% e o preço em dólar, apenas 4,4%. A carne bovina é um caso emblemático da influência positiva do câmbio para a renda dos exportadores. A queda de 5,6% do preço médio do produto em dólar foi mais do que compensada pela desvalorização da moeda brasileira. Entre janeiro e julho, a cotação média da carne bovina exportada pelos frigoríficos do país subiu 3,2%. No acumulado de 2013 até julho, as exportações de carne bovina in natura renderam US$ 2,8 bilhões, crescimento de 19% ante o mesmo intervalo do ano passado. Na mesma comparação, a receita em reais registrou um incremento 30,6%, para R$ 5,8 bilhões. Na prática, a desvalorização do real representou um acréscimo de R$ 504 milhões à renda dos exportadores. A principal alavanca para o forte crescimento das exportações de carne bovina foi, no entanto, o volume. No período, foram embarcadas 630,1 mil toneladas do produto, alta de 26,7% ante as 496,9 mil toneladas de mesmo intervalo de 2012. No caso da carne suína, o câmbio mais do que anulou a queda de 4,7% da receita em dólar, que atingiu US$ 679,6 milhões de janeiro a julho. Em contrapartida, a receita dessas vendas em moeda brasileira cresceu 4,1%, para US$ 1,405 bilhão. Já para a carne de frango, a valorização do dólar diante do real maximizou o efeito da forte elevação dos preços do produto, que iniciou o ano em patamares recorde após o repasse feito pelas indústrias para compensar a valorização dos grãos usados na ração animal. O preço médio da carne de frango exportada pelo Brasil nos primeiros sete meses de 2013 subiu 11,2% em dólar e 21,6% em reais na comparação anual. O câmbio valorizado significou, ainda, um acréscimo de R$ 770,2 milhões à renda dos exportadores do país. Em compensação, o câmbio não foi suficiente para neutralizar o tombo da receita em dólar com os embarques de café, pressionada pelos preços internacionais em queda em decorrência do excedente de oferta global da commodity. Mesmo com um aumento de 17,5% no volume embarcado, a receita em dólar caiu 15,2%, para US$ 2,7 bilhões. Enquanto isso, a receita em reais caiu 7,2%, para R$ 5,6 bilhões. Fonte: Valor Econômico?Gerson Freitas Jr. e Luiz Henrique Mendes | De São Paulo http://www.portosenavios.com.br/site/noticias-do-dia/geral/22929-exportador-ganha-r-85-bi-com-cambio |
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