Argentina quitará dívidas com fornecedores
O presidente do Banco Central argentino (BCRA), Federico Sturzenegger, disse ontem, em Assunção, no Paraguai, que empresas brasileiras devem receber até julho o valor referente a importações que companhias argentinas não pagavam por falta de acesso ao dólar. Ele participou de reunião de ministros da área econômica na 49ª Cúpula do Mercosul, que termina hoje.
No mesmo encontro, esteve o titular da Fazenda argentino, Alfonso Prat-Gay, que estimou, na semana passada, a dívida dos importadores argentinos em US$ 5 bilhões a maior dos credores é formada por empresas exportadoras brasileiras. "Já temos um cronograma e a partir de julho estará tudo normalizado", disse Sturzenegger.
O crédito foi acumulado no período em que o kirchnerismo controlou o acesso ao dólar, processo iniciado em 2011 e encerrado na quinta-feira pelo governo de Mauricio Macri. Como o país sofre com uma escassez de divisas, no governo anterior, o BC argentino atrasava a liberação de recursos, levando os importadores a ficarem inadimplentes com seus fornecedores no exterior. A ideia da instituição é saldar todas as dívidas dos importadores até meados de 2016. "É uma dívida entre privados", explicou Sturzenegger.
Segundo a câmara dos importadores, da dívida pendente, metade é de autopeças e 25% são de insumos para a zona franca da Terra do Fogo. O restante inclui outros setores. No segmento de autopeças, 90% das dívidas estão relacionadas ao Brasil cerca de US$ 2 bilhões.
A unificação brusca do câmbio pelo governo Macri levou a uma valorização do dólar de 41% e uma queda de 30% no poder de compra do peso. Questioando sobre a desvalorização do peso, Sturzenegger assegurou que a moeda argentina se "apreciou". "O que acontece é que na Argentina existiam muitos tipos de câmbio."
O governo Macri compara a cotação da última sexta-feira (13,60 pesos) com a do dólar paralelo prévio à liberalização do câmbio, quando estava acima de 14 pesos.
A nova administração espera elevar no próximo mês em US$ 25 bilhões as reservas do BC, hoje em US$ 24,3 bilhões. Antes de desvalorizar sua moeda, o governo Macri havia anunciado duas medidas de abertura. A primeira foi o fim de impostos sobre todas exportações agropecuárias, com exceção da soja, que teve sua taxa reduzida de 35% para 30%. A outra foi o fim da exigência de uma autorização para importações, alvo de reclamação constante de empresas brasileiras e argentinas.
O chefe do BCRA previu que as três ações darão à Argentina um crescimento mais acelerado das suas exportações e o país normalizará o fluxo de capitais.
Sturzenegger mencionou Bolívia e Paraguai como referências em política macroeconômica na América Latina. "Quando ouvimos que os bolivianos têm uma inflação de 2,5% e um crescimento de 5%, e o Paraguai com inflação de 4%, nos dá um Norte", disse.
http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2015/12/economia/473442-argentina-promete-quitar-dividas-com-exportadores-brasileiros.htm
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