A Argentina irá cortar em até 27,5% todas as importações de
automóveis e veículos comerciais leves, inclusive as que têm origem no Brasil.
A decisão foi comunicada pela ministra da Indústria, Debora Giorgi, e o
secretário de Comércio Interior, Augusto Costa, em reunião com as entidades
patronais do setor na Argentina, de acordo com a agência oficial de notícias
Télam. Estavam presentes os diretores da entidade das montadoras (Adefa) e a
das importadoras de veículos (Cidoa).
Nos primeiros dez meses deste ano, a Argentina gastou US$ 5,8 bilhões em importações de automóveis, 32% acima dos US$ 4,4 bilhões do mesmo período em 2012. De cada cinco automóveis patenteados na Argentina, três são importados.
Cerca de dois terços deste total são exportações brasileiras. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), as vendas de automóveis para a Argentina aumentaram 51,8% de janeiro a novembro de 2013. O Brasil exporta para o país vizinho veículos de pequeno e médio porte. O mercado de automóveis de alto padrão na Argentina é abastecido por importações feitas da União Europeia, Japão e México.
O controle das importações será feito pelo governo argentino por meio da balança individual de cada empresa. As montadoras argentinas que também exportam terão o direito a manter seus atuais volumes de importações, desde que suas exportações superem as compras externas. As que são exclusivamente importadoras ou que estejam deficitárias em sua balança serão obrigadas a reduzir a atividade. De acordo com a empresa de consultoria em comércio exterior Abeceb, uma única montadora, a Toyota, não será atingida pela medida. A empresa produz na Argentina o utilitário Hilux, voltado para o mercado brasileiro.
Na reunião com os executivos, a ministra e o secretário de Comércio Interior avisaram que a restrição durará três meses para as montadoras e seis meses para os importadores individuais. De acordo com a Abeceb, a restrição poderá gerar um corte de US$ 295 milhões nas importações, sendo US$ 270 milhões das montadoras e o restante das marcas que não possuem terminais na Argentina.
"É difícil dizer qual será o impacto no comércio bilateral com o Brasil, já que a tendência é cortar as importações pelos veículos de maior valor, mas é impossível que as exportações brasileiras não sejam atingidas de alguma maneira", disse o especialista em setor automotivo da Abeceb, Gonzalo Dalmasso.
A medida argentina era esperada, já que existe um déficit do setor automotivo, incluídas as autopeças, que deve atingir US$ 8 bilhões este ano, ante US$ 7 bilhões em 2012. "O déficit é concentrado em autopeças, mas o ajuste não poderia ser feito nos componentes, sob pena de afetar a produção argentina. Ao colocar uma cota sobre os automóveis, em tese o nível de atividade será preservado", disse Dalmasso.
A restrição revela ainda como irá funcionar a administração do comércio exterior no governo argentino depois da saída do ex-secretário de Comércio Guillermo Moreno há três semanas: as medidas restritivas irão continuar tendo caráter informal, para evitar sanções ao governo argentino em organismos multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC). "A única diferença é que os critérios estarão mais claros: sabe-se agora exatamente quanto se deixará de importar e em que período", comentou o economista da Abeceb.
Fonte:Valor Econômico/
César Felício | De Buenos Aires
Nos primeiros dez meses deste ano, a Argentina gastou US$ 5,8 bilhões em importações de automóveis, 32% acima dos US$ 4,4 bilhões do mesmo período em 2012. De cada cinco automóveis patenteados na Argentina, três são importados.
Cerca de dois terços deste total são exportações brasileiras. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), as vendas de automóveis para a Argentina aumentaram 51,8% de janeiro a novembro de 2013. O Brasil exporta para o país vizinho veículos de pequeno e médio porte. O mercado de automóveis de alto padrão na Argentina é abastecido por importações feitas da União Europeia, Japão e México.
O controle das importações será feito pelo governo argentino por meio da balança individual de cada empresa. As montadoras argentinas que também exportam terão o direito a manter seus atuais volumes de importações, desde que suas exportações superem as compras externas. As que são exclusivamente importadoras ou que estejam deficitárias em sua balança serão obrigadas a reduzir a atividade. De acordo com a empresa de consultoria em comércio exterior Abeceb, uma única montadora, a Toyota, não será atingida pela medida. A empresa produz na Argentina o utilitário Hilux, voltado para o mercado brasileiro.
Na reunião com os executivos, a ministra e o secretário de Comércio Interior avisaram que a restrição durará três meses para as montadoras e seis meses para os importadores individuais. De acordo com a Abeceb, a restrição poderá gerar um corte de US$ 295 milhões nas importações, sendo US$ 270 milhões das montadoras e o restante das marcas que não possuem terminais na Argentina.
"É difícil dizer qual será o impacto no comércio bilateral com o Brasil, já que a tendência é cortar as importações pelos veículos de maior valor, mas é impossível que as exportações brasileiras não sejam atingidas de alguma maneira", disse o especialista em setor automotivo da Abeceb, Gonzalo Dalmasso.
A medida argentina era esperada, já que existe um déficit do setor automotivo, incluídas as autopeças, que deve atingir US$ 8 bilhões este ano, ante US$ 7 bilhões em 2012. "O déficit é concentrado em autopeças, mas o ajuste não poderia ser feito nos componentes, sob pena de afetar a produção argentina. Ao colocar uma cota sobre os automóveis, em tese o nível de atividade será preservado", disse Dalmasso.
A restrição revela ainda como irá funcionar a administração do comércio exterior no governo argentino depois da saída do ex-secretário de Comércio Guillermo Moreno há três semanas: as medidas restritivas irão continuar tendo caráter informal, para evitar sanções ao governo argentino em organismos multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC). "A única diferença é que os critérios estarão mais claros: sabe-se agora exatamente quanto se deixará de importar e em que período", comentou o economista da Abeceb.
Fonte:Valor Econômico/
César Felício | De Buenos Aires
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