LEGISLAÇÃO

quinta-feira, 2 de abril de 2015

O surgimento da Companhia Docas de Santos


O surgimento da Companhia Docas de Santos

Ao chegar no Porto de Santos, os navios ancoravam no meio do estuário e as cargas eram descarregadas em pequenos barcos, que as traziam até as pontes dos armazéns, os trapiches. Escravos faziam o transporte dessa mercadoria até os galpões, construídos em madeira, escuros e insalubres. Era assim que funcionava o Porto em 1870.

Nessa época, o Império não passava por um bom momento e, diante da pressão de exportadores de café para que a infraestrutura portuária melhorasse, a escolha foi passar a administração do Porto de Santos para a iniciativa privada. Caberia a ela construir com seu próprio dinheiro uma estrutura de cais e atracação. Em troca, teria o direito de explorar o novo complexo por 90 anos.

O projeto, porém, ficou no papel durante anos. Apenas em 1886, a concorrência para a construção e concessão do cais chamou a atenção de seis investidores. Os vencedores do processo foram conhecidos dois anos depois. Era o grupo liderado por Eduardo Guinle e Cândido Gafrée, então comerciantes no Rio de Janeiro. Eles formaram a Companhia Docas de Santos (CDS), que em 2 de fevereiro de 1892, entregou os primeiros 260 metros de costado, localizados na direção do atual Armazém 4, no Centro.

Nessa época, a Docas se preocupava tanto com a construção e a operação do cais como com o saneamento da região portuária – durante as obras, vários operários morreram de doenças infectocontagiosas, como febre amarela, a malária, a peste bubônica, a varíola e a tuberculose. Devido a estes problemas, Santos teve a primeira greve do País em 1897, motivada por um acidente em um navio. Esses protestos ficaram ainda mais fortes, com a chegada de imigrantes, que traziam ideais socialistas à Cidade.

Além da implantação do cais, a CDS também foi responsável pela construção da Usina Hidrelétrica de Itatinga, que fornecia a eletricidade necessária ao Porto e ainda abastecia a Cidade (parte da energia de Itatinga era comprada por The City of Santos Improvements Company, que a distribuía no município).

A família Guinle ainda teve papel estratégico no crescimento de Santos, com a abertura de ambulatórios e fábricas de ferramentas, material ferroviário e guindastes.

A Companhia Docas de Santos ficou à frente do Porto até o término de sua concessão, em 1980. Nesse ano, ela foi substituída pela Companhia Docas do Estado de São Paulo, sociedade de economia mista controlada pela União (que tem 99,97% de suas ações).

Fonte: Tribuna Online/Leandro Maia

http://portosenavios.com.br/portos-e-logistica/28764-o-surgimento-da-companhia-docas-de-santos

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