Paranaguá receberá cargueiro com 14 mil contêineres
O Porto de Paranaguá, no Estado do Paraná, chega aos 80 anos com a disposição de um jovem e ambicioso empreendimento. Candidato ao ranking dos maiores do mundo e segundo do país, o porto se prepara para receber o maior navio porta contêiner que já atracou em costas brasileiras, com capacidade para 14 mil contêineres. São 368 metros de comprimento por 51 metros de largura. Nos últimos quatro anos, Paranaguá já absorveu R$ 650,00 milhões em obras de ampliação e reforma, parte delas em execução, só de fontes públicas.
Outros R$ 394 milhões, provenientes do governo federal, são obras em fase de projeto que contemplam dragagem de aprofundamento, sinalização e balizamento. As melhorias estão focadas em segurança nas operações portuárias, redução de custos e agilidade nas exportações e importações.
O canal da Galheta — que dá acesso ao Porto de Paranaguá —, está dentro da lista de obras e passará a ter 16 metros de profundidade, um a mais do que os 15 metros atuais. A “bacia de evolução” do canal, área utilizada pelos navios para manobra e atracação, ganhará mais dois metros de profundidade com a nova dragagem, passando de 12 metros para 14 metros. “A dragagem permitirá que navios graneleiros de grande porte atraquem no porto, a exemplo dos navios porta contêineres de alta capacidade, o que contribuirá para a redução dos fretes e, consequentemente, maior competitividade dos grãos exportados”, afirma Luiz Henrique Dividino, diretor-presidente do porto.
A DTA Engenharia, empresa vencedora da licitação, terá um prazo de seis meses para elaboração do projeto básico e 11 meses para executar a obra. O próximo passo do processo licitatório é a habilitação que está em fase de julgamento. Os ganhos com as obras concluídas já são contabilizados. “As filas de navio à espera na barra foram reduzidas abruptamente, passando de 144 navios para 36 navios. Com isso obtivemos um ganho de US$ 2,50 por saca no ano passado e esperamos repetir esse mesmo ganho em 2015”, frisa Dividino.
Para Jose Richa Filho, secretário de Infraestrutura e Logística, “os investimentos de R$ 394 milhões farão com que o Porto de Paranaguá passe a integrar definitivamente o cenário dos grandes portos do mundo”. O tráfego marítimo internacional quadruplicou nas últimas duas décadas e os navios de carga comerciais ficaram ainda maiores, diz. Para atender a demanda, o Porto de Paranaguá está investindo em todas as frentes de modernização”, acrescenta Dividino. Outro avanço é o aumento da capacidade de operação do Corredor de Exportação. “O Porto de Paranaguá elevará em 33% a capacidade de operação do Corredor de Exportação”, explica.
A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) — que têm a mesma administração — já deu início à operação de dois dos quatro novos shiploaders (carregadores de navios) justamente no último dia 17, data de aniversário do Paranaguá, desativando os antigos, com 40 anos de uso. “Cada um pode operar a uma velocidade de 2 mil toneladas por hora. Os carregadores antigos tinham capacidade de 1,5 mil toneladas por hora. Em agosto os outros dois carregadores começarão a funcionar”, diz. Os dois primeiros carregadores de navios foram instalados no berço 213, um dos três que compõem o complexo do Corredor de Exportação – berços são pontos de atracação. No início do segundo semestre, os outros dois equipamentos entrarão em operação nos berços 212 e 214. “Nessa empreitada foram desembolsados R$ 60 milhões, em recursos próprios”, afirma Dividino.
A implementação dos shiploaders, além de ganho de agilidade, também permite o carregamento de navios de grande porte, pois possuem uma “lança” bem mais comprida. Cada “lança” tem 36 metros de comprimento a partir do trilho —10 metros a mais do que os antigos carregadores adquiridos na década de 70. “Diante do avanço tecnológico, quem ganha é o cliente. Os novos carregadores proporcionarão alcance maior para carregar os navios, permitindo que embarcações de grande porte possam atracar em Paranaguá”, diz o executivo. Ainda segundo o diretor presidente, os novos equipamentos são dotados de sistema de captação de pó que reduz a emissão de partículas no ar durante o carregamento de produtos como soja e farelo de soja.
Em 2014 o Porto de Paranaguá movimentou cerca de 45 milhões de toneladas de cargas e para este ano a projeção é superar a marca de 48 milhões de toneladas, de acordo com cálculos de Dividino. “Hoje, o agronegócio representa 70% da movimentação de cargas”, diz.
Um dos principais desafios que o setor tem pela frente, lembra o executivo, é “fazer com que o marco legal aconteça”. “Que saiam do TCU as discussões sobre o novo marco para que se possa, de fato, conseguir ter as licitações para os novos terminais”, diz.
De acordo com o setor, uma das principais conquistas do marco regulatório dos Portos é o aumento da concorrência entre Terminais Públicos e Privados, com a possibilidade destes de movimentar tanto cargas próprias como cargas de terceiros. Segundo Dividino, as concessões nos Portos Organizados serão realizadas com a celebração de contrato, sempre precedida de licitação. Já as perspectivas futuras acrescenta, “é investir em novos terminais, ponto fundamental”. “Se o novo processo de concessão for devidamente encaminhado, acreditamos que as oportunidades de investimentos em Paranaguá ultrapassem a marca dos R$ 1,6 bilhão no campo privado nos próximos quatro anos”, afirma.
Fonte: Valor Econômico/Rosangela Capozoli | Para o Valor, de São Paulo
http://portosenavios.com.br/portos-e-logistica/28718-paranagua-recebera-cargueiro-com-14-mil-conteineres
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