'O Brasil desistiu dos EUA', diz Demétrio Magnoli
Especialista em política internacional criticou atuação do governo no comércio externo e prioridade dada aos países em desenvolvimento. Segundo ele, País desistiu dos EUA, grande comprador de manufaturas.
Demétrio Magnoli é doutor em Geografia Humana
São Paulo – O sociólogo e especialista em política internacional Demétrio Magnoli criticou a política externa brasileira dos últimos anos que deu prioridade ao comércio com os países em desenvolvimento, as chamadas nações do Sul. Em palestra na Câmara de Comércio Árabe Brasileira nesta terça-feira (18) pela noite, o doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP) indicou que o País perdeu por não ter se focado nos Estados Unidos. “O Brasil desistiu dos Estados Unidos”, afirmou o especialista, citando outras nações que se favoreceram disto, como México e Canadá.
O argumento de Magnoli é que Estados Unidos, ao lado da América Latina, são os grandes compradores de produtos manufaturados brasileiros. Segundo ele, esse tipo de exportação, de produtos industriais, é mais favorável ao Brasil do que a venda de commodities. “Houve uma positiva diversificação dos parceiros comerciais brasileiros, mas não se deve exagerar nos efeitos disso, os nossos grandes mercados continuam sendo a América Latina, Estados Unidos, China e União Europeia”, afirmou para o público formado principalmente por empresários.
O argumento de Magnoli é que Estados Unidos, ao lado da América Latina, são os grandes compradores de produtos manufaturados brasileiros. Segundo ele, esse tipo de exportação, de produtos industriais, é mais favorável ao Brasil do que a venda de commodities. “Houve uma positiva diversificação dos parceiros comerciais brasileiros, mas não se deve exagerar nos efeitos disso, os nossos grandes mercados continuam sendo a América Latina, Estados Unidos, China e União Europeia”, afirmou para o público formado principalmente por empresários.
Palestra reuniu empresários na Câmara Árabe
Ele resgatou a história desse foco atual de comércio do Brasil, que teria começado em 2004, após reunião da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), cuja carta final falava dos sinais de que o crescimento global estava sendo gerado no Sul e que isso transformaria os cenários do comércio mundial. Segundo Magnoli, era uma proposta de um cenário internacional mais multipolar, com menos influência dos EUA.
“Era uma forma de reativar uma doutrina terceiro mundista”, afirmou. Segundo ele, em 2004 o mundo vivia o ciclo da globalização chinesa. “O ciclo da globalização chinesa foi extremamente favorável para os emergentes, mas não para todos, o crescimento do preço das commodities e alimentos produziu pressão social aos não produtores de alimentos”, afirmou.
Segundo ele, estes fatores contribuíram para a formação da política de comércio brasileira, mas ela se baseou em dois erros, de acordo com o especialista. Um deles foi o Brasil acreditar que a China era “Sul” e o outro de que os polos se transfeririam do Norte para o Sul, enquanto se transferiram, na verdade, do Ocidente para a Ásia. “A China é Norte do ponto de vista de comércio e investimentos”, enfatizou Magnoli.
“Era uma forma de reativar uma doutrina terceiro mundista”, afirmou. Segundo ele, em 2004 o mundo vivia o ciclo da globalização chinesa. “O ciclo da globalização chinesa foi extremamente favorável para os emergentes, mas não para todos, o crescimento do preço das commodities e alimentos produziu pressão social aos não produtores de alimentos”, afirmou.
Segundo ele, estes fatores contribuíram para a formação da política de comércio brasileira, mas ela se baseou em dois erros, de acordo com o especialista. Um deles foi o Brasil acreditar que a China era “Sul” e o outro de que os polos se transfeririam do Norte para o Sul, enquanto se transferiram, na verdade, do Ocidente para a Ásia. “A China é Norte do ponto de vista de comércio e investimentos”, enfatizou Magnoli.
Magnoli: Brasil deve negociar sem Mercosul
De acordo com o doutor, o Brasil se fechou a todos os acordos de comércio em nome da Rodada Doha, que fracassou e deixou o País em situação de isolamento comercial, agravado pelos problemas do Mercosul. Ele lembra que as exportações do Brasil cresceram desde 2003 em quantidade. “O crescimento foi interrompido em 2009 como efeito da crise internacional, as exportações se recuperaram em 2010, 2011, e depois apresentaram estagnação”, afirmou.
Apesar do crescimento das exportações, o Brasil perdeu participação no comércio mundial, de acordo com Magnoli. O saldo negativo apresentado pela balança comercial pela primeira vez em 2013 é um sintoma de outros desequilíbrios, segundo ele. Neste período o País perdeu a oportunidade de melhorar sua competitividade estrutural, diz o especialista. “Nossa indústria é o sintoma mais grave da perda de competitividade estrutural brasileira”, afirmou. Segundo ele, existem sinais de erosão da capacidade industrial brasileira.
Apesar do crescimento das exportações, o Brasil perdeu participação no comércio mundial, de acordo com Magnoli. O saldo negativo apresentado pela balança comercial pela primeira vez em 2013 é um sintoma de outros desequilíbrios, segundo ele. Neste período o País perdeu a oportunidade de melhorar sua competitividade estrutural, diz o especialista. “Nossa indústria é o sintoma mais grave da perda de competitividade estrutural brasileira”, afirmou. Segundo ele, existem sinais de erosão da capacidade industrial brasileira.
De fora
Magnoli pinta um cenário bem desfavorável ao Brasil caso os Estados Unidos concluam acordos de comércio e investimentos que negocia com países da Ásia e com a União Europeia. O palestrante afirmou que se estes acordos entrarem em vigor, haverá revolução no comércio mundial e mudança do foco de onde se produzem as regras. “Os Estados Unidos se abrirão cada vez mais para os seus parceiros”, afirmou.
Magnoli lembrou de outras regiões que tem comércio com o Brasil, mas também afirmou que elas praticamente não compram produtos industriais do País. É o caso do Oriente Médio. “A África absorve mais, mas o tamanho do mercado africano é o tamanho do mercado africano”, ironizou. A China, segundo ele, também não compra manufaturas do Brasil. A América Latina, de acordo com o palestrante, é pequena demais para absorver mais que um quinto das exportações da própria região.
O especialista disse que o Mercosul também é pequeno demais para o Brasil e se transformou em um diretório político depois da entrada da Venezuela. Ele defendeu que o País possa fazer seus acordos de comércio individualmente, sem as demais nações do Mercosul. Magnoli ressaltou que o comércio do Brasil com os árabes é relevante e afirmou que destaca a diversificação de parceiros comerciais feitos pelo País nos últimos anos. “Esse é um investimento que o Brasil deveria fazer de longo prazo”, afirmou. Ele defendeu, porém, que o País faça negociações comerciais com a região sozinho, sem o Mercosul.
Magnoli pinta um cenário bem desfavorável ao Brasil caso os Estados Unidos concluam acordos de comércio e investimentos que negocia com países da Ásia e com a União Europeia. O palestrante afirmou que se estes acordos entrarem em vigor, haverá revolução no comércio mundial e mudança do foco de onde se produzem as regras. “Os Estados Unidos se abrirão cada vez mais para os seus parceiros”, afirmou.
Magnoli lembrou de outras regiões que tem comércio com o Brasil, mas também afirmou que elas praticamente não compram produtos industriais do País. É o caso do Oriente Médio. “A África absorve mais, mas o tamanho do mercado africano é o tamanho do mercado africano”, ironizou. A China, segundo ele, também não compra manufaturas do Brasil. A América Latina, de acordo com o palestrante, é pequena demais para absorver mais que um quinto das exportações da própria região.
O especialista disse que o Mercosul também é pequeno demais para o Brasil e se transformou em um diretório político depois da entrada da Venezuela. Ele defendeu que o País possa fazer seus acordos de comércio individualmente, sem as demais nações do Mercosul. Magnoli ressaltou que o comércio do Brasil com os árabes é relevante e afirmou que destaca a diversificação de parceiros comerciais feitos pelo País nos últimos anos. “Esse é um investimento que o Brasil deveria fazer de longo prazo”, afirmou. Ele defendeu, porém, que o País faça negociações comerciais com a região sozinho, sem o Mercosul.
O evento fez parte do Ciclo de Palestras da Câmara Árabe. Ele foi conduzido pelo ex-diretor Mário Rizkallah e o vice-presidente adminstrativo Adel Auada, com mediação do diretor de Inteligência de Mercado da entidade, Luis Conrado Martins. O encontro, que teve inscrições gratuitas, fez parte de um ciclo de palestras que a entidade vem promovendo com diversos temas, desde economia e negócios, mundo jurídico, até história e cultura.
http://www.anba.com.br/noticia/21865936/macro/o-brasil-desistiu-dos-eua-diz-demetrio-magnoli/
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