LEGISLAÇÃO

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Gargalos do escoamento na produção nacional


Gargalos do escoamento na produção nacional

Maior porto vem dobrando a sua capacidade de movimentação de dez em dez anos

Verónica Goyzueta

O porto de Santos ainda é a grande porta de saída das exportações brasileiras. Ao mesmo tempo que ele é a solução, é também um dos seus principais gargalos. É por este porto - que passam 70% dos grãos exportados pelo Estado de Mato Grosso, 95% da exportação de suco de laranja, 84% da carne bovina, 70% do café e 69% do álcool etílico.

"O porto de Santos recebe, por falta de logística, a carga de todos os estados do Brasil, o que é uma aberração", diz Osvaldo Freitas Vale Barbosa, superintendente de Logística Integrada da Companhia Docas do Estado de São Pau¬lo (Codesp), responsável pelo porto de Santos. O desabafo de Barbosa aconteceu duran¬te o debate "Caos Logístico e Acesso ao Porto de Santos", organizado no final de maio pela Federação das Indús¬trias do Estado de São Paulo (Fiesp), para discutir os problemas da logística brasileira.

O porto de Santos vem dobrando a sua capacidade de movimentação de dez em dez anos e recebeu uma movimentação de 114 milhões de toneladas em 2013, quase 80 milhões delas em exportação. Barbosa diz que o porto de Santos está preparado, mas que o principal problema é a predominância do modal de caminhões.

"Dos quinze congestionamentos que tivemos neste ano, nenhum foi do porto de Santos. Descobrimos que pagávamos pelos congestionamentos de carga de retorno da indústria", conta Barbosa. De fato, a capacidade instalada do porto de Santos para este ano é de 8,8 mil contêineres (TEUs), mais do dobro da demanda prevista, que é de 4,25 mil TEUs.

A dificuldade para escoar a produção de grãos de Mato Grosso por Santos, por exemplo faz com que o custo de exportação do Brasil para a China seja quatro vezes maior do que dos Estados Unidos, reduzindo muito a competitividade dos brasileiros em relação aos seus concorrentes norte-americanos. "O produtor tem que ter muita competência da porteira para dentro, para enfrentar essa concorrência", diz Edeon Vaz Ferreira, coordenador-executivo do Movimento Pró Logística, criado em 2009 em Mato Grosso para oferecer soluções ao governo.

Para Martin Aron, diretor do Departamento de Infraestrutura da Fiesp, o preço de Santos é compatível com o de outros portos do mundo, mas o que encarece a exportação é a logística. "O que é caro no custo Brasil é a logística como um tudo. Enquanto não hou¬ver escoamento de grãos pelo Norte não vai melhorar", diz.

O pesquisador José Vicente Caixeta Filho, diretor da Esco¬la Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), acredita que um dos principais problemas brasileiros é o predomínio do modal ferroviário. São 200 mil quilômetros de rodovias ante a 30 mil em ferrovias, enquanto outros países continentais como China, Es-tados Unidos, Canadá e Rússia estão conectados por trens.

Para Barbosa, da Codesp, faltam obras de infraestrutura no entorno do porto -entre elas o ferroanel e uma nova estrada para a Baixada Santista, que diluiria o trânsito. "Por mais que haja investimentos, o caminhão ainda vai ser o principal modal de acesso ao porto de Santos nos próximos 20 anos", prevê. Projetada na década de 1990 e inaugurada em 2002, a Imigrantes é uma via difícil para os caminhões

http://www.dci.com.br/especial/gargalos-do-escoamento-na-producao-nacional-id398677.html

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