Equipamento importado pode ganhar versão local
O avanço das redes inteligentes trará impacto à indústria. Equipamentos que hoje são importados poderão ser produzidos localmente, e o país até poderá se tornar, ao longo dos próximos anos, uma plataforma de exportação de serviços e soluções para outros mercados da América Latina, como Argentina, Chile, Equador e México. Estima-se que hoje existam cerca de 70 milhões de medidores no país.
Além dos medidores, as redes contemplam investimentos em sistemas de comunicação, de gestão e operação remota e de automação, o que deverá transformar o mercado brasileiro em um dos maiores do mundo na tecnologia. A implementação das redes deverá criar um mercado de pouco mais de US$ 36 bilhões até 2022, segundo estimativas da consultoria Northeast. Com um mercado potencial de US$ 36 bilhões, gigantes como IBM, Oracle, ABB, Siemens, GE estão de olho nas encomendas.
Hoje existem 70 milhões de medidores instalados no país, 90% deles são eletromecânicos. O restante tem uma parte eletrônica baixa, o que indica que o potencial de troca beira 100%. A GE está atenta às oportunidades. Hoje a gigante americana está presente no fornecimento de sistemas de software e automação para redes inteligentes, mas o tamanho do mercado nacional poderá fazer a empresa estudar participar da fabricação de medidores inteligentes no Brasil.
"Se for atrativo, podemos ter a perspectiva de investir aqui", diz Ricardo Van Erven, líder da GE Digital Energy para a América Latina. A empresa recentemente inaugurou, no Rio de Janeiro, um centro de pesquisas globais, em que um dos vetores serão tecnologias de smart grid. "O mercado brasileiro é muito importante para nós. No mundo, 50% da população estão hoje nas cidades e essa parcela consome 75% da energia elétrica. Em 2030, 70% das pessoas estarão nas zonas urbanas, então eficiência energética terá grande demanda."
Hoje a maioria dos projetos de smart grid está sendo conduzido dentro do âmbito dos programas de Pesquisa e Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica, em que as concessionárias investem cerca de 0,5% de sua receita operacional líquida em iniciativas inovadoras. Grande parte delas está concentrada na região Sudeste, onde se concentra o maior grupo consumidor do país.
A tendência é de que esse mercado comece a deslanchar quando houver um reconhecimento econômico das tarifas desses novos investimentos. "Os medidores novos trazem novos recursos e novas ideias, como comunicação embarcada, como maior automação, como necessidade de um sistema que se comunique com várias áreas da distribuidora, para trazer o máximo de eficiência, e isso só deslanchará quando houver um reconhecimento econômico na tarifa, com a garantia de que os investimentos serão cobertos", diz Sergio Jacobsen, gerente geral de serviços e soluções para smart grids da Siemens no Brasil.
A Siemens fornece sistemas de comunicação, softwares de gestão e controle e automação. Recentemente, trouxe ao Brasil novos medidores inteligentes que trazem placas de comunicação embutidas e a possibilidade de serem desligados ou ligados remotamente. Os equipamentos são importados. Mas, com o crescimento do mercado nacional, os aparelhos poderão ser feitos localmente. "Hoje é importado, mas, se sentirmos que há um mercado, podemos ter fabricação aqui", diz Jacobsen, que estima que a área pode ser uma das cinco principais em energia da Siemens nos próximos anos.
"Hoje o mercado brasileiro é um dos mais promissores do mundo, ao lado da China, já que nos Estados Unidos o auge dos investimentos passou, e aqui o país pode ter uma posição de exportador de soluções para outros países", aponta. Jacobsen diz que, este ano, o mercado das redes inteligentes no Brasil começou a andar.
O governo também está olhando o tema e busca incentivar pesquisa e desenvolvimento na área no país. O custo de um equipamento inteligente estaria ao redor de R$ 200 por medidor. Estudo da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) identificou mais de 300 fornecedores nacionais de tecnologia da informação e comunicação para redes elétricas inteligentes, 126 centros de pesquisa de desenvolvimento e inovação do segmento e 60 concessionárias, com investimentos que atualmente superam R$ 1 bilhão na área. A estimativa é de que esse valor chegue a R$ 3 bilhões no biênio 2013/2014.
Fonte: Valor Econômico/Roberto Rockmann | De São Paulo
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