LEGISLAÇÃO

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Importado já representa 35% da demanda


Importado já representa 35% da demanda


A participação dos produtos químicos de uso industrial importados no mercado brasileiro alcançou a marca de 35%, maior nível desde o início dos anos 90, segundo a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). De janeiro a julho, o consumo aparente nacional (CAN) de químicos, indicador que mede a demanda interna, ficou praticamente estável, com alta de 0,2% na comparação com o mesmo intervalo do ano passado. Ao mesmo tempo, as importações avançaram 11,6%, ampliando a participação dos importados sobre a demanda local.

"Desde que começamos a análise do CAN em 1990, a parcela dos importados foi crescendo ano a ano e, agora em julho, atingiu o nível histórico", disse ao Valor a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira. A incapacidade do produto local de competir com o importado, que é mais competitivo, combinada à quase estagnação da economia doméstica, criou um cenário favorável às importações, segundo a diretora. Dessa forma, o déficit comercial do setor pode ficar em US$ 31,5 bilhões neste ano, comparável ao recorde de US$ 32 bilhões em 2013.

O avanço dos importados, conforme Fátima Giovanna, é sentido em todos os segmentos de químicos de uso industrial, mas a situação mais crítica é enfrentada por aqueles que são dependentes do gás natural como matéria-prima. "Já houve fechamento de unidades de metanol e a área de intermediários para fertilizantes praticamente não atrai investimentos", comentou.

Outras commodities, porém, tem enfrentado a concorrência pesada dos importados. Em resinas termoplásticas, a ociosidade da indústria brasileira supera 20% e segmentos de plastificantes, intermediários para fibras e intermediários para plásticos assistem ao crescimento da participação de produtos com origem em outros países. A falta de competitividade da indústria nacional se reflete ainda na dificuldade de exportar. "Temos um mercado importante e boas condições em termos de matéria-prima. É preciso pensar um mecanismo para ampliar a competitividade", afirmou a diretora.

Esse cenário também tem efeitos negativos nos níveis de produção doméstica. De acordo com dados preliminares da equipe de Economia e Estatística da Abiquim, o índice de produção da indústria química brasileira caiu 4,46% em julho, na comparação anual. Frente a junho, porém, houve recuperação e a produção avançou 5,17%. Ainda assim, no acumulado dos sete primeiros meses do ano, a queda é de 6,64%.

Segundo a associação, as vendas internas da indústria em julho mostraram comportamento semelhante. Frente ao mesmo mês de 2013, houve queda de 10,2%. Ante junho, contudo, as vendas cresceram 5,34% - já no acumulado de janeiro a julho, houve queda foi de 5,26%.

O levantamento mostra que a utilização da capacidade instalada ficou em 81% em julho, três pontos percentuais acima da taxa registrada em junho. Já a média de janeiro a julho foi de 78%, quatro pontos percentuais abaixo do patamar registrado nos primeiros sete meses no ano passado.

Em 12 meses até julho, os índices (de volume) aprofundaram os resultados negativos que vinham sendo registrados nessa base de comparação. Enquanto a produção caiu 3,44%, as vendas internas mostraram retração de 4,37%. Já o consumo aparente nacional subiu 3,6% em 12 meses, com queda de 9,5% das exportações e alta de 10,1% das importações.

Segundo a Abiquim, o momento difícil vivido pela indústria química brasileira foi agravado, no começo do ano, pela "crise energética, com riscos de um eventual corte no fornecimento de energia ou miniapagões, e possibilidade de falta de água, pela escassez de chuvas na região Sudeste".

Em seu Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC), a Abiquim aponta ainda que "a elevação dos custos de produção no mercado interno, associada aos custos da energia e das matérias-primas, bem como as deficiências logísticas e a alta carga tributária, tem impactado sobremaneira o setor químico. "Essa situação precisa ser resolvida se o Brasil quiser voltar a receber investimentos em química", acrescenta.

Fonte: Valor Econômico/Stella Fontes | De São Paulo

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