Zona do euro com expansão modesta afeta exportações
Ao longo da última década o conjunto dos países que integram a União Europeia perdeu importância como mercado para os produtos brasileiros. Gradualmente, as exportações do Brasil foram ganhando maior importância comparativamente em outros pontos do globo terrestre, em especial a Ásia e em particular a China.
Isso não significa, porém, que a Europa deixou de ser importante como parceiro comercial dos brasileiros. As estatísticas do Ministério do Desenvolvimento referentes ao período de janeiro a maio deste ano (o levantamento detalhado mais recente disponível) mostram que o bloco é o segundo mais importante comprador de itens do Brasil, com 18,19% de participação no bolo total, só perdendo para a Ásia. As exportações para os países da zona do euro superam inclusive as vendas dirigidas à Associação Latino-Americana de Integração (Aladi) - que abarca Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.
Essa proeminência dos europeus como consumidores do que o Brasil produz torna mais preocupante a análise de que a economia do Velho Continente continua capengando. Como reafirmou na segunda-feira o Fundo Monetário Internacional - panorama para a região do euro é de recuperação modesta, uma inflação contida. "Para fortalecer a retomada, os esforços de política devem focar em três áreas prioritárias: apoiar a demanda, para reduzir a capacidade ociosa e combater a inflação baixa e os riscos de deflação; restaurar os balanços e completar a união bancária, para enfrentar a fragmentação, reviver a oferta de crédito e garantir a estabilidade financeira; e avançar em reformas estruturais, para impulsionar o investimento, o emprego, a produtividade e estimular o reequilíbrio dentro da zona do euro", aponta o relatório da equipe de economistas do FMI, preparado para as consultas do artigo IV. Esse é o capítulo do estatuto da instituição que prevê um raio X anual da situação dos países-membros.
Em abril, o Fundo projetava um crescimento de 1,2% para a zona do euro neste ano. Agora, calcula 1,1 % - um número baixo, mas bem melhor que a contração de 0,4% registrada no ano passado. Para 2015, a expectativa é de uma expansão ainda bastante modesta de apenas 1,5%.
Em recente entrevista ao Valor, o ministro da Economia de Portugal, António Pires de Lima, citou algumas razões para a demora na retomada de um crescimento maior e mais uniforme pelo continente. "A Europa está a regressar a uma trajetória de crescimento. É um processo gradual e complexo, porque o processo de construção europeia e de moeda única é um verdadeiro desafio. Também a história e a tradição em que se construiu a Europa durante séculos implica capacidade de integrar políticas em nações que durante anos, séculos, foram rivais e andaram em guerra. Mas eu acredito que a Europa virou a página, reentrou em uma trajetória de crescimento, moderado e de redução de desemprego", disse ele.
Lima lembrou também as assimetrias existentes na atual situação econômicas dos países da zona do euro. "É preciso uma maior integração de políticas, não só monetárias, mas também econômicas. Isso é claro. Não pode haver países com desemprego de 4%, 5%, 6% e outros que têm taxas de desemprego de 14%, 20%, 25%. Sem dúvida, esse é um tema que merece reflexão nesse processo de reconstrução europeia", especificou.
Portuga é um dos exemplos de países europeus que entraram num processo de retomada bastante gradual da expansão do Produto Interno Bruto (PIB), que pode, por exemplo, ser medido pela evolução dos índices de desemprego. Depois de terem atingindo quase 18% em março de 2013, o desemprego está agora em 14,6%.
Há algumas exceções nesse cenário - alguns países severamente afetados pela crise financeira mundial desencadeada em 2008 estão se recuperando de forma considerada consistente pelos especialistas e empresários. Um desses casos é a Espanha, onde o índice de confiança do consumidor voltou ao nível anterior à crise, o desemprego parou de crescer e o setor bancário foi saneado. "A Espanha é uma das surpresas positivas da Europa", disse recentemente Alejandra Kindelán, sub-diretora-geral do departamento de estudos e políticas públicas do banco. O Santander projeta crescimento de 1% a 1,5% para o PIB espanhol neste ano.
Fonte:Valor Econômico
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