Deficit do Brasil no comércio com a União Europeia cresceu 56,6% em 2014 para US$ 4,666 bilhões
Da Redação
Brasília – O deficit acumulado pelo Brasil no comércio com os países da União Europeia não para de crescer e em em 2014 deu um salto de 56,6% em comparação com o ano anterior, totalizando US$ 4,666 bilhões. Em 2013, a balança comercial com os europeus foi desfavorável ao Brasil em US$ 2,979 bilhões. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
A balança comercial com a União Europeia foi, tradicionalmente, sempre favorável ao Brasil e atingiu o auge em 2007, quando as trocas com o bloco europeu geraram um superávit de US$ 13,825 bilhões. A situação se manteve até o ano de 2012, que gerou um saldo de US$ 1,386 bilhão.
No ano seguinte, as exportações brasileiras para a Europa começaram a declinar (-2,71%) ao passo em que as vendas europeias para o Brasil tiveram uma expansão de 6,36% e a balança pendeu, pela primeira vez em mais de vinte anos, em favor da Europa e resultou num superávit europeu de US$ 2,979 bilhões.
Os produtos básicos continuam liderando a pauta exportadora brasileira para a União Europeia. Apesar de ter registrado uma queda de 4,90% em comparação com 2013, os minérios de ferro foram o principal item vendido ao bloco europeu, no valor total de US$ 4 bilhões.
A seguir vieram café não torrado, não descafeinado, em grão, no montante de US$ 3,365 bilhões (alta de + 36,82% em relação aos US$ 2,459 bilhões exportados em 2013), soja (US$ 3,123 bilhões), minérios de ferro não aglomerados e seus concentrados (US$ 2,703 bilhões), pasta química de madeira (US$ 2,057 bilhões) e petróleo (US$ 1,380 bilhão).
Do lado europeu, a pauta exportadora teve como item principal gasolina, exceto para aviação, no valor total de US$ 1,387 bilhão. Outros produtos importantes nas exportações para o Brasil foram automóveis com motor de 1,5 mil cilindradas (US$ 1,057 bilhão), fungicidas (US$ 679 milhões), outras partes para aviões ou helicópteros (US$ 527 milhões), gás natural liquefeito (US$ 519 milhões) e outras partes e acessórios de carroçarias para automóveis (US$ 515 milhões).
Ambiguidade
Segundo Cristina Soreanu Pecequilo (professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo/Unifesp), “as relações do Brasil com o bloco europeu são caracterizadas por altos e baixos, derivados do crescente unilateralismo e protecionismo dos parceiros europeus, assim como de suas políticas de subsídios agrícolas. Embora o discurso do bloco para as relações bilaterais e birregionais, que envolvem as negociações com o Mercosul e a Parceria Estratégica Brasil-UE estabelecida em 2007, enfatizem a cooperação, a realidade é diferente e a base comercial é cercada de ambiguidades”.
Na opinião da professora Cristina Pecequilo, “tal ambiguidade é observada nas conversações Mercosul/UE e nos dados comerciais da relação (pauta e tendências). Há um forte desequilíbrio entre a quantidade das exportações brasileiras somadas de produtos manufaturados e semimanufaturados para a União Europeia (50%) e as importações (98%), o que leva à concentração das exportações nos bens básicos (50% sozinhas). E o que dizer dos contenciosos abertos pela UE contra o Brasil na OMC, que atacam, justamente, programas de política industrial que visam à correção de alguns dos elementos apontados no Custo Brasil referente a medidas tributárias e de incentivos à modernização?”.
Para a professora Cristina Pecequillo, “investir unicamente na busca do mercado da União Europeia é arriscado para qualquer setor da economia brasileira e isso vale também para os Estados Unidos”.
Sua opinião é de que “o Brasil pode e deve manter uma relação profícua com a União Europeia, como sempre o fez, mas ser realista e continuar sua estratégia de diversificação de parcerias globais Norte-Sul e Sul-Sul principalmente, nas quais as oportunidades de negócios para todos os setores, e não só para o primário, são mais realistas”.
http://www.comexdobrasil.com/deficit-brasil-no-comercio-com-uniao-europeia-cresceu-566-em-2014-para-us-4666-bilhoes/
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