Comércio Exterior como um diferencial estratégico para PMEs
A cada ano cresce no Brasil o número de empresas que buscam desafios no mercado internacional, e esta atuação tem representado um importante diferencial estratégico nestas empresas, seja para buscar alternativas para os insumos nacionais no mercado internacional com melhor preço ou qualidade, ou para diversificar os mercados buscando clientes no exterior para obter uma melhor rentabilidade e segurança na operação. Ao fugir de instabilidades locais, as empresas têm descoberto que esta forma de atuação sempre vem acompanhada de uma série de benefícios.
Por outro lado, a preparação de uma operação internacional demanda uma série de reflexões, dentre as quais podemos destacar:
- Seleção de mercado-alvo:a escolha do país para iniciar ou prosseguir no processo de internacionalização passa pela avaliação dos potenciais ganhos e riscos associados. É importante ter dados atualizados para tomar uma decisão.
- Estrutura organizacional internacional:a implantação de estruturas no exterior (mesmo que somente um representante) e a gestão da relação entre matriz e subsidiárias exigem desenvolvimento de níveis de autonomia adequados para reagir, adaptar e inovar em novos ambientes.
- Governança corporativa:atuar em ambientes de negócios mais competitivos demanda práticas de gestão transparentes para assegurar bom relacionamento com investidores, fornecedores e outros stakeholders.
- Gestão de riscos:necessidade de identificação, avaliação, monitoramento e resposta aos riscos inerentes a uma operação internacional e específicos ao negócio da empresa.
- Inovação constante: a inovação é uma exigência para competir no mercado global e está atrelada à adoção contínua de novas práticas, produtos e serviços.
Além disso, existe uma série de mecanismos no Brasil que podem ajudar as empresas a enfrentar estes desafios, como os Regimes Especiais que possibilitam uma redução sensível nos custos das operações frente ao incentivo à exportação.
Outro ponto de destaque é o Programa Brasileiro de OEA (AEO – Authorized Economic Operator), de adesão voluntária e objetiva, consiste na certificação dos intervenientes da cadeia logística que representam baixo grau de risco em suas operações, tanto em termos de segurança física da carga quanto ao cumprimento de suas obrigações aduaneiras. Este programa oferece maior agilidade e confiabilidade nas operações, fator crítico para o sucesso de uma atuação no mercado internacional.
Para que uma empresa evolua as suas operações a ponto de utilizar um regime especial ou pleitear uma certificação OEA é imprescindível o atingimento de um alto grau de maturidade, controle e compliance em suas operações.
Do ponto de vista operacional, as informações precisam ser compartilhadas com vários papéis de trabalho, como planejamento de produção, vendas, financeiro, contábil, logística e também com agentes externos como despachantes, agentes de transporte, certificadores, seguradora, clientes e fornecedores.
Já com relação à legislação, o correto registro das informações junto aos órgãos anuentes e receita federal são fatores críticos para garantir o sucesso da operação e evitar multas e atrasos que podem inviabilizar o processo.
Desta forma, o uso de controles informatizados para gestão de todas estas informações e processos de trabalho e comunicação oferecem ganhos reais de produtividade e atingimento dos níveis desejados de compliance, já sua falta implica na utilização de complicados controles manuais e descentralizados. Um cenário comum, quando não se utiliza uma ferramenta de gestão, é a falta de planejamento das etapas de um processo de importação.
Nestes casos, mesmo que a empresa utilize um ERP para gestão das operações básicas da empresa, é comum não ocorrer um planejamento financeiro dos pagamentos necessários para um processo de importação, sendo que muitas vezes estes demandam um tempo de resposta rápido para aproveitar os efeitos de uma variação cambial ou para liberação da carga, ocasionando no pagamento de desnecessário de valores adicionais.
Ainda neste aspecto, são comuns os replanejamentos de prazos no processo devido à necessidade de fiscalizações ou outros aspectos não previstos. Nestes casos, a falta de uma rápida comunicação a todos os envolvidos pode ocasionar em problemas no planejamento de produção ou atendimento a oportunidades comerciais.
Podemos concluir que o primeiro passo na busca pela maturidade na gestão das operações de comércio exterior deve ser baseado no controle das operações e integração destes controles com o ERP, além de uma fonte confiável de informações sobre as abrangentes regras existentes no comércio exterior brasileiro, garantindo assim benefícios como o compliance das operações, confiabilidade nos registros e sinergia entre todas as áreas envolvidas.
(*) Rodrigo Diaz é Gerente de Produtos da Vertical de Negócios Global Trade Management (GTM) da Thomson Reuters no Brasil.
https://www.comexdobrasil.com/comercio-exterior-como-um-diferencial-estrategico-para-pmes/
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