PORTO DE MARIEL ESTÁ APTO A RECEBER TRANSATLÂNTICOS
O Porto de Mariel, em Cuba, está apto a receber transatlânticos de turismo e poderá ser incluído nos roteiros de cruzeiros marítimos como porto de escala em viagens pela região do Caribe e também atuar como porto de embarque para passageiros. Na visão de Adrian Ursilli, diretor comercial e de marketing da MSC Cruzeiros, pioneira na realização de cruzeiros marítimos partindo de Havana, a presença da empresa em Cuba sinaliza a abertura deste mercado para o turismo internacional. “Tanto que desde dezembro de 2015 e até abril deste ano a capital cubana está recebendo o nosso gigantesco navio MSC Opera.”
A italiana MSC é uma das maiores armadoras do mundo e o MSC Opera passou por um processo de revitalização e ampliação - a tonelagem passou de 60 para 65 mil toneladas, e sua capacidade total de 2.199 para 2.679 hóspedes. Segundo Ursilli, na temporada 2016/2017, a companhia dobrará sua capacidade na região, novamente com o MSC Opera, mas desta vez em companhia do MSC Armonia, também revitalizado e ampliado. “A renovação de nossos navios atinge também embarcações da série Lírica, incluindo o MSC Lírica, baseado no Rio de Janeiro visando justamente a temporada 2015/2016”, diz, acrescentando que a armadora investiu 200 milhões de euros no seu programa de revitalização de transatlânticos. A MSC faz cruzeiros no Mediterrâneo ao longo do ano todo e oferece cruzeiros sazonais para vários itinerários, entre eles Cuba, Caribe, Antilhas e América do Sul.
A expectativa dos empresários do setor de cruzeiros turísticos é que o novo complexo portuário cubano represente uma grande oportunidade para companhias internacionais diversificarem seus itinerários. “Afinal Mariel está localizado a menos de 200 quilômetros da Flórida e a 45 quilômetros da capital Havana”, diz Renê Hermann, diretor geral da Costa Cruzeiros para a América do Sul. Ele comenta que antes de Mariel o Porto de Havana era o maior terminal marítimo de Cuba (não incluindo Guantanamo Bay, base naval norte americana em solo cubano). “Outras cidades portuárias da ilha são Cienfuegos, Matanzas, Manzanillo e Santiago de Cuba.”
Hermann vê com otimismo o futuro dos cruzeiros turísticos para Cuba. Mas ele acha que isso dependerá também de como a economia cubana irá evoluir quando vier finalmente o fim do embargo econômico dos Estados Unidos e como as relações entre os dois países se desenvolverão. “O fato é que o governo cubano aposta no Porto de Mariel para dinamizar sua economia, inclusive no âmbito turístico.”
A Costa Cruzeiros pertence à holding norte-americana Carnival Corporation, que engloba dez marcas de cruzeiros no mundo. Com a reaproximação diplomática entre Estados Unidos e Cuba, em meados do ano passado, a Carnival recebeu a autorização do governo cubano para operar localmente. O grupo conta com 470 transatlânticos e atende por volta de 3 milhões de cruzeiristas por ano.
Segundo Hermann, a primeira iniciativa tomada pela Carnival depois da abertura Cuba-Estados Unidos foi a criação de uma nova linha de cruzeiros, denominada Fathom, para atuar em território cubano em cruzeiros de cunho educacional e cultural. “As viagens serão feitas a bordo do navio MV Adonia com capacidade para 700 passageiros, saindo do porto de Miami.”
Para Marco Ferraz, presidente executivo da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar), o anúncio de que o presidente americano Barack Obama vai viajar para a ilha cubana em março próximo sinaliza que o futuro das relações comerciais entre os dois países é bastante promissor (o que inclui naturalmente a indústria de cruzeiros marítimos). “A visita de Obama poderá pressionar ainda mais os congressistas dos Estados Unidos a votarem pelo fim do embargo.”
A Abremar representa as armadoras e operadoras de turismo marítimo no Brasil e há dois anos passou a fazer parte da Cruise Lines International Association (Clia), associação mundial do setor, passando a chamar-se Clia Abremar Brasil. “A atividade de cruzeiros marítimos gera um impacto econômico de US$ 100 bilhões anuais e emprega mais de 753 mil pessoas em todo o mundo”, diz Ferraz informando ainda que o turista americano é o maior cruzeirista do planeta. “O ano passado registrou 23 milhões de cruzeiristas e metade deles era composta por americanos. Eles conhecem o Caribe inteiro e não conhecem Cuba. Então imagina a curiosidade que vai existir para conhecer a ilha.”
Para o especialista, o Porto de Mariel não tem problemas de calado para receber transatlânticos de turismo, por maiores que sejam. “A MSC Cruzeiros tem navios de 275 metros de extensão e calado de 9 metros, ou seja, do ponto mais profundo até a linha d’água são 9 metros de navio, bem menos que o calado do porto, que tem uma profundidade de dragagem de 17,9 metros.”
Segundo Mauro Hueb, diretor superintendente em Cuba da Odebrecht Ingeniería y Construcción Internacional (que executou a construção do complexo portuário cubano), o calado do Porto de Mariel foi projetado para receber, em uma primeira etapa, barcos porta-contêineres conhecidos como Panamax e posteriormente embarcações ainda maiores chamadas Ultra-Post-Panamax. “Atualmente o porto está em operação plena e é administrado por uma empresa de Cingapura, a PSA, uma das maiores do mundo nessa especialidade.”
Fonte: Valor Econômico/Juan Garrido | Para o Valor, de São Paulo
https://www.portosenavios.com.br/noticias/portos-e-logistica/33680-porto-de-mariel-esta-apto-a-receber-transatlanticos
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