quinta-feira, 12 de novembro de 2015
ANTIDUMPING DOS EUA TRAVA EXPORTAÇÕES DA USIMINAS
ANTIDUMPING DOS EUA TRAVA EXPORTAÇÕES DA USIMINAS
Em um evento marcado pela crítica à disparada das importações chinesas de aço na América Latina sob fortes subsídios governamentais, a dificuldade em exportar foi citada pela Usiminas como outro grande problema. Rômel Erwin de Souza, presidente da siderúrgica mineira, disse em entrevista que os processos antidumping nos Estados Unidos contra o aço laminado estão tornando a venda no mercado americano "quase impossível".
Durante o 56º Congresso Latino-Americano do Aço, em Buenos Aires, a chamada "concorrência desleal" com a China foi eleita um dos principais fatores de enfraquecimento da competitividade da siderurgia na região. Martín Berardi, presidente da Associação Latino-Americana do Aço (Alacero) e diretor-geral da Ternium Siderar, pediu maior integração na América Latina para agir de maneira coordenada contra o avanço do gigante asiático no mercado global.
Se há cerca de 770 milhões de toneladas de excesso de capacidade no mundo hoje, aproximadamente 65% desse total vem da China, calcula a entidade que reúne as principais siderúrgicas da região.
Mas Souza, da Usiminas, declarou que outro problema afeta a companhia, a dificuldade em exportar. Apesar da desvalorização do real ante o dólar e outras moedas internacionais, vender o produto aos EUA, principalmente, ficou mais difícil com as medidas contra laminados a frio e a quente. Agora, o país abriu processos também contra aços revestidos.
Segundo o executivo da empresa mineira, o real em queda ajuda, mas não resolve o problema da baixa demanda doméstica. Ele lembrou que os preços internacionais estão em queda e a China domina a maioria dos mercados.
No terceiro trimestre, em relação ao segundo, apesar de as vendas de aço da Usiminas terem subido 0,8%, para 427,3 mil toneladas, a receita líquida com essas exportações recuou também 0,8%, para R$ 631 milhões. Em conversa com analistas, a empresa admitiu que só gerava margem Ebitda nessas vendas, de fato, para Argentina.
Souza informou que se encontrou com Miguel Rosetto, ministro do Trabalho e Previdência Social, para explicar as motivações que levaram ao desligamento das atividades primárias em Cubatão (SP). A decisão deve causar a perda de aproximadamente 4 mil empregos, criados direta ou indiretamente. "Mostrei a ele as razões técnico-econômicas por trás de nossa decisão", avaliou. O ministro queria suspensão de todas as demissões por 120 dias.
Sobre a concorrência com os chineses, Berardi, da Alacero, disse que o gigante asiático "seduz" a América Latina com financiamentos a custos mais atrativos e tenta influenciar assim a agenda econômica da região no que tange o comércio exterior. Mas para a indústria, acrescentou que a situação pode se complicar se não houver defesa comercial. "Não queremos protecionismo, queremos nivelamento do jogo", afirmou.
Para ele, não é necessário aceitar recursos da China, que talvez vêm com contrapartidas, se hoje há liquidez no mercado global. Eles podem, do mesmo jeito, vir dos EUA, que já se encontram em recuperação, e da Europa, que começa a retomar sua economia.
Na abertura do congresso, o executivo já havia dito que é importante retomar a integração latino-americana para coordenar os esforços contra essa concorrência. Segundo disse, há espaço na região para industrialização e desenvolvimento, e a indústria do aço teria papel protagonista nesse movimento. "A coordenação macro é importante. A América Latina deve intensificar a integração regional e negociar com outros blocos de maneira conjunta", afirmou.
Fonte: Valor Econômico/Por Renato Rostás | De Buenos Aires
https://www.portosenavios.com.br/noticias/geral/32294-antidumping-dos-eua-trava-exportacoes-da-usiminas
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