LEGISLAÇÃO

segunda-feira, 5 de março de 2018

Brasil aguarda detalhes sobre taxação do aço pelos EUA para decidir reação



Brasil aguarda detalhes sobre taxação do aço pelos EUA para decidir reação

A reação de vários países potencialmente prejudicados pela medida foi indicar a intenção de ingressar com ações na OMC



A REAÇÃO DE VÁRIOS PAÍSES POTENCIALMENTE PREJUDICADOS PELA MEDIDA FOI INDICAR A INTENÇÃO DE INGRESSAR COM AÇÕES NA OMC (FOTO: WIKIPEDIA)

O governo brasileiro aguarda a publicação da medida anunciada na quinta-feira (03/03) pelo governo dos Estados Unidos, queimporá uma sobretaxa de 25% sobre suas importações de aço, para decidir o que fazer a respeito. A medida, uma promessa de campanha do presidente Donald Trump para a indústria siderúrgica local, prejudica fortemente as exportações do Brasil, que é o segundo maior fornecedor daquele mercado. "Vamos esperar para ver e reagir com serenidade", disse o subsecretário-geral de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Ronaldo Costa. "Queremos ver o que vai ser publicado antes de tomar uma decisão."
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A reação de vários países potencialmente prejudicados pela medida foi indicar a intenção de ingressar com ações na Organização Mundial do Comércio (OMC). O Brasil prefere o diálogo, mas não descarta essa possibilidade. Porém, como a medida foi apenas anunciada, sem mais detalhes, não é possível saber se e como esse questionamento se dará. Para tentar driblar uma eventual condenação na OMC, que pune restrições ao comércio como essa sobretaxa, os Estados Unidos alegaram risco à segurança nacional. Isso coloca um desafio para o organismo multilateral.

Até o momento, apenas a Rússia usou esse dispositivo para restringir o trânsito de mercadorias da Ucrânia. Houve questionamento, mas ainda não há decisão. Ou seja, não se sabe até que ponto um país pode usar o risco à segurança como argumento para barrar o comércio.O anúncio da sobretaxa às importações de aço levantou resistências dentro do próprio mercado americano.

O Brasil aguarda para ver se o lobby contrário dos segmentos da indústria local que serão prejudicadas pela medida mudará a decisão.A restrição às importações de aço é discutida pelos escalões técnicos do Departamento de Comércio desde o início do governo Trump. Integrantes do governo brasileiro e da indústria siderúrgica nacional vinham apresentando argumentos para tentar livrar o produto nacional da limitação.

O principal argumento é de que 80% do que o Brasil exporta para o mercado americano são produtos semiacabados de aço. Ou seja, são insumos para a própria indústria siderúrgica local, que Trump quer proteger. Na última terça-feira, o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge, reuniu-se com o secretário de Comércio norte-americano, Wilbur Ross, para um último esforço de preservar o Brasil de eventuais novas barreiras ao aço.Ele alegou que, dada a complementaridade das cadeias produtivas, o produto brasileiro não representa risco à indústria local, nem à segurança dos Estados Unidos.

Outro ponto levantado pelos brasileiros é que a indústria siderúrgica nacional utiliza carvão americano na sua produção. Ou seja, a restrição prejudicaria os dois lados do comércio.A sobretaxa de 25% é próxima a uma das três alternativas sugeridas pelo Departamento de Comércio ao presidente Trump. Os técnicos haviam proposto uma sobretaxa de 24% a ser aplicada sobre todos os fornecedores internacionais de aço dos EUA.Outra opção, ainda mais prejudicial às exportações brasileiras, seria a imposição de uma sobretaxa de 53% para apenas 12 países, inclusive o Brasil. Uma terceira alternativa seria limitar as importações de aço pelos EUA a 63% do que havia sido importado no ano passado.

Em 2017, o Brasil exportou US$ 2,6 bilhões em produtos de aço para os Estados Unidos, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). O consultor Welber Barral avaliou que a sobretaxa de 25% pode tornar inviáveis as vendas de aço brasileiro para aquele mercado. Ele comentou também que a restrição de compra por parte dos EUA, que são o segundo maior consumidor global de aço, vai agravar o problema de sobreoferta do produto que se verifica desde 2009.
Assim, o aço brasileiro deverá enfrentar uma concorrência ainda mais forte em outros mercados para os quais é exportado. Há risco, ainda, de o próprio mercado brasileiro ser inundado com aço importado.Se a decisão dos EUA provocar uma guerra comercial planetária, as consequências poderão ser ainda mais severas, alertou o consultor.

Ele observou que a crise de 1930 começou justamente com o governo norte-americano adotou tarifas elevadas no comércio exterior e sofreu retaliações de outros países, levando à quebra da Bolsa de Nova York.

https://epocanegocios.globo.com/Economia/noticia/2018/03/epoca-negocios-brasil-aguarda-detalhes-sobre-taxacao-do-aco-pelos-eua-para-decidir-reacao.html

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