LEGISLAÇÃO

quinta-feira, 21 de julho de 2011

COMÉRCIO EXTERIOR - 21/07/2011

Ásia pressiona setor têxtil em todas as fases, diz CNI
Com custos de produção muito menores, a concorrência asiática pressiona o setor têxtil brasileiro em todas as fases, da indústria de tecidos à de confecções, afirma a CNI (Confederação Nacional da Indústria).

Assim, embora o segmento venha aumentando o número de trabalhadores e de empresas, perdeu importância relativa na economia.

"É a grande frustração da indústria têxtil: por falta de políticas de apoio, perdeu a chance de expansão internacional, que a Ásia aproveitou, e corre o risco de não dar conta do crescimento da demanda interna", diz Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de política econômica da CNI.

Hoje, o setor representa 3,5% do PIB (Produto Interno Bruto) do país, segundo dados da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção).

Alguns itens, como tecidos para camisas, ternos e jaquetas, deixaram de ser produzidos no Brasil porque grande parte das tecelagens fechou, diante de falta de condições para competir com os produtos importados.

Além disso, roupas prontas vindas da Ásia, tanto feitas por empresas estrangeiras como por brasileiras instaladas lá, ganham a disputa com produtos nacionais.
Folha.com



Exportação fica mais dependente de preços no primeiro semestre
As exportações brasileiras estão ainda mais dependentes do comportamento dos preços neste ano. No primeiro semestre, o valor das vendas externas aumentou 32,5% em relação ao mesmo período de 2010, atingindo US$ 118,4 bilhões, uma expansão que se deveu em grande parte à alta de 27,5% das cotações, mais de sete vezes o crescimento do volume, de 3,8%. Para comparar, em 2010 inteiro os preços subiram 20,5%, pouco mais de duas vezes o ritmo de expansão das quantidades, de 9,5%, segundo a Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex).

As commodities puxam a alta de preços, como fica claro no aumento de 44,2% das cotações do grupo de produtos básicos. O maior destaque é o do setor de extração de minerais metálicos (que inclui o minério de ferro), com aumento de 74% de preços no período, seguido pelos segmentos de agricultura e pecuária (onde se encontram soja, café e milho), com alta de 36,9%, e de extração de petróleo, com avanço de 34%.

"O ritmo de alta dos preços segue muito forte, não dando sinais de estabilização", diz o economista-chefe da Funcex, Fernando Ribeiro. Ele observa que, mesmo nos meses mais recentes, a alta continua expressiva - em junho, houve aumento de 28,3% na comparação com junho de 2010. Os produtos semimanufaturados também veem suas cotações avançarem com força - 22,1% no primeiro semestre. A influência das commodities também é fundamental nesse grupo. Segundo Ribeiro, açúcar, celulose e semimanufaturados de ferro e aço são produtos com peso expressivo, o que ajuda a entender a forte alta dos preços desse bens.

Uma simulação feita pelo economista Fabio Ramos, da Quest Investimentos, dá conta da importância dos preços para as exportações brasileiras. Num exercício que mantêm inalterados os volumes, ele calcula quanto totalizariam as exportações mensais em valores, se os preços fossem os da média de 1980 a 2010. Em vez de US$ 22,3 bilhões exportados em junho deste ano, feito o ajuste sazonal, o país teria obtido apenas pouco mais da metade dessa quantia - US$ 11,2 bilhões.

"Isso mostra o quanto estamos ancorados no comportamento da China", diz ele, referindo-se ao apetite do país asiático por commodities, como minério de ferro e soja. Sozinhos, o minério e o complexo soja (grão, farelo e óleo) respondem por um pouco mais de um quarto de todas as exportações brasileiras. Além da demanda chinesa por produtos básicos, Ribeiro diz que o excesso de liquidez no cenário internacional também infla os preços de commodities. Para ele, um componente especulativo explica parte dos altos níveis das cotações desses bens, alimentado pela ampla oferta de dinheiro barato. Para o Brasil, o perigo é um tombo das commodities. Isso derrubaria os preços das exportações e, com isso, o saldo comercial, que em 12 meses até junho atingiu US$ 25,3 bilhões. Em 2010, o superávit foi de US$ 20,3 bilhões.
Até mesmo os produtos manufaturados têm registrado alta de preços razoáveis neste ano. Nos primeiros seis meses de 2011, as cotações desse grupo avançaram 13,2% sobre igual período do ano passado. Há alguma influência aí de produtos como derivados de petróleo, classificados como manufaturados - como óleos combustíveis -, mas a questão principal, segundo Ribeiro, é que as empresas que produzem manufaturados têm conseguido alguns reajustes de preços nas vendas para países da América Latina, como a Argentina. Em relação a esses mercados, a valorização do câmbio não é tão acentuada e as empresas brasileiras têm maior poder de mercado. Além disso, algumas companhias investem em produtos mais sofisticados, o que aumenta o preço médio de exportação, diz Ribeiro.
No caso do volume, o desempenho fraco das vendas de básicos chama a atenção, segundo ele. No primeiro semestre, as quantidades exportadas desses produtos ficaram praticamente estáveis, com alta de apenas 0,8%. Em 2010, houve uma alta de 11,4%. "Os preços vão salvar as exportações neste ano até mesmo no caso dos básicos."
O volume exportado do setor de extração de petróleo foi decepcionante, caindo 8,1% no primeiro semestre. Para Fabio Silveira, sócio da RC Consultores, o resultado se deve à fraca produção da Petrobras - de janeiro a maio, a produção de petróleo e gás natural cresceu apenas 0,4% em relação ao mesmo período de 2010 - e ao fato de que uma parcela maior tem sido destinada ao mercado doméstico. O volume de exportações do setor de agricultura e pecuária também desaponta, crescendo apenas 0,9% no primeiro semestre. Segundo números mais recentes do Ministério do Desenvolvimento, as quantidades exportadas de soja em grão, que têm um peso expressivo nesse setor, recuaram 6,16% nos primeiros cinco meses do ano. Para Silveira, esse movimento não é preocupante. "Deverá ocorrer um aumento dos embarques nos próximos meses." Parte dos produtores, segundo ele, pode ter adiado uma parcela das vendas à espera de uma cotação ainda melhor.
O volume de embarques do segmento de extração de minerais metálicos, por sua vez, teve uma alta de 5,8% nos primeiros seis meses do ano, o que ajudou a compensar o recuo nas quantidades vendidas de petróleo, diz Ribeiro. A despeito do resultado fraco de 2011, ele não espera estagnação no volume de vendas de produtos básicos nos próximos anos. A exportação de petróleo deve aumentar, e a Vale indica que não quer depender apenas da evolução dos preços, afirma Ribeiro.
Valor Econômico



China dribla barreira via Argentina
BRASÍLIA - A China vem utilizando a Argentina para burlar as medidas adotadas pelo governo brasileiro para proteger a indústria da invasão de produtos do gigante asiático. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior comprovam que a exportação de algumas mercadorias pelo sócio do Mercosul disparou depois que o governo sobretaxou os mesmos artigos chineses.

Levantamento feito pelo Estado com base na balança comercial do primeiro semestre indica que um em cada cinco produtos vendidos pela Argentina ao Brasil é "novo", ou seja, são mercadorias que não foram importadas no mesmo período do ano passado. O volume é significativo, mas como os produtos são baratos eles respondem por 1,15% do valor total comprado pelo Brasil do vizinho.

Além dessa leva de novos produtos, o que tem chamado a atenção dos empresários é a forte entrada de alguns artigos, que geram a suspeita de triangulação para burlar as medidas de defesa comercial. A importação de alto-falantes, por exemplo, cresceu 5.383% somente no primeiro semestre, depois que foi imposta uma sobretaxa para impedir a entrada dos equipamentos chineses.

"A Argentina tem um ou dois fabricantes. Está vindo muito produto de lá, mas é provavelmente triangulação da China", disse Marco Antônio Peñas, executivo da fabricante de alto-falantes Arlen, empresa que atua no setor há 43 anos.

Escovas. As indústrias do setor de escovas de cabelo também desconfiam que os concorrentes da China têm usado a Argentina para colocar seus produtos no mercado brasileiro. Segundo Manolo Canosa, presidente da Comissão de Defesa da Indústria Brasileira (CDIB) e fundador da Escovas Fidalga, uma das empresas do setor chegou a fazer um teste com os chineses para saber como poderia burlar a trava brasileira à entrada de escovas produzidas em Pequim. "O fornecedor ofereceu três opções para escapar do imposto: trazer via Taiwan, Vietnã ou Argentina", disse o executivo.
Segundo o empresário, a concorrência com os produtos chineses tem provocado fortes perdas para a indústria nacional, com fechamento de fábricas e demissões. "O setor está minguando. Fazíamos três turnos e hoje temos apenas dois. Sobraram duas empresas, o resto virou importador."
Não é de hoje que a segunda maior economia do mundo utiliza terceiros países para evitar punições comerciais, mas até este ano os casos eram mais restritos a países asiáticos, onde os chineses mantinham centros de distribuição para aplicar etiquetas falsas antes de reexportar.
Quando a Argentina entra na lista de países usados pelos chineses, cresce a possibilidade de dano ao Brasil porque a maioria de seus produtos não paga imposto na fronteira por ser integrante do Mercosul.
O Estado de São Paulo

 

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