Soja: frete de MT até porto de Santos custa 18% do valor exportado
A maior rota de escoamento de soja do Brasil e? porto de Santos, responsa?vel pelo embarque de 64% do total exportado este ano, ate? junho. O prec?o do frete, partindo de Rondono?polis, para este porto ficou em me?dia 18% do valor total recebido pelo exportador este ano.
Traduzindo esses nu?meros, o valor que o exportador recebeu no porto em junho foi em me?dia R$ 773/t. Ja? o valor cobrado no frete para transportar o gra?o da base ao porto foi R$ 142/t. Em relac?a?o a junho do ano passado houve uma reduc?a?o de 4 pontos percentuais na "mordida" do frete sobre o prec?o pago ao exportador, quando o valor pago pela tonelada no porto era R$ 666 e o valor do frete estava em R$ 147/t. No pico da safra deste ano (marc?o), o frete chegou a valer 20% do valor pago pela tonelada embarcada no porto.
Só Notícias com Imea - Por Portos e Logística
Integração corta custo de transporte
Miritituba é um pequeno lugarejo na margem direita do Tapajós, no Pará, a 1.600 km de Belém. Em 2012, quando o asfaltamento da Cuiabá-Santarém for concluído, sua rotina vai mudar. Localizada na confluência de importantes eixos de logística, que incluem a Hidrovia Juruena-Tapajós, o município começou a atrair grandes empresas, interessadas em instalar ali entrepostos. Por um motivo: a integração desses modais de transporte reduzirá em três dias o tempo para levar mercadorias da Amazônia aos principais centros no país e no exterior.
Modernizar e ampliar nove eixos logísticos na região pode levar a uma economia de R$ 3,8 bilhões por ano no custo do transporte. Para isso, é preciso investir R$ 6,8 bilhões em 34 projetos.
Valor Econômico
Governo quer mudar regras para ampliar competitividade e baratear os fretes
O novo marco regulatório do setor ferroviário, publicado na semana passada no Diário Oficial da União, tem a meta de ampliar a competitividade no setor e baratear o custo dos fretes, na avaliação do diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo. “O objetivo é criar um ambiente competitivo nas ferrovias para uma melhoria na qualidade dos serviços e um melhor processo de formação dos preços. Vamos ter preços mais competitivos e serviços de melhor qualidade.”
Entre as principais mudanças estão o estabelecimento de metas para cada trecho ferroviário, que serão estabelecidas a partir do ano que vem, e o direito de passagem, que determina que uma concessionária pode usar os trilhos de outra, pagando uma tarifa por isso. Segundo Figueiredo, as novas regras criam compromissos de exploração da malha ferroviária. “Hoje, da forma como (a malha) é gerenciada, as concessionárias não têm compromisso em explorar toda a malha e isso permite que parte dela não seja utilizada.”
Dos 28 mil quilômetros de malha ferroviária que existem atualmente no País, cerca de 10 mil quilômetros estão em boas condições de trafegabilidade, mas não são plenamente utilizados. Cerca de 6 mil quilômetros não estão em condições de serem usados. Segundo Figueiredo, essas resoluções também criam as condições para que esses trechos possam ser utilizados. Se a concessionária não tiver a proposta de explorar e criar serviços nesses trechos, pode abrir para o mercado ou devolver para o governo. “Esses trechos só não terão transporte ferroviário se o mercado, de uma forma integral, não tiver a percepção de que isso é viável.”
Até o fim do ano, a ANTT deve colocar em consulta pública uma proposta sobre os tetos tarifários para cada tipo de transporte. Os tetos nunca foram alterados desde o início das concessões, em 1996, apenas corrigidos a cada ano.
Figueiredo diz que, apesar dos questionamentos dos concessionários sobre as novas regras, todas as mudanças foram debatidas dentro do governo e têm segurança jurídica. A Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) informou que ainda irá avaliar as mudanças antes de se manifestar.
Associação dos Transportadores
As empresas
A Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) congrega as empresas responsáveis pelo transporte de carga de 11 das 12 concessões ferroviárias existentes desde o processo de desestatização do governo federal, ocorrido entre os anos 1996 e 1999.
As associadas da ANTF são as principais empresas concessionárias do setor de transporte ferroviário de cargas, cuja malha compreende 28.314 km e por onde circularam 471 milhões de toneladas no ano passado.
ALL - América Latina Logística Malha Norte (antes denominada Ferronorte);
ALL - América Latina Logística Malha Oeste (antes intitulada Novoeste);
ALL - América Latina Logística Malha Paulista (ex-Ferroban);
ALL - América Latina Logística - Malha Sul;
Transnordestina Logística S.A. (antes denominada CFN);
Vale - (concessionária da Estrada de Ferro Vitória-Minas, Estrada de Ferro Carajás e Trecho da Ferrovia Norte-Sul);
Ferrovia Centro-Atlântica - FCA;
Ferrovia Tereza Cristina - FTC;
MRS Logística.
ANTT e associadas ANTF
Novo marco quebra o monopólio
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) deu início na semana passada a uma grande mudança no sistema ferroviário do País. Três resoluções, publicadas no Diário Oficial, devem abrir o mercado de trens, acabar com o monopólios em linhas de grande movimento e forçar a queda das tarifas já a partir de 2012. A novidade deve aumentar a concorrência e permitir que novas empresas passsem a utilizar a malha atual. Dos pouco mais de 28 mil quilômetros de ferrovias concedidas no País, só são utilizados plenamente 10 mil quilômetros. “Vamos aumentar a competitividade entre as companhias e aproveitar a malha existente, que hoje é mal utilizada”, grantiu o diretor-geral da ANTT, Bernardo Figueiredo.
As concessionárias terão de comprovar que estão usando sua capacidade total de transporte e cumprir metas que serão definidas até o fim deste ano. Se a ANTT constatar capacidade ociosa, as empresas serão obrigadas a permitir que outras companhias utilizem aqueles trechos com ociosidade.Para garantir que as novas regras serão cumpridas à risca, a ANTT vai instalar, até o fim do ano, um grande centro de controle de operação das ferrovias em tempo real para apertar a fiscalização. A tecnologia, que dispõe de GPS via satélite, está sendo repassada ao Brasil pelo governo espanhol.
Pelas regras atuais, qualquer empresa de trens que queira usar um trecho de uma concessionária está sujeita a regras e preços estabelecidos pela dona do trajeto. A partir de agora, o governo garante aos interessados o uso da ferrovia em qualquer circunstância, desde que paguem pelo uso da infraestrutura. A resolução protege os direitos do usuário, que contrata as concessionárias para o transporte de suas cargas e institui penalidades, por exemplo, para o atraso nas entregas.
Em outra resolução, fica determinado que as metas das concessionárias serão definidas por trecho, e não mais pela concessão como um todo. Isso porque as empresas cumpriam uma meta global, mas abandonavam trechos específicos por alegar que não eram economicamente viáveis. Tudo o que não usarem poderá ser utilizado por outras empresas que tenham interesse na infraestrutura. As novas metas, que serão discutidas com o setor até dezembro, entram em vigor em 2012. “Há empresas que se aproveitam do fato de deterem o monopólio da linha, não usam e não repassam o direito a ninguém. Como elas vão ter que cumprir as metas, se tiverem capacidade ociosa vão ter que vender o direito de uso e os preços terão de ser competitivos porque elas têm a obrigação de cumprir a sua meta”, explica Figueiredo.
Grandes cooperativas de grãos e outros produtores já começaram a se organizar para, juntos, poderem ter os seus trens e escoar a produção a preços mais camaradas do que os praticados hoje. Eles apostam em queda das tarifas, com aumento da eficiência e ganho de escala, além de redução dos custos de armazenagem com o fim dos atrasos. “Essa era uma demanda dos usuários. É o nosso código de defesa do consumidor. Os usuários nunca participaram de qualquer decisão de preços e forma de transporte. As concessionárias tinham poder absoluto”, garante Luis Henrique Baldez, presidente-executivo da Associação Nacional dos Usuários dos Transportes de Carga (ANUT).
“Se funcionar, é menos um gargalo para a produção. Melhorar o sistema ferroviário é preparar o País para crescer. Precisamos ter como escoar a produção cada vez maior”, concorda o secretário da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Fabio Trigueirinho. A expectativa do setor produtivo é que o custo dos transportes caia não só nas ferrovias, mas também nas rodovias, que, hoje, competem com os trens.As mudanças, segundo a ANTT, não alteram os contratos vigentes porque já havia dispositivos permitindo ao governo estabelecer as regras de funcionamento. Os contratos com as concessionárias são válidos por cinco anos.
ANTT vai recalcular as tarifas-teto para transporte de carga
A ANTT também está concluindo uma quarta resolução, que será publicada até o fim do ano, com as novas tarifas-teto para o setor. O órgão regulador está finalizando um longo estudo sobre os preços cobrados pelas concessionárias atualmente para ajustá-los à realidade. Há trechos cujos preços estão muito além do que deveriam, encarecendo o custo de transporte e escoamento da produção. “No passado recente, os produtores foram submetidos a reajustes excessivos de tarifas, de duas ou três vezes o índice de inflação em um ano. Este foi um dos pleitos do setor produtivo à ANTT”, afirma o secretário da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Fabio Trigueirinho, lembrando que a tabela de preços atual data de 15 anos.
A tabela de preços das concessionárias foi montada quando da privatização da malha ferroviária e tinha por objetivo atrair concorrentes para os leilões. Fontes do governo admitem que, à época, os preços teriam sido jogados para cima. Desde então, nada mudou.
Nas próximas semanas, termina o prazo para que as concessionárias enviem ao governo um cronograma com os investimentos que farão para habilitar todos os trechos sob sua guarda que não estão sendo utilizados. No Rio, os trechos Campos-Rio e Barra Mansa-Angra estão na lista dos que terão de ser recuperados. Atualmente, 5.760 km de trilhos de trem simplesmente não são utilizados no País. Outros sete mil são subutilizados.
De acordo com a ANTT, as mudanças que estão sendo propostas no marco regulatório devem atrair novos investidores para o setor. A Rumo Logística, empresa de transporte ferroviário controlada pela Cosan, que começou a operar em janeiro de 2010, não disfarça o interesse em ampliar sua área de atuação. Hoje, para transportar açúcar, a empresa tem um contrato de longo prazo com a ALL e deve investir até R$ 1,4 bilhão no negócio. Deste total, metade já foi realizado.
As alterações propostas pelo governo, que vão valer também para linhas que estão em construção, abrem caminho para que ela passe a operar em outras malhas e até mesmo a transportar outros produtos além do açúcar no futuro. “Viabilizar novas licitações e como vão ser disponibilizadas as linhas (atuais) é visto com bons olhos. Vamos analisar com carinho”, diz o presidente da empresa, Julio Fontana.
Jornal do Commercio (RS)
FIM DA GUERRA FISCAL PODE PREJUDICAR LOGÍSTICA EM PORTOS
A tentativa de eliminar a chamada guerra fiscal e resolver a questão da cobrança do ICMS ao reduzir ou zerar a alíquota cobrada nas importações feitas pelos estados brasileiros pode prejudicar a logística do País. É o que conclui o diretor da Rosenberg & Associados, Michal Gartenkraut, com base em estudo do qual foi o autor.
Segundo ele, a pesquisa feita a pedido da Associação Brasileira das Empresas de Comércio Exterior (Abece) mostrou que, caso sejam retirados os incentivos fiscais dados por alguns estados, a fim de atrair investimentos - o que acaba gerando essa guerra, os portos, principalmente os que atendem um amplo mercado, caso do porto de Santos (São Paulo), podem sofrer com a falta de infraestrutura para receber a demanda.
"A guerra fiscal, neste aspecto, é benéfica para o País. Depois que os estados passaram a conceder incentivos, a distribuição de importados foi ampliada por todo o País. Antes tudo era muito concentrado em Santos", diz. "Se voltar a ser o que era, o porto de São Paulo vai ficar sobrecarregado, de modo a precisar ser duplicado, o que é impraticável."
Existem hoje duas propostas para resolver essa questão do ICMS. Um delas é o projeto de resolução 72/10, do líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), que prevê zerar a alíquota. Outra proposta é um consenso entre os governadores que pedem redução da taxa, tanto nas operações interestaduais quanto nas importações, para 4%. Atualmente, essas alíquotas variam de 12% a 7%, a depender do estado.
O secretário da Fazenda de São Paulo, Andrea Calabi, cita que a guerra fiscal provocou um prejuízo de R$ 9 bilhões para o estado, desde 2004. Para corrigir esse problema, ele é um dos que defendem uma alíquota de 4%. Já o governador de Goiás, Marconi Perillo, faz parte do grupo que pede formas de compensação para que os estados menos desenvolvidos não sofram com a retirada dos incentivos fiscais. "Para se ter uma reforma tributaria no Brasil, precisa se levar em consideração as disparidades regionais e a necessidade de se criar um fundo de equalização dessas diferenças", disse ao DCI.
Pelo estudo, cujo intuito é desconstruir os mitos relacionados aos incentivos fiscais nas importações, Gartenkraut afirma que não é correto afirmar que os estados que praticam a concessão de benefícios perdem arrecadação, aplicam mal os recursos ou deterioram suas finanças. Em uma das conclusões da pesquisa, os indicadores oficiais revelam que os estados que apresentavam déficits primários, desde 2001 vêm produzindo sucessivos superávits primários, isto por causa da obrigatoriedade prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Ele mostra que São Paulo, que reclama pelos prejuízos sofridos com a guerra fiscal, continua em primeiro lugar no ranking de importações (fonte Ministério do Desenvolvimento), assim como de arrecadação de ICMS (dados do Conselho Nacional de Política Fazendária - Confaz). O que mudou foi a participação no ranking de outros estados. Santa Catarina saiu da nona posição, em 1998, no ranking de importações brasileiras para o quinto lugar, em 2010. "Isto mostra que houve uma maior distribuição de importados em demais portos brasileiros", ressalta Gartenkraut.
Para o diretor da Rosenberg, uma solução viável seria regulamentar os incentivos e impor limites para a concessão deles. O ex-secretário da Receita Federal, Everardo Maciel apoia essa sugestão. "Está na hora de alguém ver que a lei está errada. Precisava ter nova lei para estabelecer regras para a competição fiscal lícita", aponta.
Diário do Comércio e Indústria