LEGISLAÇÃO

sexta-feira, 11 de maio de 2012

COMÉRCIO EXTERIOR - 11/05/2012



Receita retém 1 milhão de pares de tênis
Importadores reclamam que os modelos importados podem não estar à disposição no Dia das Mães


SÃO PAULO - Os importadores de tênis estão com cerca de 1 milhão de pares retidos na alfândega por causa da operação Maré Vermelha, da Receita Federal. As marcas mais afetadas são Nike, Puma e Adidas. As empresas reclamam que os modelos mais novos podem não estar à disposição dos consumidores no Dia das Mães.
"A função oficial da Maré Vermelha é controlar fraudes, mas está funcionando como um mecanismo de retenção de importações", diz Mário Andrada, diretor de comunicação do Movimento pela Livre Escolha (Move), formado por multinacionais do setor e também por empresas nacionais que importam.
Deflagrada em 19 de março, a operação Maré Vermelha intensificou a fiscalização na entrada de importados, para reduzir o contrabando e o subfaturamento. Pelos parâmetros da Receita, os produtos deixam o "canal verde", onde a liberação é quase automática, e entram no "canal vermelho", que exige verificação física e documental. A operação não tem data para acabar e congestiona os portos.
De acordo com Andrada, 1 milhão de pares equivale a um mês de vendas de marcas líderes como Nike ou Adidas. Ele afirma que a situação é preocupante e não deve se normalizar até o Dia das Mães, um dos períodos de maior aquecimento do varejo. "O consumidor vai sentir falta dos lançamentos." Atualmente, 50% dos tênis vendidos por essas marcas no Brasil são feitos no País e 50% são importados.
Segundo um grande varejista, que preferiu não se identificar, não há risco de falta de produto no ponto de venda no "curtíssimo prazo", mas isso pode ocorrer se a situação permanecer por mais seis a oito semanas. Ele afirma que os importadores já falam em "rateio" entre os varejistas, porque não vão conseguir atender a todos os pedidos.
"Infelizmente é normal enfrentarmos problemas por retenção de produtos nos portos, mas nunca vi nada dessa magnitude. Quando chega nos grandes importadores, é um efeito dominó até o varejo", disse a fonte.
Andrada, do Move, critica o sistema adotado pelo governo para verificar se há subfaturamento. Ele explica que, quando há diferença entre o peso real e o peso declarado, a Receita consulta a Associação Brasileira da Indústria Calçadista (Abicalçados) para determinar o valor real.
"A Abicalçados é parte interessada. Queremos um instituto isento", diz Andrada. "O Brasil terá uma década do esporte. Dessa maneira, a Abicalçados terá acesso a nossos lançamentos antes dos consumidores." A Abicalçados representa fabricantes como a Vulcabrás, dona da marca Olympikus.
A Receita, os importadores e a indústria nacional estão realizando reuniões para tentar resolver a situação. Heitor Klein, diretor executivo da Abicalçados, diz que o setor busca um critério imparcial para verificar o valor do produto. "É um trabalho complicado, laborioso, que exige quase uma engenharia reversa do calçado." Segundo ele, a entidade está disposta a pagar a contratação de um instituto isento.
Klein reconhece que os "bons importadores" estão pagando por aqueles que praticam subfaturamento e outros tipos de fraude. "Mas a situação chegou a um ponto que a única maneira de coibir era fiscalizar 100% dos produtos que chegam ao Brasil."
Conforme o executivo, já foram encontrados indícios e provas de fraudes "descomunais". Ele diz que alguns produtos eram importados por "centavos", enquanto importadores consideravam a caixa como unidade, mas havia mais de uma dúzia de pares em cada caixa. O Move estuda entrar na Justiça para liberar a mercadoria, mas ainda não há definição sobre o tema. Os importadores não querem se indispor com o governo. Procurada, a Receita não deu entrevista.
O Estado de S. Paulo




Retenção de mercadorias em Novo Hamburgo traz prejuízo
Fiscalização rigorosa da Receita Federal prejudica importação
Novo Hamburgo - A Operação Maré Vermelha, da Receita Federal, iniciada em 19 de março, definiu que seria aumentada a fiscalização nos portos do País, visando a combater a entrada desleal de produtos e fraudes como o subfaturamento e utilização de falsa classificação fiscal nas importações. Porém, essa elevação na fiscalização e nos trâmites burocráticos não é proporcional ao número de fiscais disponíveis para a liberação da mercadoria que acaba ficando estocada, causando prejuízos. "Temos hoje cargas paradas há um mês, quando o tempo máximo de permanência no depósito nunca passou de três dias", comenta o diretor executivo do Porto Seco de Novo Hamburgo, Renan Henrich.
Com a operação, segundo Henrich, o número de produtos que caem no canal vermelho – onde a fiscalização é minuciosa - passou de 10% para 70%, mas o efetivo continua sendo três fiscais da Receita Federal. O delegado da Receita Federal de Novo Hamburgo, Luiz Fernando Lorenzi, discorda. "De fato há uma demora maior na liberação, mas dentro de um patamar previsto. Nas três últimas semanas, o total de Declarações de Importação (DI) em canal vermelho oscilou entre 9 e 15% do total de DI que transitam pelo porto seco. Nos períodos anteriores, isso vinha oscilando em cerca de 6%", diz Lorenzi.
LOCAL PARA DESAFOGAR AS ZONAS PRIMÁRIAS
Porto seco é um terminal terrestre chamado de zona secundária criado para desafogar os portos marítimos, fronteiras e aeroportos, denominados zonas primárias. Esses locais têm a função de armazenar e agilizar a documentação necessária para o embarque do produto nas zonas primárias. Com isso, as mercadorias a serem exportadas já chegam aos portos marítimos, por exemplo, na data correta e prontas para o embarque, não precisando ser estocadas. No caso das importações, pode-se retirar as mercadorias das zonas primárias mais cedo, e armazená-las nos portos secos com menor custo. "As zonas primárias são lugares de passagem, não de armazenagem", explica Henrich.
Primeiro porto seco privado é daqui
O Porto Seco de Novo Hamburgo é administrado pela Multi Armazéns e existe desde 1999. Ele é capaz de processar desde as etapas inicias às finais das operações de importação e exportação. Possui uma área total de 270 mil metros quadrados onde são distribuídos 11 depósitos que oferecem espaços para armazenagem de produtos químicos, inflamáveis, alimentícios e medicamentos. Em suas dependências há escritório da Receita Federal, posto permanente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Agricultura, além de salas para despachantes aduaneiros, operadores logísticos e agentes de carga.
Uma bola de neve formada de prejuízos
Um dos setores mais prejudicados com o atraso na fiscalização e consequente retenção da mercadoria no porto seco é o industrial. Com matéria-prima estocada, elas não podem ser usadas na linha de produção, diminuindo as vendas e, muitas vezes, afetando, inclusive, o quadro de funcionários. O mesmo acontece com quem importa para revender. O porto seco e o próprio Município também se enquadram nesta gama de prejudicados. "Deixamos de faturar e o Município perde em arrecadação de impostos, pois os importadores estão preferindo utilizar outros portos onde, mesmo na Maré Vermelha, a fiscalização é mais rápida", diz Henrich. Pensando ainda nos prejuízos, é preciso levar em conta também as transportadoras e os despachantes. "É complicado estimar prejuízos, mas posso afirmar que são milionários", pondera Henrich.
Reunião hoje busca resolver o impasse
Para tentar resolver o impasse, a Associação Comercial, Industrial e de Serviços (ACI) de Novo Hamburgo, Campo Bom e Estância Velha e a Receita Federal se reunirão hoje. "Essa situação não é nada favorável para o desenvolvimento da região, mas tenho certeza que através do diálogo iremos resolver", diz o diretor de Relações Institucionais da ACI, Marco Kirsch. O delegado Lorenzi explica que nesse encontro serão trabalhados os dados concretos. "Eu preciso entender a real situação para projetar a solução", pondera. Segundo a Receita Federal, o serviço de fiscalização é intenso no Estado, principalmente em Novo Hamburgo por ser uma região com grande número de importações.
Jornal de Novo Hamburgo (RS)






Natura tem exportações para a Argentina barradas
Agência Estado
Na semana em que o secretário de Comércio Interior da Argentina liderou uma missão com 580 empresários ao Brasil, com o intuito de exportar mais ao País, a Natura, indústria brasileira líder demercado no segmento de cosméticos, fragrâncias e higiene pessoal, afirmou estar enfrentando sérias dificuldades para liberar a entrada de seus produtos na Argentina. 

Segundo o diretor de assuntos corporativos e relações governamentais da empresa, Rodolfo Guttilla, desde que o secretário de Comércio Interior do país vizinho, Guillermo Moreno, editou Declaração Juramentada Antecipada de Importação (DJAI), em fevereiro, 60% de tudo o que a Natura exporta para a Argentina está parado na alfândega. "É o próprio pessoal do senhor Moreno que está fazendo as liberações. E às vezes dá impressão que a coisa é pessoal, porque eles estão permitindo apenas a entrada das nossas matérias primas, que vão para a nossa terceirizada no país", disse indignado o diretor da Natura. 

De acordo com Guttilla, a Natura é a terceira marca de cosmético mais lembrada pelo consumidor argentino. "A Argentina é a sede da nossa operação na América Latina", disse o executiva, acrescentando que a empresa atua no mercado portenho desde 1994. "Mas se a situação continuar nessa instabilidade a Natura não vai ter como manter seus investimentos na Argentina", prevê o executivo, para quem cerca de 60 mil revendedoras no país vizinho que têm na Natura sua fonte renda deixarão de contribuir para movimentar a microeconomia local. 

A Natura tem uma indústria terceirizada que produz cosméticos, fragrâncias e produtos de higiene pessoal na Argentina, mas os produtos acabados produzidos no Brasil, que respondem pela maioria dos embarques para o país vizinho, estão sendo retidos na alfândega de lá. "Confesso que já não sabemos mais o que fazer", diz o executivo. Para ele, a Natura já perdeu a estratégia do Dia das Mães, a segunda melhor data para as vendas. "Estamos a ponto de perder também o resultado do ano. Respeitamos a soberania nacional argentina, mas a medida é desleal porque estamos perdendo mercado para empresas locais", lamentou o diretor da Natura. 

Guttilla elogiou a iniciativa do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que esteve na Argentina há 60 dias conversando com o secretário Moreno e com empresários. Na terça-feira (8), Skaf reuniu na sede da entidade, durante todo o dia, os 580 empresários argentinos, 400 brasileiros além do próprio Moreno. Durante o encontro, denominado Rodada de Negócios Argentina-Brasil, brasileiros e argentinos discutiram formas de derrubar as barreiras comerciaiserguidas dos dois lados. 

Contudo, o diretor da Natura reclama da falta de empenho do governo brasileiro para solucionar o impasse comercial entre os dois países. "Levamos a nossa situação constrangedora ao conhecimento da Secretaria Executiva do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) há um mês e até agora não tivemos nenhuma resposta", queixou-se o diretor da Natura. 

Por ser uma empresa de capital aberto, a Natura não abre para o público suas expectativas de faturamento por países ou regiões e nem seus investimentos. No primeiro trimestre deste ano, a receita líquida consolidada da Natura foi de R$ 1,275 bilhão, com crescimento de 11,3% em relação ao mesmo período do ano passado. O lucro líquido foi de R$ 151,5 milhões, com expansão de 11,9% na comparação com o lucro realizado entre janeiro e março do ano passado. Nas operações em consolidação (Argentina, Chile e Peru), a receita líquida no primeiro trimestre foi de R$ 86,1 milhões.



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