As rendas, classificadas na posição 5804 do Sistema
Harmonizado (SH), são tecidos ornamentais, com espaços vazios, nos quais se
podem distinguir os dois elementos seguintes, formados por entrelaçamento de
fios têxteis: uma parte ornamental, com desenhos mais ou menos complexos, e uma
rede constituída por malhas cujas formas e dimensões são, na maior parte das
vezes, regulares.
Entretanto, em certas rendas (por exemplo, as guipuras
manuais, também chamadas guipuras-rendas), não existe propriamente o elemento
rede: os desenhos, separados uns dos outros por espaços vazios bastante grandes,
são mantidos por pequenos cordões que concorrem também para o caráter decorativo
do conjunto.
A rede e a parte ornamental das rendas são fabricadas
muitas vezes com o mesmo fio.
Em certos casos, contudo, é possível fabricar a renda
em partes separadas que são posteriormente reunidas.
Uma das características comuns e essenciais das rendas
incluídas na posição 5804 consiste no fato de não serem fabricadas a partir de
um tecido-base pré-existente.
Não
devem, pois, confundir-se com produtos de aparência
semelhante, muitas vezes chamados rendas, obtidos por preenchimento ou
ornamentação das malhas de um tecido-base já fabricado, ou fixando aplicações,
por costura, a um tecido-base, mais tarde eliminado ou não, na totalidade ou em
parte.
Esses produtos (que compreendem, em particular, todos
os bordados sobre tule, sobre rede, ou mesmo sobre renda, e quaisquer outros
bordados em tecido-base preexistente com espaços vazios e ainda as incrustações
ou outras aplicações, por costura, de rendas sobre tecido-base pré-existente com
espaços vazios) são considerados bordados da posição 5810 do SH.
Devem também distinguir-se as rendas dos produtos com
espaços vazios, tricotados manual ou mecanicamente, que, muitas vezes, as podem
imitar.
Esses produtos não estão compreendidos na presente
posição e apresentam características de malha na acepção do Capítulo 60 do SH.
Reconhecem-se, geralmente, sobretudo quando se examinam
as suas partes cheias, pelas malhas de tricô com que são formados.
Finalmente, as rendas, ao contrário dos tules, filó,
gazes e tecidos em ponto de gaze, não têm trama nem urdidura diferenciados;
podem mesmo obter-se por meio de um único fio e, quando se fabricam com mais de
um fio, confundem-se as funções que esses fios desempenham.
As rendas podem ser feitas à mão ou à máquina.
As rendas
feitas à mão compreendem principalmente:
A) As rendas
de agulha, executadas com uma agulha, sobre uma folha de papel ou de
pergaminho contendo um desenho. A renda segue os contornos do desenho sem que os
fios que a constituem atravessem o papel ou o pergaminho. Todavia, para
facilidade de trabalho, os fios que formam a base da renda fixam-se
provisoriamente, por meio de pontos transversais a determinados locais do papel
ou do pergaminho. Entre as rendas de agulha, devem citar-se as rendas em ponto
de Alençon, em ponto de Argentan e em ponto de Veneza.
B) As rendas
de bilros. São obtidas utilizando-se vários fios enrolados em bilros;
estes fios são entrelaçados sobre uma “almofada” ou “travesseiro” contendo o
desenho a ser reproduzido; para facilitar a execução da renda, fixam-se
alfinetes em determinados pontos da almofada. Podem citar-se, entre as rendas de
bilros, as rendas de Valenciennes, de Chantilly, de Malinas, de Bruges, de Puy,
as rendas Duchesse e as rendas brasileiras feitas no Nordeste do Brasil.
C) As rendas
de crochê, cujo tipo mais corrente é a renda em ponto da Irlanda.
Distinguem-se das precedentes porque a sua execução não exige nem desenho nem
suporte para ser executada; fabricam-se manualmente com o auxílio de uma agulha
de crochê.
D) Diversas
outras variedades de rendas, que se assemelham mais ou menos às
precedentes, tais como:
1) As rendas
de Tenerife, fabricadas como as rendas de agulha;
2) As rendas
de espiguilha, rendas de agulha em que certos desenhos se obtêm por
emprego de cordões ou espiguilhas obtidos com bilros ou mecanicamente;
3) As rendas
conhecidas por frioleiras, obtidas de forma semelhante à das rendas de
crochê, das quais se distinguem pelo fato de que os seus desenhos têm linhas
arredondadas e por serem essencialmente constituídas por nós obtidos por
lançadeiras;
4) As rendas
macramé, rendas grossas executadas com fios entrelaçados e com nós, que
se fixam perpendicularmente a um fio (denominado fio porta-nó).
As imitações
de rendas feitas à mão, obtidas
em teares mecânicos, fazem lembrar, pelo seu aspecto geral, as rendas de
fabricação manual, mas, salvo o caso das rendas de bilros, o modo de entrelaçar
os fios é diferente; por outro lado, nas rendas de fabricação mecânica, existe
uma maior regularidade nos desenhos.
As rendas feitas à mão ou mecanicamente incluem-se na
posição 5804 do SH quando se apresentem:
1º) Em peça ou
em tiras de comprimento indeterminado;
2º) Sob forma
de motivos, isto é, em elementos de diversas formas destinados a serem
incorporados ou aplicados sobre artigos tais como roupas interiores, blusas e
outros artigos de vestuário, lenços, toalhas, panos de mesa ou outros artigos
para decoração de interiores.
As rendas em peça, em tiras ou em motivos podem
fabricar-se diretamente na forma requerida, de uma só vez, ou podem obter-se por
corte, a partir de uma peça maior, ou ainda por reunião de vários
elementos.
Cesar Olivier
Dalston, www.daclam.com.br. Fontes: SH e NESH com
adaptações.
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quinta-feira, 17 de maio de 2012
CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS
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