O que esperar da economia em 2012
Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
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Mesmo sem querer, todo mundo acaba fazendo uma lista de resoluções ou desejos para o ano que começa. A presidente Dilma deve ter a dela. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também deve ter a dele. O mesmo vale para o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Claro que não são listas iguais. Mas alguns desejos devem ser bem parecidos. Que os países da Zona do Euro tomem jeito e resolvam a crise que assustou meio mundo em 2011. Que a economia dos Estados Unidos se recupere de vez. Que os brasileiros consumam, mas não se endividem muito. E a nossa economia volte a crescer com gosto, sem o fantasma da inflação.
É muito desejo para acontecer. E não existe bola de cristal calibrada o suficiente para mostrar como vai ser o que começa agora. Mas que ninguém se engane: 2012 promete ser movimentado até dizer basta. O economista Marcelo Barros, professor da Faculdade Boa Viagem (FBV) e ex-secretário de Finanças do Recife, não tem dúvidas de que o maior problema da economia mundial (e brasileira) ainda é a crise que pegou de cheio os países da Zona do Euro. “Esta é diferente daquela de 2008, que começou no setor público. Os governos entraram para sanar os rombos. Agora, o problema é com as contas públicas. É mais difícil”, lembra.
Não adianta esconder que a crise europeia atingiu o Brasil em 2011. Mas a expectativa é de um 2012 um pouco melhor. Mesmo que não fique no centro da meta estabelecida pelo governo (4,5%), a inflação ficará – em tese – sobre controle. Há outras mudanças. A taxa básica de juros (Selic) está descendo a ladeira depois de atingir 12,50% ao ano em agosto. Hoje está em 11%. “Deve chegar a 9,5% em março, abril”, prevê o economista Alexandre Rands, da Datamétrica Consultoria. Mesmo que a redução da Selic demore a chegar na ponta (em nós), a tendência é a de que os bancos passem a emprestar mais para as pessoas e as empresas.
A “deterioração do cenário internacional”, como destacou o Banco Central em seu relatório de inflação, fez a instituição prever um crescimento da economia em 2012 de 3,5%. É melhor que os 3% previstos para 2011, mas não agradou muito Guido Mantega. Com um discurso no melhor estilo Poliana, o ministro da Fazenda rebateu as previsões da turma de Alexandre Tombini. Jurou de pés juntos que a bola de cristal do Ministério previu um crescimento entre 4% e 5% neste ano. Na opinião dos economistas e do mercado, talvez seja o caso de Mantega mandar a bola de cristal para o conserto.
“Em 2012 o crescimento deve ficar mesmo em 3,5%. Vai ser um ano melhor para o Brasil. Vai crescer um pouco mais, especialmente no segundo semestre”, acredita Alexandre Rands. Mas Guido Mantega não precisa ficar chateado. Muito desta possível melhora na economia brasileira tem a ver com as medidas que o governo começou a tomar nos últimos meses de 2011. Alcides Leite, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios, diz que as medidas para estimular o crédito e aumentar o consumo da população – com redução de impostos – foram acertadas e vão compensar, em parte, o impacto da crise internacional.
“Ainda cabem outras medidas. Temos a sorte de ter muito o que fazer ainda. Nos Estados Unidos e na Europa, os juros já foram reduzidos a quase zero, o nível de endividamento das famílias está no limite”, compara Leite. Marcelo Barros destaca outras “redes de proteção”: a taxa de câmbio flutuante, as reservas cambais e a demanda reprimida do consumidor. “O governo começou a desoneração dos impostos com a linha branca. Dependendo da situação, pode estender para construção civil, o mercado de automóveis”. Não tem nada certo. O certo mesmo é que temos capacidade para tentar contornar os problemas. Ainda bem.
É muito desejo para acontecer. E não existe bola de cristal calibrada o suficiente para mostrar como vai ser o que começa agora. Mas que ninguém se engane: 2012 promete ser movimentado até dizer basta. O economista Marcelo Barros, professor da Faculdade Boa Viagem (FBV) e ex-secretário de Finanças do Recife, não tem dúvidas de que o maior problema da economia mundial (e brasileira) ainda é a crise que pegou de cheio os países da Zona do Euro. “Esta é diferente daquela de 2008, que começou no setor público. Os governos entraram para sanar os rombos. Agora, o problema é com as contas públicas. É mais difícil”, lembra.
Não adianta esconder que a crise europeia atingiu o Brasil em 2011. Mas a expectativa é de um 2012 um pouco melhor. Mesmo que não fique no centro da meta estabelecida pelo governo (4,5%), a inflação ficará – em tese – sobre controle. Há outras mudanças. A taxa básica de juros (Selic) está descendo a ladeira depois de atingir 12,50% ao ano em agosto. Hoje está em 11%. “Deve chegar a 9,5% em março, abril”, prevê o economista Alexandre Rands, da Datamétrica Consultoria. Mesmo que a redução da Selic demore a chegar na ponta (em nós), a tendência é a de que os bancos passem a emprestar mais para as pessoas e as empresas.
A “deterioração do cenário internacional”, como destacou o Banco Central em seu relatório de inflação, fez a instituição prever um crescimento da economia em 2012 de 3,5%. É melhor que os 3% previstos para 2011, mas não agradou muito Guido Mantega. Com um discurso no melhor estilo Poliana, o ministro da Fazenda rebateu as previsões da turma de Alexandre Tombini. Jurou de pés juntos que a bola de cristal do Ministério previu um crescimento entre 4% e 5% neste ano. Na opinião dos economistas e do mercado, talvez seja o caso de Mantega mandar a bola de cristal para o conserto.
“Em 2012 o crescimento deve ficar mesmo em 3,5%. Vai ser um ano melhor para o Brasil. Vai crescer um pouco mais, especialmente no segundo semestre”, acredita Alexandre Rands. Mas Guido Mantega não precisa ficar chateado. Muito desta possível melhora na economia brasileira tem a ver com as medidas que o governo começou a tomar nos últimos meses de 2011. Alcides Leite, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios, diz que as medidas para estimular o crédito e aumentar o consumo da população – com redução de impostos – foram acertadas e vão compensar, em parte, o impacto da crise internacional.
“Ainda cabem outras medidas. Temos a sorte de ter muito o que fazer ainda. Nos Estados Unidos e na Europa, os juros já foram reduzidos a quase zero, o nível de endividamento das famílias está no limite”, compara Leite. Marcelo Barros destaca outras “redes de proteção”: a taxa de câmbio flutuante, as reservas cambais e a demanda reprimida do consumidor. “O governo começou a desoneração dos impostos com a linha branca. Dependendo da situação, pode estender para construção civil, o mercado de automóveis”. Não tem nada certo. O certo mesmo é que temos capacidade para tentar contornar os problemas. Ainda bem.
Dólar médio de R$ 1,80
Esqueça o dólar valendo menos de R$ 1,60. Melhor se acostumar com a moeda norte-americana na casa de R$ 1,80. Ela deve ficar por aí neste ano. Pode até ser um pouco mais ou um pouco menos. Como o câmbio é flutuante, o valor da moeda varia de acordo com a situação da economia. Funciona como uma blindagem contra os choques externos. Se a situação piorar muito (a Espanha quebrar, por exemplo), é possível que o real perca mais valor. Pode não agradar os viajantes, mas se pensarmos que o dólar já chegou a R$ 4 em 2002, estamos no lucro.
“Depois daquela confusão toda do meio do ano, o dólar meio que se estabilizou. A tendência é ficar no patamar atual”, diz o economista Marcelo Barros. Em 26 de julho, a moeda norte-americana fechou em R$ 1,534. O menor valor em 12 anos. Quem foi viajar, viajou feliz da vida. Os preços dos importados também baixaram. Com a mudança de humor, o dólar chegou perto dos R$ 2, agradando os exportadores, que perderam mercado. “A indústria quer um câmbio acima de R$ 2. Mas acho esse câmbio razoável”, comenta o economista Alexandre Rands.
Àqueles que pretendem viajar para o exterior em 2012, tanto Marcelo Barros quanto Alexandre Rands recomendam cautela. Os dólares devem ser comprados aos poucos. Em uma viagem para daqui a quatro meses, o turista pode comprar 25% da moeda estrangeira por mês. Desta forma, acaba diluindo o risco. Já o xodó dos brasileiros no exterior – o cartão de crédito – deve ser usado com mais cautela ainda. Não custa lembrar que a fatura só é fechada na volta. Vai que dá zebra e o dólar pega o elevador? Melhor não arriscar. (T.N.)
“Depois daquela confusão toda do meio do ano, o dólar meio que se estabilizou. A tendência é ficar no patamar atual”, diz o economista Marcelo Barros. Em 26 de julho, a moeda norte-americana fechou em R$ 1,534. O menor valor em 12 anos. Quem foi viajar, viajou feliz da vida. Os preços dos importados também baixaram. Com a mudança de humor, o dólar chegou perto dos R$ 2, agradando os exportadores, que perderam mercado. “A indústria quer um câmbio acima de R$ 2. Mas acho esse câmbio razoável”, comenta o economista Alexandre Rands.
Àqueles que pretendem viajar para o exterior em 2012, tanto Marcelo Barros quanto Alexandre Rands recomendam cautela. Os dólares devem ser comprados aos poucos. Em uma viagem para daqui a quatro meses, o turista pode comprar 25% da moeda estrangeira por mês. Desta forma, acaba diluindo o risco. Já o xodó dos brasileiros no exterior – o cartão de crédito – deve ser usado com mais cautela ainda. Não custa lembrar que a fatura só é fechada na volta. Vai que dá zebra e o dólar pega o elevador? Melhor não arriscar. (T.N.)
Desemprego está em queda
Será que alguém imaginava que 2011 iria acabar com o IBGE divulgando que a taxa de desemprego em novembro foi de apenas 5,2%, a menor desde o ínicio da série, em março de 2002? Na Região Metropolitana do Recife não foi diferente. A desocupação de 5,5% foi a menor dos últimos nove anos. Mesmo com uma metodologia diferente – e percentuais também – o Dieese confirmou a queda recorde (12,8% em novembro para a RMR). Será que esta realidade se segura em 2012? Possivelmente, sim. Especialmente em Pernambuco.
“Nossa expectativa é a de que o desemprego pode cair mais em dezembro e começar janeiro em baixa também”, afirma Jairo Santiago, coordenador regional da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), do Dieese. O setor de serviços – que inclui a hotelaria – deve ser um dos mais beneficiados. Ele também aposta em um bom ano para a construção civil, tanto no segmento de edificação quanto no de reforma. “Cinco anos atrás, divulgávamos um contigente de 45 mil empregados na construção. Hoje são mais de 100 mil. Só na RMR”, diz Santiago.
Outra boa notícia para o trabalhador local é a recuperação da renda. Nos dois últimos meses, a renda média do trabalhador do Recife ultrapassou a de Salvador. Podemos estar longe ainda de receber como o pessoal do Distrito Federal, São Paulo ou Porto Alegre. Mas fomos os únicos a ter aumento do rendimento real nos últimos 12 meses (2,5%). Embora não aposte em um desempenho nacional tão bom quanto o do estado, o coordenador regional da PED destaca que alguns fatores devem beneficiar a geração de empregos no país.
É ano de eleições municipais. Os investimentos para a Copa do Mundo vão aumentar. O salário mínimo começa o ano bombado, valendo R$ 622, o maior valor real dos últimos 30 anos, segundo estudo do próprio Dieese. O reajuste injetará R$ 47 bilhões na economia do país. “A valorização do mínimo aumenta o consumo das famílias. Isso acaba refletindo no emprego”, comenta Jairo Santiago. Em outras coisas também. Com o aumento do consumo das pessoas, a arrecadação de impostos pelo governo federal deve crescer quase R$ 23 bilhões em 2012. (T.N.)
“Nossa expectativa é a de que o desemprego pode cair mais em dezembro e começar janeiro em baixa também”, afirma Jairo Santiago, coordenador regional da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), do Dieese. O setor de serviços – que inclui a hotelaria – deve ser um dos mais beneficiados. Ele também aposta em um bom ano para a construção civil, tanto no segmento de edificação quanto no de reforma. “Cinco anos atrás, divulgávamos um contigente de 45 mil empregados na construção. Hoje são mais de 100 mil. Só na RMR”, diz Santiago.
Outra boa notícia para o trabalhador local é a recuperação da renda. Nos dois últimos meses, a renda média do trabalhador do Recife ultrapassou a de Salvador. Podemos estar longe ainda de receber como o pessoal do Distrito Federal, São Paulo ou Porto Alegre. Mas fomos os únicos a ter aumento do rendimento real nos últimos 12 meses (2,5%). Embora não aposte em um desempenho nacional tão bom quanto o do estado, o coordenador regional da PED destaca que alguns fatores devem beneficiar a geração de empregos no país.
É ano de eleições municipais. Os investimentos para a Copa do Mundo vão aumentar. O salário mínimo começa o ano bombado, valendo R$ 622, o maior valor real dos últimos 30 anos, segundo estudo do próprio Dieese. O reajuste injetará R$ 47 bilhões na economia do país. “A valorização do mínimo aumenta o consumo das famílias. Isso acaba refletindo no emprego”, comenta Jairo Santiago. Em outras coisas também. Com o aumento do consumo das pessoas, a arrecadação de impostos pelo governo federal deve crescer quase R$ 23 bilhões em 2012. (T.N.)
Pernambuco na frente
Não é bairrismo. Tampouco um exemplo da megalomania pernambucana. É só uma constatação. Em 2012, a economia do estado vai, mais uma vez, crescer mais que a nordestina e a brasileira. Nas previsões da consultoria Datamétrica, a economia do Nordeste crescerá 4,1% neste ano. A de Pernambuco deve subir 5,9%. Um ritmo de fazer inveja. Nossos vizinhos poderosos – Bahia e Ceará – devem crescer neste ano 4,05% e 4,1%, respectivamente.
O desempenho pernambucano será comandado pelos investimentos na indústria, a expansão dos serviços e da construção civil. “Pernambuco continuará crescendo muito. Os investimentos públicos na infraestrutura e para a Copa do Mundo devem se acelerar. Nós na cidade vamos sentir um pouco o impacto. Vai tumultuar a nossa vida. Mas isso dá a dimensão do crescimento”, destaca o economista Alexandre Rands.
Para Rands, o longo período de estagnação econômica do estado foi superado de vez. Segundo ele, os investimentos públicos e privados que estão sendo realizados em Pernambuco devem gerar, nos próximos dez anos, um crescimento médio da economia do estado de 2,14% acima do crescimento do país. O desempenho acima da média também pode ser confirmado pelo aumento gigante das importações de bens de capital – aqueles que são usados na produção de outros bens.
Máquinas, equipamentos e ferramentas são exemplos de bens de capital. Os números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior apontam que, entre janeiro e outubro de 2011, as importações brasileiras desses bens cresceram 16,86%. As do Nordeste subiram 17,62%. E as de Pernambuco saltaram 86,89%. Segundo a Datamétrica, a participação das importações do estado nas importações de bens de capital de todo o Nordeste foi de quase 30%.
“O estado tem vários investimentos grandes, especialmente estatais. Um eventual (maior) impacto da crise internacional pode até dilatar cronogramas das empresas estrangeiras. Mas ninguém pode acreditar, por exemplo, que a Refinaria Abreu e Lima vai parar”, diz o economista Marcelo Barros. Não custa lembrar que o valor total da obra da refinaria é de R$ 26 bilhões. Este é apenas um dos investimentos em curso no estado.
Tem muito mais. De acordo com um levantamento feito pela Ceplan Consultoria Econômica e Planejamento, há um total de R$ 52,7 bilhões de investimentos públicos e privados em curso em Pernambuco. Tem mais coisa chegando. Quarta-feira passada, na última reunião de 2011, o Conselho Estadual de Política Industrial, Comercial e de Serviços (Condic) confirmou a aprovação da implantação de 24 novas indústrias no estado.
Se o Brasil estivesse com o mesmo nível de investimento observado por aqui, a economia cresceria mais também. “Só teremos condições de reduzir mais a inflação e ampliar o crescimento com mais investimentos. Copa do Mundo e Olimpíadas ajudam, mas não bastam”, lembra o professor de economia Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios. Para ele, o país precisa investir mais em energia, aeroportos, portos, estradas, ferrovias, saneamento, habitação, educação. (T.N.) / Tatiana Nascimento / http://www.pernambuco.com/ultimas/nota.asp?materia=20111231181943&assunto=25&onde=Economia
O desempenho pernambucano será comandado pelos investimentos na indústria, a expansão dos serviços e da construção civil. “Pernambuco continuará crescendo muito. Os investimentos públicos na infraestrutura e para a Copa do Mundo devem se acelerar. Nós na cidade vamos sentir um pouco o impacto. Vai tumultuar a nossa vida. Mas isso dá a dimensão do crescimento”, destaca o economista Alexandre Rands.
Para Rands, o longo período de estagnação econômica do estado foi superado de vez. Segundo ele, os investimentos públicos e privados que estão sendo realizados em Pernambuco devem gerar, nos próximos dez anos, um crescimento médio da economia do estado de 2,14% acima do crescimento do país. O desempenho acima da média também pode ser confirmado pelo aumento gigante das importações de bens de capital – aqueles que são usados na produção de outros bens.
Máquinas, equipamentos e ferramentas são exemplos de bens de capital. Os números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior apontam que, entre janeiro e outubro de 2011, as importações brasileiras desses bens cresceram 16,86%. As do Nordeste subiram 17,62%. E as de Pernambuco saltaram 86,89%. Segundo a Datamétrica, a participação das importações do estado nas importações de bens de capital de todo o Nordeste foi de quase 30%.
“O estado tem vários investimentos grandes, especialmente estatais. Um eventual (maior) impacto da crise internacional pode até dilatar cronogramas das empresas estrangeiras. Mas ninguém pode acreditar, por exemplo, que a Refinaria Abreu e Lima vai parar”, diz o economista Marcelo Barros. Não custa lembrar que o valor total da obra da refinaria é de R$ 26 bilhões. Este é apenas um dos investimentos em curso no estado.
Tem muito mais. De acordo com um levantamento feito pela Ceplan Consultoria Econômica e Planejamento, há um total de R$ 52,7 bilhões de investimentos públicos e privados em curso em Pernambuco. Tem mais coisa chegando. Quarta-feira passada, na última reunião de 2011, o Conselho Estadual de Política Industrial, Comercial e de Serviços (Condic) confirmou a aprovação da implantação de 24 novas indústrias no estado.
Se o Brasil estivesse com o mesmo nível de investimento observado por aqui, a economia cresceria mais também. “Só teremos condições de reduzir mais a inflação e ampliar o crescimento com mais investimentos. Copa do Mundo e Olimpíadas ajudam, mas não bastam”, lembra o professor de economia Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios. Para ele, o país precisa investir mais em energia, aeroportos, portos, estradas, ferrovias, saneamento, habitação, educação. (T.N.) / Tatiana Nascimento / http://www.pernambuco.com/ultimas/nota.asp?materia=20111231181943&assunto=25&onde=Economia
Brasil em longo prazo
Crise econômica mundial estimula reforma tributária no país
Iniciada em 2008, a crise econômica mundial não atingiu o Brasil de maneira plena, mas alguns setores sofreram impacto ao longo do ano no que diz respeito às exportações. A venda de carne de frango brasileiro para a União Europeia (UE), por exemplo, teve um recuo entre janeiro e agosto deste ano, se comparada ao mesmo período em 2010, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Em 2010, 9,5 mil toneladas foram comercializadas, contra 6,5 mil toneladas em 2011.
Diante da perspectiva de o caos econômico perdurar pelos próximos anos, analistas defendem que o governo brasileiro adote hoje medidas focadas nas áreas comercial (estimulando agregação de valor aos produtos), de macroeconomia (por meio do equilíbrio fiscal), e de política externa (estreitando parcerias com outros países).
Essas medidas são indicadas para serem postas em prática hoje, visando o futuro. “No mundo globalizado, ninguém é isolado e é preciso ter consciência de que não estamos em uma zona de conforto”, diz o administrador de empresas José Caetano Lacerda, diretor da consultoria de investimentos Valora, no Rio de Janeiro.
Lacerda afirma que tudo o que já foi feito, economicamente falando, não é suficiente diante de um cenário externo de crise. “É necessária uma percepção de que fizemos uma base importante e passamos por reformas essenciais, mas ainda há muito que se fazer”, garante.
Perspectivas
A desaceleração da economia global ao longo do próximo ano afetará ainda mais as exportações brasileiras, na opinião de Allexandro Emmanuel Mori Coelho, coordenador dos cursos de Economia e de Relações Internacionais da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), em São Paulo. “Os setores que têm uma parcela da produção voltada para a exportação vão sentir mais a crise, principalmente devido à redução da demanda da Europa, que sempre foi grande comprador de produtos brasileiros”, afirma.
Ele comenta que, além das dificuldades nas exportações, outro fator pode atingir a economia brasileira: as importações chinesas. O Gigante Vermelho vem apresentando no decorrer dos últimos anos taxas de crescimento da produção industrial muito altas, explica Coelho, e dificilmente reduzirá seu ritmo – mesmo diante da queda do consumo de europeus e norte-americanos, que também enfrentam a crise de maneira mais direta.
O coordenador revela que é grande a possibilidade de o país asiático partir para uma prática de preços mais reduzidos, na intenção de desovar as vendas que não estão sendo absorvidas. “Nesse sentido, cabe ao Brasil pensar em alguma maneira de proteção ao mercado doméstico”, fala.
Coelho salienta, entretanto, que essas medidas protecionistas precisam, necessariamente, ter caráter provisório. “A proteção serve para defender a produção industrial e o emprego dos trabalhadores, mas não pode gerar acomodação das empresas”, ressalta.
Visando o futuro, o coordenador avalia que a principal medida a ser adotada é a eliminação do acúmulo dos tributos. “O Brasil tem um número grande de impostos e há a incidência de uns sobre outros. É como se uma empresa pagasse imposto por estar pagando imposto. Quando se chega ao produto final o preço faz com que ele perca competitividade”, revela Coelho.
Ele fala que quando há queda na demanda, uma forma de se estimular o consumo é reduzir o preço – e isso pode se dar ou com a diminuição das margens de lucratividade das empresas, ou com a redução do custo final do produto. “Uma reforma tributária pode extinguir algumas alíquotas e com isso as empresas praticarem preços mais baixos – aumentando, desta forma, a demanda”, explica.
Um ponto defendido por Lacerda é que o governo promova um equilíbrio fiscal dos gastos públicos. Ele afirma que os gastos são nocivos e que é necessário buscar estabilidade nesse sentido. “Os recursos precisam ser melhor direcionados para investimentos que alavancam o desenvolvimento social, em especial infraestrutura e mobilidade urbana, educação, saúde e tecnologia”, elenca.
Lacerda salienta, também, que é preciso reduzir a taxa de juros praticada no país. “Mas isso tem que ser feito de maneira calculada, não adianta baixar a taxa por decreto. Em tempos de crise, é fundamental que se preste atenção à inflação e elimine a mania de se acreditar que meio pontinho a mais não faz diferença”, avalia.
Lacerda fala que o momento, apesar de tumultuado na área econômica mundial, é propício para o Brasil encontrar oportunidades. “O país tem a chance de se consolidar no papel de líder da América Latina. Basta saber construir alianças políticas estratégicas, voltadas para a evolução doméstica”, comenta.
Ógui / especial para o Terra7 / http://operacoescambiais.terra.com.br/noticias/operacoes-empresariais-2/brasil-em-longo-prazo-353
Diante da perspectiva de o caos econômico perdurar pelos próximos anos, analistas defendem que o governo brasileiro adote hoje medidas focadas nas áreas comercial (estimulando agregação de valor aos produtos), de macroeconomia (por meio do equilíbrio fiscal), e de política externa (estreitando parcerias com outros países).
Essas medidas são indicadas para serem postas em prática hoje, visando o futuro. “No mundo globalizado, ninguém é isolado e é preciso ter consciência de que não estamos em uma zona de conforto”, diz o administrador de empresas José Caetano Lacerda, diretor da consultoria de investimentos Valora, no Rio de Janeiro.
Lacerda afirma que tudo o que já foi feito, economicamente falando, não é suficiente diante de um cenário externo de crise. “É necessária uma percepção de que fizemos uma base importante e passamos por reformas essenciais, mas ainda há muito que se fazer”, garante.
Perspectivas
A desaceleração da economia global ao longo do próximo ano afetará ainda mais as exportações brasileiras, na opinião de Allexandro Emmanuel Mori Coelho, coordenador dos cursos de Economia e de Relações Internacionais da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), em São Paulo. “Os setores que têm uma parcela da produção voltada para a exportação vão sentir mais a crise, principalmente devido à redução da demanda da Europa, que sempre foi grande comprador de produtos brasileiros”, afirma.
Ele comenta que, além das dificuldades nas exportações, outro fator pode atingir a economia brasileira: as importações chinesas. O Gigante Vermelho vem apresentando no decorrer dos últimos anos taxas de crescimento da produção industrial muito altas, explica Coelho, e dificilmente reduzirá seu ritmo – mesmo diante da queda do consumo de europeus e norte-americanos, que também enfrentam a crise de maneira mais direta.
O coordenador revela que é grande a possibilidade de o país asiático partir para uma prática de preços mais reduzidos, na intenção de desovar as vendas que não estão sendo absorvidas. “Nesse sentido, cabe ao Brasil pensar em alguma maneira de proteção ao mercado doméstico”, fala.
Coelho salienta, entretanto, que essas medidas protecionistas precisam, necessariamente, ter caráter provisório. “A proteção serve para defender a produção industrial e o emprego dos trabalhadores, mas não pode gerar acomodação das empresas”, ressalta.
Visando o futuro, o coordenador avalia que a principal medida a ser adotada é a eliminação do acúmulo dos tributos. “O Brasil tem um número grande de impostos e há a incidência de uns sobre outros. É como se uma empresa pagasse imposto por estar pagando imposto. Quando se chega ao produto final o preço faz com que ele perca competitividade”, revela Coelho.
Ele fala que quando há queda na demanda, uma forma de se estimular o consumo é reduzir o preço – e isso pode se dar ou com a diminuição das margens de lucratividade das empresas, ou com a redução do custo final do produto. “Uma reforma tributária pode extinguir algumas alíquotas e com isso as empresas praticarem preços mais baixos – aumentando, desta forma, a demanda”, explica.
Um ponto defendido por Lacerda é que o governo promova um equilíbrio fiscal dos gastos públicos. Ele afirma que os gastos são nocivos e que é necessário buscar estabilidade nesse sentido. “Os recursos precisam ser melhor direcionados para investimentos que alavancam o desenvolvimento social, em especial infraestrutura e mobilidade urbana, educação, saúde e tecnologia”, elenca.
Lacerda salienta, também, que é preciso reduzir a taxa de juros praticada no país. “Mas isso tem que ser feito de maneira calculada, não adianta baixar a taxa por decreto. Em tempos de crise, é fundamental que se preste atenção à inflação e elimine a mania de se acreditar que meio pontinho a mais não faz diferença”, avalia.
Lacerda fala que o momento, apesar de tumultuado na área econômica mundial, é propício para o Brasil encontrar oportunidades. “O país tem a chance de se consolidar no papel de líder da América Latina. Basta saber construir alianças políticas estratégicas, voltadas para a evolução doméstica”, comenta.
Ógui / especial para o Terra7 / http://operacoescambiais.terra.com.br/noticias/operacoes-empresariais-2/brasil-em-longo-prazo-353
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