LEGISLAÇÃO

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

PORTOS E LOGÍSTICA - 10/01/2012




  • Embarque por Paranaguá continuará sendo refém da chuva

  • Hoje, basta uma chuva leve para paralisar o carregamento e causar filas de caminhões





  • PORTAL DO AGRONEGÓCIO

    Coamo - "Para nós um dos principais entraves é este. Tem a ver também com a qualidade do produto embarcado. Mesmo quando alguma providência é tomada no início, quando a nebulosidade chega à Ilha da Cotinga, a carga acaba sendo molhada. Tudo isso representa custo, principalmente para o operador responsável por entregar o carregamento no destino e em bom estado", observa Alexan­dro Cruzes, gerente da unidade da Coamo, maior cooperativa agroindustrial da América Latina, em Paranaguá. Ele diz que o Porto de Santos (SP) está prestes a testar um modelo. "Sei que é uma engenharia difícil, mas tem de ser pensada e discutida com os operadores graneleiros", argumenta.
    Estrada - Uma estrada que leve diretamente da entrada de Paranaguá ao Porto é uma das principais - e mais antigas - reivindicações da população e dos operadores do terminal. Para Juarez Moraes e Silva, que, além de diretor-presidente do TCP, é também presidente da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Parana­guá (Aciap), essa responsabilidade é do poder público. "É o que diz a Lei Federal 8.630 [documento de 1993 que dispõe sobre o regime jurídico da exploração dos por portos e suas instalações]. O problema no caso do acesso direto ao porto é que não há uma decisão ainda sobre de quem é a responsabilidade de fazer a obra - do governo estadual, da Appa, do município ou mesmo da concessionária, a Ecovia", diz.
    Gargalo - Ronaldo Sapateiro, gerente do terminal marítimo da Fospar, em Paranaguá, também acredita que este é o principal gargalo do porto no presente e também em futuro próximo, com a expansão da movimentação - o terminal é o principal exportador de fertilizantes do país. "Um acesso direto, exclusivo, seria uma boa ideia", afirma. A Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística foi procurada para comentar o assunto, mas não retornou o contato.





Protocolo firma rota a Cabo Verde

O documento que estabelece a intenção de criar-se uma rota regular entre o Porto do Mucuripe, em Fortaleza, e o Porto de Cabo Verde, na África, será assinado na próxima segunda-feira pela Companhia Docas do Ceará (CDC) e a Enapor SA, respectivas administradoras dos terminais marítimos mencionados. A informação foi anunciada ontem pela assessoria de imprensa do mediador do acordo, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Ceará (Sebrae-CE), e confirma informação dada com exclusividade pelo Diário do Nordeste em 22 de dezembro de 2011.

Segundo o informado, "a ideia é retomar linha marítima entre o Ceará e o país africano". O protocolo de cooperação entre a CDC e a Enapor será assinado a partir das 9h na sala de reuniões da sede da Docas do Ceará, Praça Amigos da Marinha, s/n, no Cais do Porto.

Negócios

Contratado pela Associação Brasileira dos Sebraes Estaduais (Abase) à Ceará Trade Brasil anteriormente, um estudo de logística avaliou as possibilidades reais de negócios entre o Estado e países como Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Moçambique e ainda projetou negócios para o futuro com Senegal e Guiné Bissau.

Em nota, as entidades ainda destacam: "a viabilização desta rota deverá ser um marco nas relações comerciais e de cooperação do Brasil com a África e porta de entrada para o continente. Além disso, o objetivo é escoar não só cargas cearenses, mas também de outros Estados".
Portos e Navios





Frota brasileira de cabotagem ganha peso com Promef
A Transpetro dá importante contribuição para a ampliação da frota brasileira de cabotagem com o Promef (Programa de Modernização e Expansão da Frota), que prevê a encomenda de 49 embarcações junto a estaleiros nacionais.

Até o momento, já foram contratados 41 navios, a um investimento de R$ 9,6 bilhões. Os oito últimos estão em fase final de licitação.

Em novembro do ano passado, a companhia iniciou as operações do primeiro navio do Promef, o navio de produtos Celso Furtado, construído pelo Estaleiro Mauá. Foi o primeiro petroleiro entregue por um estaleiro nacional ao Sistema Petrobras em 14 anos.
Guia Marítimo




Empresas de transportes seguirão ritmo da economia

Questões relacionadas com a economia doméstica e a retração do comércio exterior estão entre os fatores que deverão movimentar os setores no próximo ano, de acordo com o Bradesco BBI.

No segmento ferroviário, por exemplo, a instituição aposta nos negócios da América Latina logística (ALL).

"A ALL deve continuar mostrando crescimento médio de 10% em termos de volume como resultado da migração do transporte por rodovia para ferrovia. Este movimento deverá continuar por pelo menos mais três anos", ressaltaram os analistas do Bradesco BBI, Edigimar Maximiliano e Luiz Peçanha.

Neste sentido, o banco de investimentos do Bradesco afirmou que a ALL deverá se manter como um importante player no mercado da América do Sul. As ações da companhia foram classificadas "outperform" (acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 16,00 em 2012.

Passando para a área de logística, a instituição destacou a Tegma, afirmando que está otimista com os negócios da companhia, diante do comportamento do mercado automotivo brasileiro.

Isso porque, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o Brasil deverá expandir sua produção doméstica de veículos em 5%, para 3,7 milhões de unidades em 2011.

Apesar disso, o Bradesco BBI espera que a Tegma diminua gradualmente sua exposição no segmento automotivo, estimando que a participação do setor na receita da empresa cairá a 60% em 2021, lembrando que em 2011 o percentual está em 78%.

"Dentre os principais riscos para a Tegma estão um possível declínio da produção de veículos e piora da economia doméstica", destacaram os analistas da instituição.

Os papéis da empresa também foram classificados como "outperform" e o preço-alvo estabelecido foi de R$ 36,50.

E por fim, em relação ao setor portuário, a instituição mencionou a Wilson Sons, classificada como "market perfom" (na média do mercado), com preço-alvo de R$ 35,50.

"Vemos a Wilson Sons como um caso de investimento diversificado e forte", considerou o Bradesco BBI.

Essa consideração foi feita mesmo sabendo que as companhias que operam no setor portuário podem enfrentar grandes desafios em termos de crescimento de volume com a piora das condições macroeconômicas e diminuição do comércio global.
Brasil Econômico/Déborah Costa





O desafio da década


Mauro Lourenço Dias (*)
 

O desafio da década. 16240.jpegNão é preciso ser especialista em logística para saber que, com o atual modelo de transportes, o Brasil não vencerá a acirrada competição com os mercados globalizados. O governo federal sabe muito bem disso. Tanto que, em 2007, lançou o Plano Nacional de Logística e Transporte (PNLT), que prevê uma mudança radical na matriz de transporte do País até 2027.

Se esse intento será alcançado é que não se sabe. Até porque, para que esse objetivo fosse alcançado, o governo deveria estar investindo pelo menos 4% do Produto Interno Bruto (PIB) em infraestrutura por ano, mas não é o que ocorre. Quando muito, com todos os adiamentos e procrastinações que costumam acontecer em obras públicas, vem investindo 2,5%, o que, obviamente, é um valor insuficiente diante das necessidades que se acumulam e comprometem a competitividade brasileira.

No caso específico do Porto de Santos, com a entrada em funcionamento das instalações da Brasil Terminal Portuário (BTP), no antigo depósito de resíduos sólidos, o chamado Lixão da Alemoa, em 2013, e o da Embraport, na área continental, haverá, em três anos, uma duplicação de sua capacidade para receber contêineres. Como hoje 97% dos contêineres são transportados em cima de caminhões, em breve, chegar-se-á a um estágio de saturação nas vias de acesso ao Porto, hoje já à beira do caos.
Técnicos da Secretaria Especial de Portos (SEP) estimam que, em 15 anos, o volume movimentado de contêineres chegará a 9 milhões de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), mas, obviamente, essa é uma estatística conservadora, pois equivale ao triplo do que já é movimentado nestes dias. Aliás, as previsões para o Porto têm se mostrado cada vez mais conservadoras, tal a velocidade com que a realidade supera a imaginação dos especialistas.
É de lembrar que, em 2009, um estudo preparado pela consultoria Louis Berger apontou para 2024 uma movimentação de 240 milhões de toneladas de mercadorias no Porto de Santos. À época, o Porto operava 80 milhões de toneladas. Só que hoje já opera mais de 100 milhões. Portanto, se esse ritmo for mantido, está claro que aquela previsão será amplamente superada.
O que fazer? As saídas já são conhecidas e não passam pelo desvio de cargas para outros portos, embora essa seja sempre uma possibilidade no horizonte. Entre as soluções, estão o aproveitamento dos rios da região para o transporte de contêineres em barcaças e a intensificação do uso da ferrovia, em substituição aos caminhões. As concessionárias ferroviárias América Latina Logística (ALL) e MRS Logística já traçam planos para que essa possibilidade se concretize, levando em conta que, em 2012, cerca de três mil contêineres serão movimentados por mês no interior do complexo santista.
 
           Há, porém, obstáculos que exigirão altos investimentos: os túneis da Serra do Mar não permitem o transporte de contêineres em double-deck, ou seja, um cima do outro, de forma a dobrar a capacidade da composição. Além disso, há pontes que não suportariam a passagem de tanto peso. Esse alto custo já fez até a ALL desistir dessa opção, enquanto a MRS estuda fazer adaptações no túnel de Conceiçãozinha, em Guarujá, e na ponte sobre o rio Casqueiro.
            Conclui-se, então, que as concessionárias ferroviárias deverão investir mais no transporte de carga geral. Hoje, mais de 40% da produção já vêm por via férrea, sem provocar um impacto tão grande na logística do Porto como os contêineres. Por isso, encontrar saídas para a movimentação de contêineres no Porto de Santos será o grande desafio desta década.

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O desafio da década. 16241.jpeg(*) Mauro Lourenço Dias é vice-presidente da Fiorde Logística Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br

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