LEGISLAÇÃO

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

G20

G20 deve evitar usar câmbio para ganho comercial, afirma Geithner
DA REUTERS, EM GYEONGJU
DA EFE, EM GYEONGJU

O G20 precisa evitar políticas cambiais que visem obter competitividade, disse o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, em uma carta aos chefes financeiros do grupo de 20 países emergentes e desenvolvidos.

Geithner também afirmou que os países com moedas subvalorizadas não devem tentar nem valorizá-las nem ficar no caminho de eventuais ganhos, e que o G20 deve visar reduzir seus deficits em conta corrente.

Na mensagem aos ministros do G20 reunidos hoje e amanhã em Gyeongju, na Coreia do Sul, Geithner pede para que "facilitem um reequilíbrio ordenado da demanda global e recusem políticas cambiais para obter competitividade".

Os EUA fixam assim sua postura ao início da reunião de dois dias de Gyeongju na qual o assunto das taxas de câmbio em nível mundial protagonizará os debates, especialmente perante a chamada "guerra de divisas" para conseguir um melhor posicionamento nos mercados internacionais.
A principal disputa é protagonizada pelos EUA, que criticam a China por manter o yuan artificialmente baixo e não de acordo com sua evolução econômica com o objetivo de ganhar competitividade e fortalecer seu motor exportador.

"Alguns mercados emergentes do G20 com divisas significativamente subvalorizadas e reservas adequadas necessitam permitir que suas taxas de câmbio se ajustem totalmente no tempo a níveis coerentes com seus fundamentos econômicos", indica a carta.

Os EUA pedem ao G20 que tente reduzir o risco de uma excessiva volatilidade nos fluxos de capital em economias emergentes com taxas de câmbio flexíveis.

Geithner também propôs que os países do G20 com deficit trabalhem para aumentar suas exportações, enquanto aqueles com superavit consolidado iniciem reformas estruturais, fiscais e em suas políticas cambiais para incentivar fontes de crescimento domésticas e apoiar a demanda global.

O G20 inicia nesta sexta-feira dois dias de reuniões, em Gyeongju, na Coreia do Sul.
Folha de São Paulo


G20 Finanças tem início dominado por "guerra cambial"
DA FRANCE PRESSE, EM GYEONGJU

A reunião de ministros das Finanças e presidentes de Bancos Centrais do G20 teve início nesta sexta-feira em Gyeongju, Coreia do Sul, anunciou o presidente sul-coreano Lee Myung-bak, em um evento dominado pelo temor de uma possível "guerra cambial".

O encontro do G20, que reúne os países ricos e as potências emergentes, foi precedido por uma reunião de uma hora do G7, que não teve comunicado final divulgado.

Antes do início da reunião, os representantes dos Estados Unidos divulgaram uma carta assinada pelo secretário do Tesouro, Timothy Geithner, na qual Washington pede aos países com superavit comercial persistente uma reforma da política cambial para fortalecer o crescimento mundial.

Um projeto de declaração final do encontro do G20 sugere que os países se comprometam a não adotar uma "desvalorização competitiva", segundo a agência de informações econômicas Dow Jones.
"O G20 segue para um sistema de taxas cambiais determinadas pelo mercado", afirma o projeto de comunicado.

Vários países emergentes sofrem atualmente com a desvalorização do dólar, que penaliza suas exportações, já que encarece ao mesmo tempo suas divisas nacionais.

A China mantém o valor do yuan estreitamente vinculado ao do dólar.
Folha de São Paulo

Racha no G-20
O grande acordo proposto pelos Estados Unidos para enfrentar a crise e a guerra cambial não consegue decolar. As maiores autoridades econômicas do mundo divergem abertamente sobre qual tratamento dar aos problemas globais.

A proposta americana começou a circular ontem, à véspera da reunião de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do Grupo dos 20 mais importantes países do mundo, o G-20, que será realizada hoje e amanhã em Gyeongju, na Coreia do Sul.

A ideia foi apresentada pelo secretário do Tesouro americano, Tim Geithner. Ele pretende que as mais importantes economias do mundo aceitem um cronograma de redução dos saldos em conta corrente (contas externas). Se for superávit, seria o de redução; se for déficit, o de aumento dos resultados. O critério técnico proposto é o de atingir um nível sustentável de crescimento e de desempenho comercial. O nível de câmbio seria mera consequência.

Em entrevista concedida ao Wall Street Journal, de Nova York, Geithner reconheceu que, em matéria de política de câmbio, não está claro sobre o que é ou não jogo limpo ("fair"). E disse que o pretendido é "um acordo em torno de um conjunto de normas a serem aplicadas às políticas cambiais".

O grande desequilíbrio hoje é mesmo essa diferença entre despesas e receitas dos países a que se refere Geithner. A consequência são as enormes transferências de recursos, formação de reservas de um lado e de grandes dívidas de outro, que levam à guerra cambial.

Ainda é preciso entender melhor a proposta de Geithner. A impressão inicial é de que o equívoco está em achar que bastam atos de vontade para que os problemas acabem. Ficou sinalizado que essa manobra tem dois alvos: a China e a Alemanha, economias que vêm crescendo graças a suas exportações e, portanto, são dependentes da demanda externa. No fundo, Geithner parece ter por objetivo o alinhamento da maioria dos membros do G-20 contra essas duas nações.

A primeira reação das autoridades da Rússia, da China, da Alemanha e da Índia foi rejeitar a sugestão do secretário. Em declaração à agência Reuters, o vice-ministro das Finanças da Rússia, Dmitry Pankin, por exemplo, advertiu que nada conseguirá andar enquanto os Estados Unidos não cortarem seu rombo orçamentário e o seu banco central (o Federal Reserve) não voltar a apertar os juros.
Mesmo em final de mandato, o governo federal parece ter finalmente entendido que, nessa guerra cambial, a China não é o principal inimigo, mas sim os Estados Unidos, que vêm inundando os mercados, especialmente o brasileiro, com dólares emitidos a partir do nada, derrubando a competitividade do produto nacional.

O ministro Guido Mantega contou que, na conversa telefônica que teve ontem com Geithner, ele assegurou que a política dos Estados Unidos não é de desvalorização, mas de valorização do dólar. Geithner pode estar sendo sincero, mas, em termos práticos, há dois anos acontece o contrário: a moeda americana não para de cair, o que puxa a cotação das outras moedas (inclusive a do real), das commodities e do ouro.

Enfim, este é o clima que permeia a reunião do G-20 que começa hoje e se destina a preparar o encontro de cúpula de chefes de Estado, agendado para 11 e 12 de novembro, em Seul.
Celso Ming - O Estado de S.Paulo


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